Lêonia: a Pequena Violeta
Era uma vez uma menina chamada Leônia. Ela era, nada mais, nada menos, que a irmã de Santa Teresinha do Menino Jesus e filha de Santa Zélia e São Louis Martin. Então você pode imaginar que ela deveria ser tão doce, educada e inteligente,como sua irmã Teresinha… Só que não. As vezes nem Leônia entendia Leônia… Maria, Paulina, Celina e Teresinha eram lindas e inteligentes, mas Leônia cresceu pouco, não era bonita e não conseguia aprender nada na escola, tipo: “matemática”… O que é isso??? E para piorar a situação tinha aquelas feridas na pele que voltavam e voltavam e nada curava, para irritar e Leônia estava sempre irritada. As vezes sentia prazer em desobedecer, provocar o cachorro do vizinho até o pobre se esgoelar em latidos, subir em uma pirâmide de cadeiras para pegar os biscoitos proibidos, sem pensar nas consequências: mais de uma vez alguns galos na cabeça e até alguns pontos. Foi expulsa da escola três vezes por mal comportamento. Santa Zélia chegou a dizer: “Não consigo entender seu caráter; os sábios mais sábios estariam fora de seu alcance com ela. Mas espero que algum dia uma boa semente brote naquele solo.” O que mais se ouvia na boca das irmãs sobre Leônia era: “Pobre Leônia!” Mas Leônia tinha bom coração, ela não invejava a beleza e a inteligência das irmãs, disse uma vez ser uma “violeta entre rosas”. Ela sofria por fazer a mãe sofrer, sempre se arrependia e pedia desculpas, prometia ser boa… Só que esquecia o que tinha prometido rapidinho. Leônia, não parecia muito piedosa como as irmãs, porque se distraia nas orações e não tinha muita paciência, mas na verdade, do seu jeito, amava muito Jesus. Ela tinha um sonho: ser uma religiosa como a tia. Zélia tinha uma irmã freira, era muito boa e amada de suas sobrinhas. Estava muito doente. Quando Leônia tinha 13 anos, sabendo que a tia ia morrer logo, escreveu: “Minha querida tia, quando estiver no céu, peça ao bom Deus que me conceda a graça de me converter, e também que me dê a vocação de me tornar uma verdadeira freira, porque penso nisso todos os dias.” Perguntaram a Leônia porque “verdadeira” freira e não só uma freira. Ela explicou: “Uma freira completamente boa e finalmente ser uma santa.” Então veio a terrível notícia: Zélia estava com câncer, tinha pouco tempo de vida. Ela não se preocupava pelas filhas mais velhas, Maria e Paulina, que eram educadas e responsáveis, nem pelas filhas mais novas, Celina e Teresinha, obediente se piedosas… Era a filha do meio que preocupava: Leônia. Tinha pouco tempo para lhe ensinar o catecismo para que Leônia, ao menos, fizesse a Primeira Comunhão. Zélia se empenhou nisso com todas as suas últimas forças e foi a Lourdes pedir duas coisas à Nossa Senhora: sua cura e por Leônia. Zélia escreveu: “Pretendo levar Leônia e lavar sua testa com a água milagrosa para que a Santa Virgem abra sua inteligência”.
Apos a morte da mãe, com ajuda de suas irmãs, em um novo colégio, finalmente conseguiu terminar seus estudos. Leônia podia ter dificuldades em aprender e em como fazer as coisas, mas também tinha uma grande qualidade: quando queria uma coisa, não importavam as dificuldades, lutava por conseguir. Foi assim que tentou ser freira. Entrou quatro vezes no Convento, duas não aguentou ficar, uma foi expulsa e só da última vez, pela intercessão de sua irmã Teresinha que já estava no Céu e a ajuda da Pequena Via” o caminho que SantaTeresinha ensinou para ser Santa, Leônia conseguiu ser fiel até o fim. No convento nunca teve cargos importantes, sempre auxiliava alguém, era muito metódica e perfeccionista, mas nada prática e meio atrapalhada… Mas era sensível ao sofrimento das outras irmãs, bondosa e amada por todas. Hoje sabemos que Leônia provavelmente era autista, que teve virtudes heróicas para vencer as suas dificuldades e sua vocação religiosa, por isso está em processo de beatificação e será a próxima integrante da família Martin a ser proclamada Santa… São Francisco de Sales, fundados da congregação onde Leônia finalmente conseguiu realizar sua vocação, a Visitação, disse: “Há muitas flores diferentes no jardim da Igreja.” Lêonia conseguiu ser o que queria: “Uma verdadeira freira: completamente boa e santa”. Leônia não entendia Leônia, mas ela se contentou em ser entendida por Jesus:
“Senti que Jesus me entendia, e isso me bastou para provar uma paz profunda.” (Irmã Françoise-Thèrèse – Leônia Martin – 2 de fevereiro de 1899).