Uma pequenina aldeia nos tempos antigos. Uma pequena cidade cercada por muros, como um presídio nos tempos atuais. Esta é Belém, a cidade onde
Jesus nasceu. Muito se fala sobre o que nela aconteceu, porém pouco sobre
o porquê Deus a escolheu. Não quero falar de pedras neste artigo, e sim
das pedras que falam nesta região.
A pequena Belém se localiza na parte alta da cadeia montanhosa que
percorre territórios palestinos e Israel. A sua posição geográfica a
coloca em uma posição estratégica: a sul o deserto do Neguev, lugar onde
viveu Abraão; a norte, Jerusalém e seus arredores, região cuja
vegetação aparece de forma discreta com poucas árvores e campos
cultivados; a oeste o Mar Morto, e a leste a planície costeira e o
Mar Mediterrâneo. O próprio lugar nos revela algo importante sobre a
cidade:
Belém: lugar de diversidade!
Um outro aspecto de Belém é o bíblico. Diversos momentos da história de
nossa Salvação se deram aqui: Raquel, a esposa de Jacó, deu a luz a
Benjamim e aqui foi sepultada (Gn 35,16.19); aqui também Rute viveu, ela
que foi abençoada por Deus (Rt 4,11-12), embora sendo de origem pagã,
dela nasce Jessé o pai do rei Davi. Nesta pequena aldeia o profeta Samuel
escolheu o pequeno Davi, pastor de ovelhas, para governar seu povo (1Sm
15). Duas outras profecias se dirigem a ela: “Mas tu, Belém-Efrata, tão
pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é
chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos
dias do longínquo passado. Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em
que der à luz aquela que há de dar à luz” (Mq 5,1-2). Esta profecia
está ligada a uma outra: “uma virgem conceberá e dará à luz um filho,
e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). As profecias se realizaram, pois em
Belém nasceu Jesus, descendente de Davi e Deus conosco.
Belém: terra de promessas!
Depois da ressurreição de Jesus, os fiéis cristãos preservaram a
memória do lugar onde Jesus nasceu, pois nasceu na casa dos familiares de
José que viviam em Belém. Sobre a rústica gruta foi construída um
esplêndido santuário pelo primeiro imperador cristão, Constantino e por
sua mãe Santa Helena. O imperador Justiniano o destruiu e sobre o local
construiu uma Basílica grande e suntuosa. No ano 614 os persas destruíram
quase todos os santuários da Terra Santa, mas pouparam a Basílica, pois
encontraram nela a figura persiana dos reis magos que veneraram o menino
Jesus. Muitas dificuldades os cristão sofreram nos séculos seguintes com
a invasão muçulmana por Saladino e depois pelos Turcos. Mas algo nos
impressiona: embora padecendo os cristãos de Belém nunca a abandonaram.
Belém: lugar da perseverança!
Em nossos dias o sofrimento ainda permanece. No lugar onde nasceu o
Príncipe da Paz prevalece os muros que separam o povo palestino composto de cristãos e muçulmanos de Israel. Vivem tremendas dificuldades econômicas
e morais, pois se trata de uma cidade cercada de muros, como se fosse um
presídio a céu aberto. Muitos já foram embora, devido a essas
dificuldades. Porém muitos desejam continuar na esperança de que um dia
tudo termine.
Belém: lugar de esperança!
Belém é também lugar de contradição. Aqui Deus se faz homem, a alegria
do nascimento prepara o horror da Cruz, e esta Cruz divide o mundo. Muitos
escolhem o ódio e poucos o amor. O amor permanece na história que segue
em frente rumo ao cumprimento da profecia: “Eis que este menino está
destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,34).
Depois de descobrir tudo isso: o que Belém diz para você, qual escolha
ela o motiva a tomar?”
Texto: Leandro César, membro da Comunidade Canção Nova.