D. Cappio, que faz greve de fome há 20 dias pela não transposição do Rio São Francisco, recebeu carta do Vaticano pedindo o fim da greve de fome. O bispo de Barra (BA) – que está fora de sua diocese – em Sobradinho, infelizmente negou-se a atender o pedido feito pelo representante do Vaticano para que encerrasse a greve.
D. Cáppio recebeu na semana passada uma carta assinada pelo cardeal Giovanni Battista Ré, prefeito da Sagrada Congregação para os Bispos. Nela, o representante do Vaticano demonstra preocupação em relação à sua vida e pede que ele se resguarde. O cardeal alega que D. Cappio já contribuiu para sensibilizar a opinião pública e pede que ele retorne à sua sede diocesana da Barra, interrompendo “esse gesto extremo”.
A assessoria de imprensa da “Comissão Pastoral da Terra”, que acompanha D. Cappio, informou que ele tomou a Carta como um pedido e não se sente desobedecendo a vontade do Papa Bento XVI. Segundo teria afirmado D. Cappio, ele deve obediência ao Papa e a carta representa apenas um pedido, que pode ser acatado ou não.
Santo Agostinho dizia: “Roma locuta, causa finita” (Roma falou, encerrou a questão). Quando o Santo diz ‘Roma”, ele diz “o Papa”. Assim, Santo Agostinho (354-430), doutor da Igreja, e um dos maiores gigantes que a Igreja já teve até hoje, se curvava docilmente à palavra do Papa. Belo exemplo.
Bem diferente deste de D. Cáppio, infelizmente. É verdade que o Santo Padre não lhe impôs colocar fim à sua greve de fome; seria drástico e indelicado o Papa agir assim. Mas o povo diz que “um pedido de quem se ama é mais que uma ordem”. Ora, D. Cappio é bispo por escolha do Papa e, portanto, deveria oferecer-lhe este gesto de amizade, respeito, consideração, afeto…
Será que as razões de D. Cappio são maiores que a da Santa Sé? É contra a doutrina católica fazer greve de fome e colocar a vida e a saúde em risco, por isso o seu exemplo não é bom para os fiéis, e é neste sentido que o Vaticano pediu a D. Cáppio já da primeira vez que ele fez greve de fome, que a suspendesse.
Além do mais já houve um decisão judicial na semana passada impedindo a continuidade das obras de transposição do Rio São Francisco. Creio que isto já seria suficiente para o Bispo encerrar a greve de fome.Se ele a continuar, vai continuar dividindo a Igreja, como está fazendo, uma vez que não há um consenso sobre a questão. Isto não é bom para ninguém; a força da Igreja está na sua unidade e principalmente na fidelidade ao Papa.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br