Aquecimento global

por Thomas Sowell em 28 de junho de 2006

Thomas Sowell é doutor em Economia pela Universidade de Chicago e autor de mais de uma dezena de livros e inúmeros artigos, abordando tópicos como teoria econômica clássica e ativismo judicial. Atualmente é colaborador do Hoover Institute.

Resumo: Nada é mais fácil do que criar modelos matemáticos para cenários catastróficos. Políticos e burocratas do governo têm tentado, por mais de uma década, vender o cenário apocalíptico do aquecimento global, fato que teria aumentado o poder de – você pode adivinhar? – políticos e burocratas.

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Um novo dogma político está sendo criado pela mídia. A “ciência”, dizem eles, provou que o aquecimento global é um perigo real e que os seres humanos são os responsáveis por ele, de forma que precisamos tomar decisões drásticas para reduzir o efeito estufa. Tem havido uma reação ampla a uma recente [de 2001] publicação da Academia Nacional de Ciências (NAS), que muitos na mídia têm usado como prova de que precisamos seguir as exigências drásticas dos acordos de Kioto, a fim de reduzir a ameaça do aquecimento global. Há muitos cientistas pesos-pesados envolvidos nas discussões do NAS sobre o aquecimento global. Mas, como o próprio relatório afirma claramente, esses cientistas não só não o escreveram, como nem o viram antes da publicação. Eles “não foram convidados a endossar as conclusões ou recomendações, nem viram a versão final do relatório antes de sua publicação”. É o máximo que se pode afirmar sobre a “ciência” ter “provado” a existência do aquecimento global e sua causa humana. Os cientistas foram usados de enfeites no relatório feito por autoridades governamentais. Além disso, mesmo esse relatório foi incapaz de construir uma unanimidade entre os cientistas sobre o assunto aquecimento global, apesar de alguns na mídia parecerem acreditar nisso. A bumba-meu-boi em direção a mudanças draconianas em nossa economia e em todo o “american way of life” exigido pelos acordos de Kioto é demasiadamente apropriado ao modo de pensar da “intelligentzia” em geral e à imprensa esquerdista
em particular. Qualquer coisa que requeira impor, por meio do governo, a sabedoria e virtude superior dessa classe à massa de bárbaros, tem uma recepção favorável. Nos anos 1970, a histeria era sobre o esfriamento global e os prospectos de uma nova era glacial. Um relatório daquela época, da Academia Nacional de Ciência, levou a revista Science a concluir em sua edição de 1º de março de 1975 que uma longa “era glacial é uma possibilidade real”. De acordo com a edição de 28 de abril de 1975 da Newsweek, “o clima da terra parece estar se resfriando”. Uma impressão de urgência era parte da histeria do esfriamento global de então, tanto quanto o é na histeria atual do aquecimento global. De acordo com a edição de fevereiro de 1973 da Science Digest, “quando o congelamento começar, será muito tarde”. Nada é mais fácil do que criar modelos matemáticos para cenários catastróficos. Políticos e burocratas do governo têm tentado, por mais de uma década, vender o cenário apocalíptico do aquecimento global, fato que teria aumentado o poder de – você pode adivinhar? – políticos e burocratas. Dentre os cientistas especialistas em clima e tempo, há muitas diferenças de opinião, refletindo a complexidade e a incerteza da massa de dados disponível. Dentre os proeminentes cientistas que não acompanham a histeria do aquecimento global estão Richard S. Lindzen, professor de meteorologia no MIT, e Dr. S. Fred Singer, criador do sistema americano de satélites meteorológicos e cujo livro “Hot Talk, Cold Science” (algo como, “Nariz em pé, ciência deitada”) é leitura obrigatória para quem deseja fatos científicos em vez de pânico político. Apesar de o Professor Lindzen ser um dos grandes nomes listados do relatório da Academia Nacional de Ciências, ele não concorda com a histeria do aquecimento global. Como ele nota, “o clima está sempre mudando”. Fatores inumeráveis mudam a temperatura e muitos desses fatores, tais como o calor emitido pelo Sol em diferentes eras, estão além do controle dos seres humanos. Certos gases, tal como o dióxido de carbono, têm o potencial de afetar a temperatura mas é coisa completamente diferente dizer que um particular aumento de temperatura, durante uma era particular, é necessariamente devido ao “efeito estufa”. A maior parte do aumento de temperatura do século passado ocorreu antes da II Grande Guerra – antes, também, do grande aumento das emissões atuais de dióxido de carbono. O próprio relatório da Academia Nacional de Ciência pisa em ovos quando toca no fato de que ocasiões de aumento de temperatura não coincidem como os de aumento dos gases do efeito estufa. Como ele coloca: “As causas dessas irregularidades e disparidades [não simultaneidade das ocorrências dos dois efeitos] não são compreendidas completamente”. Mesmo que atrofiássemos nossa economia, adotando os passos radicais propostos nos acordos de Kioto, isso “não resultaria numa substancial redução do aquecimento global”, de acordo com Professor Lindzen. Ele lamenta o uso da ciência “como fonte de autoridade para nocautear oponentes políticos e enganar cidadãos desinformados”. Infelizmente, muitos desses cidadãos desinformados são profissionais da mídia.


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino