Homens já nascem prontos

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A frase acima já iludiu e continua a iludir muitos homens que ainda não se perceberam ou se reconheceram em processo de feitura.

É isso mesmo, ser homem é um processo no sentido de tornar-se, e isso começa já na fase embrionária. Claro, no momento da fecundação já existe a determinação genética, se o Y estiver presente, afinal, a mulher possui somente um tipo de cromossomo que é o feminino (XX) então aqui já sabe, será um menino!

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Mas no processo de desenvolvimento físico/fenotípico do embrião, a formação das gônadas tende a seguir o desenvolvimento dos ovários e isso só não ocorrerá se houver um esforço químico mediado pelo cromossomo Y, que ativamente desvia o processo para o desenvolvimento dos testículos. Para que surja o que é próprio do homem, é preciso uma intervenção, uma atividade, um esforço, caso contrário… será menina.

E a saga continua. Psicologicamente isso também é verdadeiro. Tanto o menino quanto a menina são cuidados mais intensamente pela mãe, primeiramente durante a gestação, depois por todos os meses da amamentação, sem contar as tias da creche, do colégio, avós, etc. Para as meninas, basta a passiva convivência com a mãe para que se identifiquem com o ser feminino. Mas e o menino? La vem o esforço!

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O menino precisará fazer força, entrar em atividade para se afastar do mundo da mãe e se desenvolver também psicologicamente como homem. Por isso a figura de outro homem é tão necessária. E será esse homem que trará a validação para o garoto, essa referência que irá iniciá-lo na grande jornada masculina, sobretudo pelo exemplo. Mas hoje estamos carentes dessa referência, o que encontramos são meninos em corpos de homens, querendo ensinar esses garotos a se comportarem como homem, sem ao menos ter uma noção de como é isso. Surge então a frase que da título ao texto. Não sabendo como fazer, é melhor dizer que já nascemos prontos.

Essa história tem dificultado e muito nossas vidas. Se estivermos prontos, não há a necessidade de esforço, e sem esforço não há maturação em nossa masculinidade. A passividade não se encaixa no perfil masculino. Estamos prontos pra tudo e todos, “não negamos fogo” não temos medo, nem há em nós a necessidade de ajuda. O que não percebemos é que essa falácia traz em sua subjetividade a insegurança.

No fundo não sabemos como nos comportar e isso tem causado imenso desequilíbrio. Por mais “machão” que o cara possa se sentir, ainda há nele um menino tentando se validar, o abandono do esforço atrofiou o processo de maturação de sua masculinidade. Surgem as falsas masculinidades como: Homem não chora; castidade não foi feita pra homens; homem que é homem pega todas; não foge da briga; não leva desaforo para casa; entre outros.

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Precisamos tomar consciência de que não nascemos prontos, de que há muito em nós que precisa ser trabalhado, precisamos retomar o esforço necessário para tornarmos homens empenhados nessa luta. Ser homem é sacrifício. Os não termos medo de nada é o que dizem, mas se formos sinceros e tivermos coragem e olhar pra dentro de nós, descobriremos que o nosso maior medo é nos tornarmos homens de verdade.

Peçamos a Deus a graça de caminhar nessa verdade e como o salmista pedir:

“O Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, eterna é a vossa bondade: não abandoneis a obra de vossas mãos”. Sl 137,8.

Deus abençoe!

Marcelo Moraes
Comunidade Canção Nova