Sobre a nova encíclica do Papa.

Carta da Presidência da CNBB sobre a nova encíclica do Papa.  

A esperança cristã segundo o Papa Bento XVI 

“É na esperança que fomos salvos”. Com estas palavras, tiradas da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8,24), o Santo Padre Bento XVI inicia sua nova encíclica intitulada Spe Salvi (Salvos na esperança), publicada nesta sexta-feira, 30 de novembro, festa do apóstolo Santo André. 

Destinada a toda a Igreja, a nova carta do Santo Padre vem chamar nossa atenção para a esperança cristã, razão que não falha, posto que baseada na Palavra do Deus fiel que nos redime. “A redenção nos é oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente”, escreve o papa. 

Spe Salvi responde, basicamente, a duas perguntas: em que consiste esta esperança que é redenção e o que podemos esperar? Nesse sentido, o Santo Padre lembra, em primeiro lugar, que a fé, adquirida no Batismo, é o fundamento da esperança. Ela “confere uma nova base, um novo fundamento, sobre o qual o homem pode se apoiar e, conseqüentemente, o fundamento habitual, ou seja, a riqueza material, relativiza-se”. 

Em segundo lugar, a encíclica recorda-nos que o objeto principal de nossa esperança é a vida eterna, um desejo que nasce da fé.  Diante das muitas esperanças sobre as quais construímos nossa vida, é preciso perceber que só Deus é a “grande esperança” e que “o homem tem necessidade de Deus; do contrário, fica privado de esperança”. 

O Sumo Pontífice, de maneira clara e objetiva, alude à crise de esperança pela qual o mundo passa, relacionando-a à crise de fé. Mais uma vez, ele esclarece que quando se exclui Deus, a vida se esvazia de sentido e a esperança se torna “perversa”. Tende-se, então, a buscar a redenção na ciência, no progresso, na economia, na política. Tudo isso, porém, diz Bento XVI, deixa um vazio incapaz de dar sentido e satisfazer a esperança humana que só é plenamente satisfeita por um Amor Absoluto.  

Em Spe Salvi, o Papa insiste que a esperança cristã não está situada num além imaginário, mas já se faz presente em nós quando o amor de Deus nos alcança e nos torna capazes de amar, abrindo-nos ao outro. “Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor”, mas “um amor incondicionado”. E é exatamente isso que nos faz ter esperança frente a um mundo tão marcado pelo egoísmo, pelas injustiças e por toda sorte de sofrimento. 

Salutar, também, é a palavra do Santo Padre ao apontar a oração, o agir, o sofrimento e o juízo como lugares de aprendizagem e de exercício da esperança, dando nova dimensão a essas realidades tão presentes em nossa vida.  

Ao concluir sua encíclica, Bento XVI o faz com uma prece a Maria, apontada como estrela da esperança que nos faz chegar a Jesus Cristo, “sol erguido sobre todas as trevas da história”. Ela permanece no meio dos discípulos “como a sua Mãe, como Mãe da esperança”. 

Temos certeza de que estes ensinamentos do Santo Padre, que acolhemos com alegria, se constituirão em novo alento para nosso povo, para nossas comunidades e para a toda a humanidade tão necessitada da “grande esperança” que dá sentido à vida e força para vencer as dificuldades do dia a dia.  Queremos ser, cada vez mais, pessoas de esperança!  

Brasília, 30 de novembro de 2007Dom Geraldo Lyrio RochaArcebispo de MarianaPresidente da CNBB  Dom Luiz Soares VieiraArcebispo de ManausVice-presidente da CNBB  Dom Dimas Lara BarbosaBispo Auxiliar do Rio de JaneiroSecretário Geral da CNBB

 


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino