Quem tem acompanhado o que se passa na Venezuela, sabe que a Conferência dos Bispos daquele país está preocupada com o governo Chaves, e tem se manifestado contra muitas coisas. A Assembléia Nacional da Venezuela, reunida em praça pública, em clima de populismo, concedeu ao presidente Hugo Chávez amplos poderes, dando-lhe total liberdade durante dezoito meses para fazer o que quiser em onze áreas do governo – desde a decisão sobre como gastar o dinheiro público até o direito de mobilizar as Forças Armadas, sob seu comando, a qualquer instante e por qualquer pretexto. Chaves vai governar por decreto. De fato acabou a democracia na Venezuela, e o que existe é um ditador que governa sem Parlamento e sem Judiciário. Foi exatamente o que aconteceu em 1933, com Adolf Hitler na Alemanha; assim foi construída a ditadura nazista na Alemanha. O que ela gerou todos sabemos. A popularidade de Chaves está sustentada pelos lucros da exportação de petróleo; mas o valor do barril está em queda há meses, e, se faltar dinheiro para bancar sua política assistencialista, através da qual “conquista” o povo, talvez possa haver insatisfação popular. Agora Chávez quer usar os poderes para reformar a Constituição – aquela mesma que ele escreveu para dominar o Legislativo e o Judiciário. O objetivo agora é acrescentar o direito de ser reeleito quantas vezes quiser. Chávez marcou para o próximo 1º de maio a estatização de todas as instalações petrolíferas do Rio Orinoco. As empresas americanas, francesas, norueguesas e inglesas que atualmente operam na região terão uma participação minoritária nas refinarias.Por outro lado Chaves está se armando até os dentes. A Venezuela já possui nove submarinos russos; e as compras de material bélico ultrapassam a casa dos 3 bilhões de dólares. O que mais impressiona é a velocidade do aumento das despesas com material de guerra. Entre 2005 e 2006, o orçamento de defesa da Venezuela subiu 33% (o da Colombia, para comparação, subiu menos de 10%, e os de Chile e Argentina quase nada). Ele comprou 100 mil fuzis AK-47, um tipo pouco usado nas Américas (a não ser por Cuba e os narco-guerrilheiros das Farc), incluindo uma fábrica de munição. Circulam com muita insistência informações de que parte dos 100 mil fuzis automáticos leves que serão substituídos pelas AK-47 estariam indo para a Bolívia.O material bélico comprado pela Venezuela incluiu sistemas de defesa antiaérea, navios patrulha, os tais submarinos russos mas, principalmente, os caças russos Sukhoi-35, um avião de combate sem similares nas forças aéreas latino-americanas. O que mais impressiona nessa máquina, desenhada para competir com os F-15 e F-18 americanos, é a autonomia: 3.400 quilômetros. Em termos de equipamento eletrônico a bordo, não há nada na América do Sul capaz de rivalizar.O que Chaves gasta com armas faz falta em muitos setores na Venezuela, e fará mais falta ainda com os preços do petróleo estabilizando-se em torno de 50 dólares o barril (uma queda de mais de 30% nos últimos seis meses). Parte dos aviões de combate venezuelanos será modernizada pelo Irã, segundo Roberto Godoy. Ao trazer os iranianos e os vendedores russos para cá, Chávez o faz principalmente como provocação aos Estados Unidos. O que isto pode gerar para a América Latina? Os militares brasileiros estão dizendo que ele está trazendo para nosso hemisfério conflitos que aqui não existem. E que nem nos interessam. Nesse sentido, as armas de Chávez são profundamente perturbadoras. (William Waack).Os Bispos têm razão de estarem preocupados. Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7420,00.html
Prof. Felipe Aquino – 06 fev 2007