Você sabia que muitos Santos foram poetas?
E por que estou falando disso agora?
Porque lembrei que, quando era adolescente, decorei uma poesia enooooooooooorme de Castro Alves para um Festival de Poesia.
Sabia que Castro Alves é um dos nossos mais queridos poetas brasileiros?!
Ele foi do movimento “abolicionista”: eles defendiam a libertação dos escravos.
Nessa mesma época, por todas as Igrejas, os sacerdotes e católicos praticantes aderiam ao movimento porque o Papa estava fazendo uma campanha no mundo inteiro pelo fim da escravidão.
Castro Alves também ajudava os escravos a fugirem e os escondia. Ele escreveu a famosa poesia chamada “O Navio Negreiro” que não dá pra ler sem chorar… Veja essa parte…
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ontem: a Serra Leoa, a guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa sob as tendas d’amplidão!
Hoje: o porão negro, fundo, infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar… E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado e o baque de um corpo ao mar…
Ontem plena liberdade, a vontade por poder…
Hoje… cúmulo de maldade, nem são livres para morrer…”
Essa negócio de poesia não é pra todo mundo.
Mas tem uns amigos de Deus que mandavam muito bem como poetas…
“Mas ainda que juntemos
todos os rios e mares,
não haverá lágrimas
suficientes para chorar
a dor e o amor
de meu Senhor crucificado.
Quisera ter as asas invencíveis
de uma águia para atravessar
as cordilheiras e gritar
sobre as cidades:
O Amor não é amado!
O Amor não é amado!”
Tipo Santa Teresinha do Menino Jesus:
Na calma da madrugada
ouve-se uma matracada,
Depois outras, outras mais…
Levanta-te ó Carmelita
Olha quanta gente aflita
nas prisões, nos hospitais…
Os missionários sobem ao altar,
os operários vão acordar…
Dê-lhes coragem, dê-lhes vigor, qual doce aragem o teu amor.”
Tipo Santa Teresa Juliana… Ela foi uma princesa africana, seu nome era Tshikaba. Foi raptada e levada para a corte dos reis da Espanha. Se tornou a primeira escritora ibero-africana da história. Uma “palinha” do seu primeiro poema em espanhol (não traduzi, porque perde a brincadeira com as palavras que ela fez):
Aih, Jesús, donde te has ido,
que un instante no puedo verme sin tigo
Aih Jesús de mi alma, donde te has ido,
que parece que no vienes y te has perdido
Aih Jesús, qué diré yo,
si os vais con otras, qué haré yo:
Clamaré, lloraré hasta ver a Dios,
y si no, y si no, morir de amor.
Quer saber mais sobre Tshikaba, a santa princesa africana? Então curta eu e o Piné contando a história dela…