ESTAMOS DIANTE DE UM RENASCIMENTO CRISTÃO

 

 

         O conhecido antropólogo René Girard, francês, acha que sim. Ele é um dos intelectuais mais influentes da cultura contemporânea; foi recentemente eleito entre os quarenta «imortais» da Academia Francesa, e sustenta que nos encaminhamos para um renascimento cristão.          Girard publicou recentemente um livro em italiano, «Verità o fede debole. Dialogo su cristianesimo e relativismo» («Verdade ou fé fraca. Diálogo sobre cristianismo e relativismo»), da editora Transeuropa, onde afirma que: «viveremos em um mundo que será e aparecerá tão cristão como nos parece científico hoje em dia». Disse ele: «Creio que estamos nas vésperas de uma revolução em nossa cultura que vai muito além de qualquer expectativa, e que o mundo está deslizando para uma mudança em relação a qual o Renascimento não nos parecerá nada». (Zenit. org; Roma, 12 dez 06)O livro de Girard resume dez anos de encontros entre o pensador francês e o professor italiano Gianni Vattimo, teórico do chamado «pensamento fraco», sobre alguns dos temas que se converteram em objeto de aceso debate nas últimas décadas: a fé, a laicidade, as raízes cristãs, o papel da mensagem evangélica na história da humanidade, o relativismo, o problema da violência, o desafio da razão, etc. É relevante que diante de um mundo cada vez mais anti cristão e avesso ao sagrado, surja um nome de tanta expressão mostrando que por fim, triunfará mais uma vez o cristianismo. Não podemos nos esquecer de que quando a civilização ocidental parecia sucumbir pela invasão dos bárbaros no século V (ostrogodos, visigodos, alamanos, francos, hunos, etc), e depois no século X (normandos ou vikings, húngaros, muçulmanos, etc), a única Instituição que restou de pé foi a Igreja católica, que reconstruiu a civilização ocidental. Hoje, guardadas as devidas proporções, o mundo moderno parece perder novamente a bússola que lhe indica o sentido da vida e do mundo, e navega sem rumo e sem destino. Aquilo que há alguns anos era vergonha para a humanidade: aborto, eutanásia, clonagem humana, inseminação artificial, camisinha, etc…, hoje são colocadas como “soluções” para os problemas.Mais uma vez caberá a Igreja reapontar o caminho da verdade  a este mundo mergulhado no relativismo moral e religioso.O antropólogo francês defende em seu livro que «a religião vence a filosofia e a supera. As filosofias estão, de fato, quase mortas. As ideologias estão praticamente falecidas, as teorias políticas estão quase totalmente acabadas; a confiança no fato de que a ciência possa substituir a religião está já superada. E no mundo há uma nova necessidade de religião». Girard mostra com profundidade o fracasso e o vazio do relativismo moral: «Não posso ser relativista» porque «penso que o relativismo de nossos dias é o produto do fracasso da antropologia moderna, da tentativa de resolver os problemas ligados à diversidade das culturas humanas. A antropologia fracassou porque não conseguiu explicar as diversas culturas humanas como um fenômeno unitário, e por isso estamos empantanados no relativismo». Segundo o antropólogo, «o cristianismo é uma revelação do amor» mas também «uma revelação da verdade» porque «no cristianismo, verdade e amor coincidem e são a mesma coisa». O professor francês explica o «conceito do amor» que no cristianismo é «a reabilitação da vítima acusada injustamente, é a própria verdade, a verdade antropológica e a verdade cristã». Frente às petições de Vattimo de justificar o aborto e a eutanásia assim como as relações homossexuais, Girard sublinha que «há um âmbito de conduta humana que Vattimo não mencionou: a moral» e explica que «nos Dez mandamentos se entende uma noção de moralidade» na qual está implícita a noção de caridade. Girard responde a Vattimo — que sugere um «cristianismo hedonista» — que se nos deixamos levar, abandonando todos os escrúpulos, existe a possibilidade de cada um acabar por poder fazer o que quer». O antropólogo francês critica o «mundo politicamente correto» que considera «a tradição judeu-cristã como a única tradição impura, enquanto todas as demais estão isentas de qualquer possível crítica». Aos defensores do “politicamente correto”, Girard recorda que «a religião cristã não pode nem sequer ser mencionada em certos ambientes, ou se pode falar dela só para tê-la sob controle, para confiná-la, fazendo crer que ela seja a primeira e única responsável do horror que o mundo atual atravessa». Sobre o niilismo moral que parece penetrar na sociedade moderna, Girard conclui que «em vez de aproximar-se de qualquer forma de niilismo, afirmando que não existe nenhuma verdade, como fazem determinados filósofos», é preciso «voltar à antropologia, à psicologia, e estudar as relações humanas melhor do que se fez até agora». É bom vermos levantar a voz de um grande intelectual em defesa da fé e da moral, contra a “ditadura do relativismo”, tão combatida pelo Papa atual. 


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino