Fui surpreendida
Por um homem
Com traços parecidos com o do meu pai
Hoje entendo que o ônibus pra mim
É o “palco” da vida de muitas pessoas
E para quem um dia participa deste palco escolhe entrar na correria,
ou permite descansar o olhar. Eu me permiti indo ao centro de Curitiba…
Ali encontro inúmeros rostos e expressões
Que falam do desalento a alegria
Do contentamento ao descontentamento
Estando no ônibus
Olhando um senhor
Ele tinha traços do meu pai
Logo meu olhar descansou ali
Meu pai nos seus 60 anos…
O cansaço aparente
As mãos gastas do trabalho
O toque no rosto
O jeito de mexer com as mãos
Tinha momentos de tão surpreendida
Que preferia não olhar…mas era um pouco dele fora de mim…
Lidar com o sentimento
Quando a presença física
Já não esta neste tempo
Está na eternidade
Só me fez retratar que meu pai
Não está vivo fora de mim
Mas está dentro de mim
Eternizar e não ter medo de relembrar… Isso só eh possível
quando consegui contemplar no meu pai, os seus momentos na nossa vida.
Se no dia a dia tudo fosse correndo, eu não conseguiria eternizá-lo …
Porque os traços do meu pai , nunca seriam importantes pra mim..
Aprendi que uma pausa às vezes,
vai fazer manter vivo
uma presença que não ocupa este tempo
Mas que dá alegria relembrar…
Porque ele era o meu Pai
Darlene Cristina
Comunidade Canção Nova