As causas da triste catástrofe de Congonhas

As revistas Veja, Época e outras publicaram amplas matérias sobre o acidente do avião da TAM em Congonhas, onde morreram cerca de 200 pessoas. A imprensa desde o começo falou em “tragédia anunciada”, o que de fato parece se confirmar com as reportagens de várias fontes.  Um artigo assinado pelo correspondente do jornal britânico “Financial Times” no Brasil, Jonathan Wheatley, critica duramente a resposta do governo brasileiro ao acidente envolvendo o avião da TAM e diz que foi um “desastre envolvido em farsa”, e diz que “é difícil decidir qual das ações do governo após o pior desastre da história da aviação brasileira é mais representativa da incompetência de sua resposta a uma crise que já durava pelo menos dez meses”. O artigo fala ainda do fato de os diretores da ANAC, a “Agência Nacional de Aviação Civil”, terem sido condecorados “quando deveriam receber reprimendas ou as demissões que merecem” e comenta ainda o episódio da filmagem que registrou o momento em que o assessor especial da presidência Marco Aurélio Garcia comemorava a notícia de um possível problema mecânico na aeronave, com gestos obscenos.
         A conclusão do correspondente é que “qualquer que seja a causa do acidente, ele era uma tragédia esperando para acontecer”. E termina dizendo que: “A extrema necessidade de um governo mais eficiente no Brasil nunca esteve tão clara.” (BBC Brasil. Com 23. 07.2007). 

Esta visão do jornalista do “Financial Times” se confirma amplamente. A incompetência do governo permitiu que a tragédia acontecesse. A revista “Veja” (ed. 2018) afirma entre muitas acusações que: “O Presidente Lula hesita há dez meses em demitir os responsáveis pelo acidente da Gol e se mostra alheio à falência do sistema aéreo brasileiro”. Será porque os que recebem o Bolsa-Família não usam avião?“O ministro da Defesa Valdir Pires é o símbolo do caos”.“O presidente da Infraero José Carlos Pereira não tem poder de mando dentro da estatal e pilota no automático um antro de corrupção e ineficiência”. “Milton Zuanazzi, o presidente da ANAC, não sabe diferenciar uma turbina de uma hélice e não fiscaliza nada, principalmente as empresas aéreas, que operam sem ser importunadas pelo governo” (pg. 83). E mais, diz a Revista: “Eleuza Lores, acusada de corrupção pelo Ministério Público, a diretora de engenharia da Infraero, permanece no cargo, mesmo estando com os bens bloqueados pela Justiça há meses. É a responsável direta pelas reformas na pista do Aeroporto de Congonhas”. “Carlos Wilson, em vez de investir na segurança do sistema aéreo, o ex-presidente da Infraero optou por transformar aeroportos em Shopping centers. É acusado de desviar parte dos  bilhões que gastou”. Em outra matéria a Revista afirma-se que: “os pilotos apelidaram a pista principal de Congonhas de “Holiday on nice” (Férias sobre gelo). “Milton Zuanazzi, presidente da ANAC, fez carreira como secretário de Turismo no Rio Grande do Sul. A melhor credencial que ele tem para ocupar o cargo é a carteirinha do PT. Denise de Abreu, uma das diretoras da ANAC, era assessora jurídica de José Dirceu na Casa Civil. Outro diretor da ANAC, Leur Lomanto, é ligado a Geddel Vieira Lima, e alguns anos atrás foi acusado de negociar vantagens para se filiar ao PMDB”. (pg. 123) 

São tantas as acusações de ineficiência, negligência, corrupção, aparelhamento do Estado pelo governo, e outras coisas mais, que parece não haver dúvida sobre a realidade dos fatos apontados. O aparelhamento do Estado, isto é, a ocupação dos milhares de cargos de confiança do governo, por gente que não tem competência na área, mas tem cacife político e pertence ao partido do governo, parece ser a principal causa do apagão aéreo e outros graves problemas que o país vive.   Não foi sem razão que o Presidente foi vaiado seis vezes no Rio de Janeiro, na abertura do jogos do Pan; e nem mesmo conseguiu fazer o discurso de abertura.   Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br 


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino