Caros amigos e amigas,
Realmente a morte de D. Estevão, como muitos já expressaram neste blog, foi uma perda enorme para a Igreja militante, mas, sem dúvida uma alegria para a Igreja triunfante, então, para toda a Igreja. Agradeço sensibilizado os comentários de todos os que escreveram neste blog. Que a vida e a morte deste Gigante da Igreja, qual um novo Santo Tomás dos dias de hoje, nos estimule ainda mais a lutar pelo Reino de Deus e pela Igreja que tanto D. Estevão defendeu. Em honra e homenagem a ele, trancrevo aqui no blog duas matérias suas sobre a morte, que ele jamais temeu. Obrigado
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”D. Estevão Bettencourt, osb.Nº 354 – Ano 1991 – Pág. 481.
“Ó MORTE, SEREI A TUA MORTE!” (Os 13, 14)
O mês de novembro lembra aos homens em geral o inexorável fato da morte, que a muitos causa apreensão. Ora nas Escrituras encontram-se palavras que reconfortam enormemente o cristão:
“Uma vez que os filhos têm em comum sangue e carne, por isso também o Filho participou da mesma condição, a fim de destruir pela morte o dominador da morte, isto é, o diabo, e libertar os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte” (Hb 2, 14s).
Este texto recorda, em primeiro lugar, que “Deus não fez a morte nem se compraz com a morte dos viventes” (Sb 1, 13): “a morte entrou no mundo por inveja do diabo” (Sb 2, 23).
Com efeito; diz-nos a fé que a morte, violenta como é, decorrer do primeiro pecado, que Satanás instigou (cf. Gn 2,3; Jo 8, 44).
A morte, em conseqüência, suscita nos homens o medo ou o horror, medo de que falavam freqüentemente os filósofos antigos. Escrevia, por exemplo, Sêneca a um amigo: “Livra-te, antes do mais, do medo da morte; ela nos impõe o primeiro de todos os jugos” (Ep LXXX5).
Eis, porém, que o próprio Deus quis redimir os homens do jugo e do temor da morte… E o fez de maneira muito sábia: sim, houve por bem matar a morte mediante a morte ou matar a morte do gênero humano mediante a de Cristo; cumpriu assim a profecia de Oséias: “Ó morte, serei a tua morte!” (Os 13, 14).
E como se deu isto? – O Filho de Deus assumiu a natureza mortal e quis sofrer a morte, embora fosse inocente. A morte o abocanhou, a Ele que nada lhe devia; assim derrotou a morte, ressuscitando para a Vida. Após Jesus Cristo todos os homens são chamados a vencê-la, passando para a plenitude da vida através do vale da morte.
Por isto Cristo é chamado pelos medievais Mors Mortis, a Morte da Morte. É Ele quem possui as chaves da morte e da região dos mortos (cf. Ap 1,18) e tem o poder de arrebatar da morte os homens que ela ainda tenta devorar.
Estas verdades, pertencentes ao bê-a-bá da fé cristã, renovam o ânimo do cristão; este, sendo criatura frágil, pode sentir o arrepio da morte. Todavia Cristo quis santificar ou transfigurar a morte, fazendo dela uma passagem para a Vida definitiva. Em conseqüência, o grande mal já não é a morte, mas, sim, o pecado, pois só este pode afastar do Senhor da Vida o Homem, devotando-o à perda do único bem que não passa, ou seja, da comunhão com Deus.
“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?” (Os 13, 14).
E.B.