PRESERVAR UMA CULTURA CONTRA A VIDA?

A revista “Isto è”, de 20 fev 2008, trouxe uma reportagem chocante sobre um garoto indígena da tribo kamaiurá, que foi enterrado vivo e quase foi morto. Seu nome é Amalé; quase foi morto em nome dos costumes indígenas. E segundo a revista a Funai faz vista grossa ao infanticídio de algumas tribos. 

Amalé tem quatro anos e logo que nasceu, em  21 de novembro de 2003, foi enterrado vivo pela mãe, Kanui, seguindo um ritual determinado pelos costumes dos kamaiurás, que manda enterrar vivo aqueles que são gerados por mães solteiras. Para assegurar que o destino de Amalé não fosse mudado, seus avós ainda pisotearam a cova. Ninguém ouviu sequer um choro. Duas horas depois da cerimônia, num gesto que desafiou toda a aldeia, sua tia Kamiru desenterrou o bebê ainda vivo. Ela lembra que seus olhos e narinas sangravam muito e que o primeiro choro só aconteceu oito horas mais tarde. Os índios mais velhos acreditam que Amalé só escapou da morte porque naquele dia a terra da cova estava misturada a muitas folhas e gravetos, o que pode ter formado uma pequena bolha de ar.

Segundo a Revista, esta realidade cruel se repete em muitas tribos espalhadas por todo o Brasil e muitas vezes, tem a conivência de funcionários da Funai, o organismo estatal que cuida dos índios.

“Antes de desenterrar o Amalé, eu já tinha ouvido os gritos de três crianças debaixo da terra”, relata Kamiru, hoje com 36 anos. “Tentei desenterrar todos eles, mas Amalé foi o único que não gritou e que escapou com vida”.  

Ainda segundo a Revista, a Funai esconde números e casos como este, mas os pesquisadores já detectaram a prática do infanticídio em pelo menos 13 etnias, como os ianomâmis, os tapirapés e os madihas. Só osianomâmis, em 2004, mataram 98 crianças. Os kamaiurás, a tribo de Amalé e Kamiru, matam entre 20 e 30 por ano.
Os motivos para o infanticídio variam de tribo para tribo, e também os métodos usados para matar os pequenos. Além dos filhos de mães solteiras, também são condenados à morte os recém-nascidos portadores de deficiências físicas ou mentais. Gêmeos também podem ser sacrificados.  Algumas etnias acreditam que um representa o bem e o outro o mal e, assim, por não saber quem é quem, eliminam os dois. Outras crêem que só os bichos podem ter mais de um filho de uma só vez. Há casos de índios que mataram os que nasceram com simples manchas na pele, pois essas crianças, segundo eles, podem trazer maldição à tribo.  

Os rituais de execução consistem em enterrar vivos, afogar ou enforcar os bebês. Geralmente é a própria mãe quem deve executar a criança, embora haja casos em que pode ser auxiliada pelo pajé.  

A advogada Maíra Barreto, que pesquisa o genocídio indígena para uma tese de doutorado na Universidade de Salamanca, na Espanha, afirma que: “O infanticídio é uma prática tradicional nociva”. “E o pior é que a Funai está contagiada com esse relativismo cultural que coloca o genocídio como correto”, disse o deputado Henrique Afonso, do PT do Acre, autor de um projeto de lei que pune qualquer pessoa não índia que se omita de socorrer uma criança que possa ser morta.  Não se pode preservar uma cultura de morte!

É preciso educar e evangelizar os índios e retirá-los deste estado de vida onde a superstição e a fantasia levam as crianças à morte. Quando os espanhóis chegaram no México, por volta de 1517,  os astecas sacrificavam milhares de rapazes e virgens aos deuses de maneira cruel e desumana, nos altos de suas pirâmides. Foi o trabalho árduo dos missionários franciscanos e dominicanos que acabou com esta barbárie. O mesmo precisa acontecer no Brasil indígena de hoje. Não se pode cultivar uma cultura de morte ainda hoje.  

A Campanha da Fraternidade deste ano que pede para “escolher a vida”, deve ser uma alerta às autoridades da FUNAI sobre este problema. 

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br 


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino