Quando não se pode gerar um filho, realize seu sonho de ser mãe com a Adoção
De repente a rotina mensal é quebrada, surgem enjoos recorrentes e indisposições. Os sintomas são claros, não é um resfriado ou uma virose. Depois de um teste hormonal a gravidez é constatada. Mas, não é toda mãe que terá a experiência de sentir a barriga aumentar e dar a luz a um filho. A impossibilidade biológica do casal de gerar uma vida não é razão suficiente para impedir a família de ter uma criança. Todo ano, no segundo domingo do mês de maio, indiferente de outras casas, milhares de mulheres comemoram o Dia das Mães junto aos seus filhos adotivos.
A bióloga Junara Viana de Oliveira e seu esposo precisaram encarar esta realidade. “Quando descobrimos que não poderíamos gerar filhos biológicos foi um baque para nós. Porém, em momento algum eu me revoltei ou fiquei triste por isso. Graças a Deus eu consegui enxergar imediatamente uma outra maneira de viver a graça da maternidade em mim”. Já a pedagoga Cristiane Maria Victal de Pádua teve uma reação diferente: Não me abalei. Deus é perfeito, e tudo que Ele faz é digno de louvor. Eu sempre acalentei em mim a ideia de ter um filho, alguém para me chamar mamãe, mas nunca tive fixação em momentos como estar grávida, ver a barriga crescer. Não que eu nunca tenha desejado, mas é como se Deus estivesse me preparando desde sempre para o que eu teria que enfrentar”.
Estas mulheres realizaram o sonho de ser mãe através da adoção. Afirmam sentir um amor incondicional pelos filhos. Junara não foi a primeira pessoa da família a adotar uma criança. Ela tem uma irmã adotiva, que sempre recebeu da mãe o mesmo tratamento dado aos filhos biológicos. Cristiane presenciou seu instinto de mãe por meio de um telefonema, quando foi avisada sobre a possibilidade de conhecer um recém-nascido, com 26 dias de vida. Seria um encontro sem compromisso. Diz Cristiane: “Na hora pensei, como é isso? Alguém me liga dizendo que meu filho nasceu e eu posso conhecê-lo sem compromisso? Nesta hora eu comecei a me sentir mãe.”
Amar alguém como filho, mesmo tendo sido gerado por outra pessoa, é totalmente possível. A psicóloga Renata Borja explica que a relação afetiva não se estabelece pelo vinculo biológico, mas sim pela motivação e abertura da mãe ao amor. De acordo com a hipótese cognitiva os pensamentos exercem uma primazia sobre as emoções e comportamentos. Sendo assim, sentem aquilo que pensam. “Uma mãe mesmo que não biológica pode amar, quando deseja muito ter a oportunidade de cuidar de uma criança e cultiva pensamentos positivos, sejam eles através de frases ou imagens, como por exemplo, imaginam segurando uma criança no colo, brincando, cria expectativas positivas pensando que essa criança será uma companheira. Por outro lado, uma mãe biológica pode apresentar dificuldades em amar e estabelecer um vínculo afetivo com a criança se, durante a gestação ou em outros momentos, ela entender que essa criança será um estorvo”, explica a psicóloga.
Uma proposta para a criação do Dia Nacional da Mãe Adotiva, que seria comemorado no terceiro domingo de maio, chegou a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), que aprovou o projeto e encaminhou para o senado. Mas a ideia não avançou, pois as mães adotivas entrevistadas acharam esta medida desnecessária. “Basta um dia, mãe que é mãe de verdade, comemora no segundo domingo do mês de maio”, afirmou Junara. A pedagoga Cristiane completa: “O ato de adotar não pode ser encarado como beneficência, como caridade. Depois que tivemos o João Henrique percebo olhares como que dizendo: Nossa! Que bem que você fez a ele! Não é assim. Não adotamos uma criança para fazer um bem à sociedade. Adotamos uma criança para sermos pais, para permitir a ela que tenha uma família, um lar”.
Neste domingo, dia 13 de maio de 2012, data em que se lembra a aparição de Nossa Senhora de Fátima, milhares de mães, sejam elas adotivas ou não, poderão junto aos seus filhos comemorar o dom materno.
Enrico Delavia