Uma resposta ao governador do Rio de Janeiro

“O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), pai de cinco filhos, defendeu a legalização do aborto como forma de conter a violência no Estado e afirmou que as taxas de fertilidade de mães faveladas são uma “fábrica de produzir marginal”.’ (Folha de São Paulo – 25 out 2007 – cotidiano). Lamentavelmente outros governadores e políticos pensam da mesma forma. 

De acordo com o Governador, parte das mães moradoras de áreas carentes “estão produzindo crianças, sem estrutura, sem conforto familiar e material”.

Recebi vários emails pedindo que desse uma resposta a esta proposta do Governador.

O mais lamentável de tudo na palavra do Governador é que ele diz: “Sou cristão, católico, mas que visão é essa? Esses atrasos são muito graves.” Isto foi o que mais me doeu.

É preciso dizer ao Governador que ele pode até ser católico, porque foi batizado na Igreja Católica, mas não está em comunhão com a Igreja. É um filho rebelde que precisa voltar ao seio da Igreja. Quem não obedece a Igreja não é católico de verdade. Jesus disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve a Mim ouve; quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que me enviou.” (Lc 10,26). Rejeitar a doutrina da Igreja é rejeitar Jesus Cristo e Deus Pai. 

É lamentável de todo a visão cega e pagã do Governador que não enxergar que o aborto é um crime. Se os seus cinco filhos, que hoje já nasceram, fossem abortados quando eram fetos, ele não os teria hoje. Se ele, graças a Deus não os abortou, por que agora convida os pobres favelados a abortarem os seus filhos? Então, a vida do pobre vale menos?   

Atraso Governador, é matar o próprio filho no ventre da mãe! Todos os que defendem o aborto já nasceram.

 Muitos infelizmente querem justificar o aborto como necessário para evitar ou solucionar problemas de ordem econômica ou social: fome, desemprego, baixo salário, moradia; motivos subjetivos da gestante (por exemplo: solteira ou, sendo casada, ter engravidado em um adultério; gravidez indesejada, estupro, etc.), e muitos outros motivos.      

Mas em qualquer situação é absurdo pretender solucionar os problemas mediante o aborto. Será que a morte pode ser solução para os problemas da vida? É um fracasso humano aceitar essa ótica desumana. Nem os animais fazem isto.  

Sabemos que não há solução fácil para um problema difícil. Propor o aborto para solucionar o problema social, é uma barbaridade; é uma “solução fácil” e irresponsável. Como podemos resolver os problemas da vida eliminando a vida? Que lógica é esta Governador? 

 Matar o ser humano no ventre da mãe jamais será uma solução correta e digna para resolver os problemas da humanidade. Os meios não justificam os fins; não se pode fazer o bem através do mal.  

As soluções para os difíceis problemas sociais ou pessoais, especialmente o combate ao crime, devem ser encontradas em providências governamentais, forte ação social, educação de base,  aliadas à participação privada, e muito mais.

Sr. Governador, propor o aborto para vencer o crime no Rio de Janeiro, ou em qualquer outro lugar, é dar um atestado de fracasso humano, de covardia diante da vida indefesa, de desrespeito ao ser humano em gestação; é falta gravíssima contra Deus, seu Criador.  

O crime se vence com educação dos jovens, emprego, promoção social, fortes programas de apoio à família, educação moral, cívica e religiosa,  polícia preparada, justiça rápida, etc., e não propor o aborto. Se Herodes tivesse conseguido matar Jesus, o que seria da humanidade? Conheço famílias numerosas, que criaram 10, 11 filhos  no campo, em situação de trabalho difícil, mas que não geraram marginais e não deixaram os filhos perecerem. Esses pais têm formação moral; amam seus filhos.  

O que precisamos é ensinar às adolescentes e jovens a viver o sexo somente no casamento, para que cada criança que vier a este mundo tenha um pai e uma mãe que o ame e o proteja para que amanhã ele não se torne um marginal. O nosso Brasil geme sob essas dores porque deixou quebrar a moral familiar, deixou que a instituição sagrada da família fosse destruída pelo divórcio, pelo “sexo livre” e tantas imoralidades. Há provas contundentes, inclusive dos Relatórios da ONU, que não é verdade que a fome seja devida à superpopulação. Os países ricos, porém, ao invés de partilhar seus benefícios  com os países pobres, e oferecer-lhes ajuda solidária, preferem impor-lhes controle da natalidade mediante contraceptivos, alguns dos quais abortivos, e mediante, também, esterilização.  

Na América Latina muitos governos sempre estiveram sob forte pressão para reduzir o crescimento populacional, como condição para receber empréstimos do exterior.  

A nossa sociedade tem sido, nos últimos tempos, atravessada por manifestações de grande contradição. De um lado, anuncia-se com júbilo o resgate de sobreviventes, depois de vários dias soterrados nos escombros de uma tragédia e noticia-se, com alegria, a descoberta de um bebê abandonado. A ciência genética abre novas esperanças à qualidade de vida e há já pais que congelam as células estaminais do cordão umbilical dos seus bebês. Mas simultaneamente ressuscita-se uma campanha violenta a favor da legalização do aborto. É uma enorme contradição; salvam-se as baleias e matam-se as crianças.   

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br 


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino