Alguns teólogos e ativistas vinculados ao grupo “Ameríndia”, de linha marxista, e outras organizações no Brasil associadas à teologia da liberação denunciaram falsamente uma suposta “mudança” no texto conclusivo de Aparecida, que não foi a não ser a correção de dois parágrafos previamente introduzidos no documento sem o conhecimento da maioria dos bispos. (acidigital.com – São Paulo, 17.08.2007)A história, que chegou aos meios mediante um artigo publicado no Brasil pelo jornal “O Estado de São Paulo” e outro publicado pelo jornal socialista “El País” da Espanha, atribui ao Cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, então Presidente do CELAM, algumas mudanças em dois textos referidos às controvertidas Comunidades Eclesiásticas de Base (CEBs), que segundo “Ameríndia”, tinham sido “aprovados pelos bispos” e em seguida “modificados” na versão final do documento publicado com a autorização da Santa Sé. Mas a verdade é bem outra disso que vem dizendo a “Ameríndia”.
Em declarações à imprensa, o Cardeal Francisco Javier Errázuriz, Arcebispo de Santiago e Ex-presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), explicou que não existe nenhuma mudança contra a vontade dos bispos no documento de Aparecida, como vieram difundindo através da imprensa secular alguns grupos eclesiásticos. (acidigital.com – Santiago do Chile, 18.08.2007)
“O documento que levamos ao Papa, no dia 11 de junho, é o documento de Aparecida, Conferência que terminou em 31 de maio passado. Pode ser que tenha algumas correções, como de um ponto ou uma vírgula, coisas desse tipo podem ser; mas levamos ao Papa esse documento evidentemente”, explicou o Cardeal.
A verdade é que os dois parágrafos elogiosos sobre as CEBs, segundo a ACI, foram redigidos pelo grupo de teólogos da “Ameríndia” fora do seio da V Conferência, apresentados na plenária e rechaçados pelo voto maciço dos bispos.“Os parágrafos, entretanto, apareceram surpreendentemente na quarta e última versão, que os bispos tiveram que votar rapidamente no mesmo dia do encerramento”, disse a ACI.“Vários prelados, entretanto, indicaram ao Comitê de Redação a inclusão sub-reptícia dos parágrafos elogiosos às CEBs em que pese a que estes foram rechaçados pela votação dos bispos”.A advertência da mudança realizada contra a vontade da maioria de bispos reunidos em Aparecida, chegou à Santa Sé, onde se revisou o documento antes de autorizar sua publicação.Por exemplo, o número 179 da quarta redação, introduzido surpreendendo aos bispos, pretendia dar carta branca de ação às CEBs –muitas das quais se converteram em centros de doutrinação ideológica, segundo denúncia de alguns prelados em Aparecida– dizendo: “queremos decididamente reafirmar e dar novo impulso à vida e missão profética e santificadora das CEBs, no seguimento missionário de Jesus. Elas foram uma das grandes manifestações do espírito na igreja da América Latina e no Caribe depois do Vaticano II”.O texto infiltrado, foi modificado na Santa Sé –direito que o assiste–, eliminando as frases elogiosas sem limites às CEBs e acrescentando uma advertência legítima, em plena sintonia com o sentir da maioria de bispos que participaram de Aparecida: “Em seu esforço de corresponder aos desafios dos tempos atuais, as comunidades eclesiásticas de base cuidarão de não alterar o tesouro precioso da Tradição e do Magistério da Igreja”.Em geral, as modificações da Santa Sé, que não podem ser atribuídas ao Cardeal Errázuriz, moderam e equilibram o tom abertamente elogioso e prioritário que “Ameríndia” pretendia dar às CEBs, e que não correspondiam com a atual realidade das comunidades, mas sim com o projeto ideológico desta organização de teólogos e militantes.A Santa Sé, por exemplo, limitou-se a citar o documento de Puebla quando incluiu o seguinte texto ao número 179 do documento, para irritação dos líderes das CEBs e do grupo “Ameríndia”: “Puebla constatou que as pequenas comunidades, sobretudo as comunidades eclesiásticas de base, permitiram ao povo acessar um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho, ao surgimento de novos serviços laicos e à educação da fé dos adultos, entretanto também constatou ‘que não faltaram membros de comunidade ou comunidades inteiras que, atraídas por instituições puramente laicas ou radicalizadas ideologicamente, foram perdendo o sentido eclesiástico’” .”Não é de sentir saudades que o Cardeal Errázuriz, em uma carta enviada a seus sucessores no CELAM e citada pelo “O Estado de São Paulo”, assinale que “daríamos uma grande alegria ao demônio se nos ocupássemos tanto das mudanças que ocorreram no texto final, de forma que o mal-estar consiga eclipsar a maravilhosa experiência de Aparecida e suas grandes orientações pastorais”.O documento final de Aparecida, que “Ameríndia” e os líderes da teologia da liberação querem modificar novamente de acordo aos parágrafos que elaboraram na Casa São Canisio, que serviu de quartel geral durante a V Conferência, foi publicado com a aprovação do Papa, distribuído pelo CELAM e publicado por diversas casas editoriais para estar ao alcance do povo fiel da América Latina.Fica claro que esses teólogos ligados à teologia da libertação e CEBs, mais uma vez tentaram agitar o seio da Igreja com suas propostas que não se coadunam com o Magistério da Igreja. Leia o testemunho de um dos bispos brasileiros participantes na V Conferência Geral sobre as CEBs aqui: http://www.aciprensa.com/noticia.php?n=17058
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br