Declaração do presidente do CELAM Mais uma vez uma autoridade da Igreja, D. Damasceno, Arcebispo de Aparecida do Norte e atual Presidente do CELAM, desmente as acusações levianas o grupo Ameríndia, de orientação marxista, ligado à Teologia da Libertação, sobre mudanças no Documento do V CELAM, realizado em Aparecida do Norte. Esperamos que a autoridade competente da Igreja tome providências para responsabilizar esse grupo que agita a Igreja desta forma.
Prof. Felipe Aquino
APARECIDA, sexta-feira, 02 de novembro de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos a declaração assinada pelo arcebispo de Aparecida e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), Dom Raymundo Damasceno Assis, na qual esclarece como foram realizadas algumas mudanças de redação no Documento de Aparecida.* * *
Declaração do Presidente do CELAM sobre o documento de Aparecida
Um jornal brasileiro, com ampla repercussão na imprensa de outros países, publicou uma notícia desconcertante. Afirmou que «o documento votado em maio pela 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe foi adulterado pela Presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) antes de ser entregue ao Papa».
No mesmo artigo afirma que o texto «divulgado pelo Vaticano com a aprovação de Bento XVI contem mais 200 emendas feitas pelo cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz Ossa e pelo bispo argentino Andrés Stanovnik, respectivamente presidente e secretário-geral do Celam nesse então».
A atual presidência do Celam considerou, desde o primeiro momento, que a notícia divulgava afirmações erradas, com as quais afirmava à presidência anterior do Celam, que se distinguiu sempre por sua honestidade, sua transparência e seu espírito de comunhão. Depois de haver estudado cuidadosamente o caminho do Documento Conclusivo, possa dar fé, a ciência certa, do seguinte:
1. Depois de sua aprovação em Aparecida no dia 31 de maio, o Documento Conclusivo foi entregue à Secretaria Geral do Celam para a revisão usual neste tipo de documento. Mons. Stanovnik dá testemunho de que ela consistiu em corrigir falhas de digitação; erros gramaticais, de ortografia e pontuação; em melhorar o estilo e em localizar adequadamente vários Parágrafos que estavam fora de lugar, como também em homogeneizar a numeração dos Parágrafos, dando a alguns uma letra como subdivisão de um número; em corrigir erros nas citações de rodapé, e em melhorar a redação confusa de algum número.
2. Esta revisão gramatical e estilística do Documento Conclusivo foi realizada pela Secretaria Geral, sem alterar o conteúdo de nenhum parágrafo do texto aprovado pela Assembléia. Sua intenção e seu dever era respeitar integramente dito texto, consciente, além disso, de não ter atribuição alguma para modificá-lo.
3. O Documento Conclusivo foi entregue ao Santo Padre no dia 11 de junho em Roma pelos três Presidentes da Vª Conferência Geral. Em 11 de junho os três Presidentes da Conferência de Aparecida cessaram suas funções.
4. Os Sínodos dos Bispos e as Conferências Gerais do Episcopado trabalham em comunhão com o Santo Padre: «cum petro et sub petro». Por isso, lhe entregam suas conclusões de modo que o Papa as aprove ou autorize sua publicação. O Documento Conclusivo, conforme a prática habitual da Cúria Romana, foi distribuído aos diversos Dicastérios. Assim os Dicastérios podiam propor precisões que evitem ambigüidades, como também a citação de algum documento importante que trate a mesma matéria.
5. Em geral, os diversos retoques que recebeu o texto do Documento, ainda que numerosos, não mudaram o espírito do Documento, tampouco o significado original de suas reflexões teológicas nem de suas orientações pastorais. Tornaram mais clara e mais precisa uma redação que foi concluída sob a pressão do tempo disponível. Melhorou-se a leitura e a compreensão do texto, sem modificar seu sentido.
6. Uma menção especial deve ser feita aos Parágrafos acerca das Comunidades Eclesiais de Base. Na própria sala surgiu uma dúvida acerca de sua aprovação, quando se quis repor o texto da redação anterior. Segundo os peritos consultados em Roma, o número dos votos obtidos não foi suficiente para sua aprovação. Com efeito, o artigo 7,2 do Regulamento da Conferência Geral estipula que «para aprovar os textos conclusivos, são requeridos dois terços dos votos válidos dos votantes presentes», quantidade que os mencionados parágrafos não obtiveram.
7. Isso não obstante, a Comissão Pontifícia para a América Latina considerou que não se podia perder todo o rico conteúdo de ditos parágrafos. Interpretando a intenção da Assembléia, estimou que haveria dado dois terços dos votos aos parágrafos correspondentes, se estes houvessem sido levemente modificados, e se houvesse aparecido com clareza a continuidade do Documento de Puebla. Assim foi proposto ao Santo Padre que os incluísse no Documento Conclusivo.
Como pode se comprovar, as acusações feitas à Presidência anterior do Celam, particularmente a seu presidente e secretário, são gratuitas e injustas. Mais ainda, são ofensivas e difamatórias.
Graças a Deus, aqueles que estudam o Documento Conclusivo de Aparecida não reparam nos rumores difundidos, tão contrários ao espírito de comunhão da Assembléia. Acolhem-no com muita gratidão, como fruto de uma hora de graças de nossa Igreja na America Latina e no Caribe, como convite a rezar e colaborar com o Espírito Santo, para que nossa Igreja discípula e missionária, experimente o fogo de Pentecostes e seja fonte de vida em Cristo para nossos povos.
D. Raymundo Damasceno A.
Arcebispo de Aparecida
Presidente do CELAM