O Papa João Paulo II e as Invasões de Propriedades

 

Temos visto crescer no país os movimentos de invasões de terras, prédios habitacionais, prédios de empresas do governo e particulares, por parte dos “movimentos sociais”; e parece que com uma tolerância descabida por parte de algumas autoridades. Nota-se que é um movimento crescente e que preocupa a Nação. Em vista disso, penso que vale a pena recordar  a posição da Igreja diante desses fatos.  

Ao menos por três vezes o Papa João Paulo II se manifestou de maneira muito clara, e que não deixa a menor dúvida, de que a Igreja é totalmente contra a invasão de propriedades alheias. Vale a pena recordar o que o Papa de saudosa memória disse algumas vezes.  

Ao segundo grupo de Bispos do Brasil, provenientes do Regional Sul l da CNBB, em  visita “ad limina Apostolorum”,  de 13 a 28 de Março de 1996, no Vaticano, o Papa João Paulo II disse: 

“… recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que “nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto” (Rerum Novarum, 55). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas.” 

Com uma clareza absoluta o Papa deixa claro que nada justifica “danificar alguém ou invadir a sua propriedade”. E que a Igreja jamais pode alimentar esse tipo de desordem. No entanto, sabemos que há elementos da Igreja, membros do clero, que são mentores e incentivadores das invasões de terra, prédios, etc. Não há como justificar isso.  

Em Discurso no dias 26/nov/2002, aos bispos do Brasil, o Papa voltou a dizer: 

“Para alcançar a justiça social se requer muito mais do que a simples aplicação de esquemas ideológicos originados pela luta de classes como, por exemplo, através da invasão de terras – já reprovada na minha viagem pastoral em 1991 – e de edifícios públicos e privados, ou por não citar outros, a adoção de medidas técnicas extremas, que podem ter conseqüências bem mais graves do que a injustiça que pretendiam resolver”. 

     Novamente o Papa deixou claro que a necessária justiça social deve ser obtida pelas ações legais e não por “aplicação de esquemas ideológicos originados pela luta de classes”; e condenou explicitamente as “invasões de terra”. O Papa lembrou que essas ações desordeiras pioram os problemas referentes à  justiça social ao invés de resolvê-los. A história recente da Rússia e dos paises da antiga Cortina de Ferro, mostram sobejamente esta verdade.  

     A Igreja é plenamente a favor da justiça social e quer que  mesma se faça dentro da lei e da ordem como propõe na sua Doutrina Social, mas, sem lançar mão, mais uma vez à violência, à luta de classes, ao incitamento do ódio de uns contra os outros. Isso não é um meio moral e cristão. Não se pode fazer o bem por um caminho mau. 

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br 


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino