O trecho do evangelho deste Domingo é conhecido e muito preocupante no dia de hoje. Vemos que Jesus está no templo e seus discípulos trazem até ele uma mulher que foi surpreendida em flagrante adultério: “’Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?’” (cf Jo 8,4).
A mulher é colocada ao meio e todos os olhares dos que ali estão são voltados para ela. São olhares de reprovação e exclusão. Qual é a capacidade do olhar humano? É enxergar o que está fora. Vejamos nós não conseguimos enxergar o que temos dentro do nosso próprio corpo, mas sim observar, mesmo que em frente ao espelho, enxergar o que está fora.
Quando Jesus se dirige aos discípulos e diz: ‘Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.’ Ele fez com que eles olhassem para eles mesmos. As palavras de Jesus são espelhos para eles.
Se para ver a si mesmo precisa de espelho, é a palavra de Jesus que é o espelho para que o ser humano olhe para ele mesmo. Quando isso acontece, passamos enxergar o que realmente somos.
O que Jesus fez? Não foi apenas uma mudança no olhar, mas fez com que eles saíssem da margem e viesse para o meio. O “meio” que me refiro aqui é o estar no meio. No fundo, reconheceram que em vez de lançar as pedras sobre a mulher, deveriam se colocar no lugar dela. Jesus simplesmente diz: “você é semelhante a esta mulher”. Se você comete pecado, você assume o lugar dela.
Nós nos tornamos juízes uns dos outros. Algumas pessoas dizem que julgam muito. Eu digo para vocês, não parem de julgar. Mas que em vez de julgar o próximo, julgue a si mesmo e aos teus atos. Precisamos aprender que o número de julgamentos que faço para o outro, do mesmo modo preciso fazer sobre mim mesmo. Nossos olhos estão voltados mais para o exterior do que para nossas próprias atitudes.
Não adianta você apontar para o pecado do outro. Nós devemos olhar para a Palavra de Deus e pôr ela em prática. Muitas vezes, sabemos do erro, mas ainda caímos nele. Começamos, pois, a olharmos para nossas atitudes.
“E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?’ Ela respondeu: ‘Ninguém, Senhor.’ Então Jesus lhe disse: ‘Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais.’ (cf Jo 8, 9-11).
Ao perguntar a aquela mulher sobre a sua condenação, Jesus devolve a ela a capacidade de perceber a nova oportunidade que teve. Deu a ela consciência de que a salvação tornou-se, para ela, possível. Aos olhos daqueles homens, ela já estava condenada.
No Antigo Testamento, todo pecado contra a vida é passível de morte, ou seja, para aqueles homens, o fato daquela mulher estar no pecado do adultério, a levava a condenação. Era um olhar voltado para a morte.
Jesus não condena aquela mulher, mas lhe devolve a vida e a ordena a não pecar mais. Amados, aquela mulher está à beira da morte e conseguiu viver novamente. Jesus a salvou.
O pecado é a morte para o ser humano. É um caminho que nos leva a morte. Precisamos estar atentos às situações que nos leva a pecar, pois este, vem sempre disfarçado de coisa boa.
Quantas vezes, usamos e até mesmo cuidamos dos pecados de estimação. Viemos em meio a um cemitério e achamos que estamos num belo jardim. Amados, Jesus nos alerta: o mais importante de tudo é Ele. Não adianta você sair deste encontro e continuar com seus pecados de sempre. Devemos ficar com aquilo que o Senhor disse àquela mulher: “Vai e não peques mais”.
não faça do pecado um projeto devida. Pecou, levanta e saia do túmulo. Busque uma conversão de vida. O grande mal não é não pecar, mas sim quando nos acostumamos com o pecado e com o cemitério que vivemos.
Não admita a morte em sua vida!
Transcrição e adaptação: Luana Oliveira
Ouça o áudio desta homilia, na íntegra: