O CASO DO BISPO ELEITO PRESIDENTE DO PARAGUAI

Alguns leitores têm me perguntado sobre o caso do bispo católico, D. Fernando Lugo, que desobedeceu ao Papa e à Santa Sé e se manteve candidato a Presidente do Paraguai, e eleito. É  um fato novo na Igreja, lamentável; ele está suspenso “a divinis”; quer dizer não pode exercer o ministério sacerdotal e episcopal, mas continua bispo, o Vaticano está estudando o seu caso. Uma vez bispo, bispo para sempre, pois o sacramento da Ordem não pode ser cancelado.

É a primeira vez em que um bispo é eleito presidente da República, portanto é uma situação inédita.  Em janeiro do ano passado (2007), o Vaticano suspendeu o bispo D. Fernando Lugo “a divinis”, que significa, segundo o Código de Direito Canônico, que o “sacerdote continua obrigado aos deveres a ele inerentes, embora esteja suspenso do ministério sagrado”. D. Lugo pediu ao Papa para retornar ao estado laico, mas o Pontífice rejeitou a solicitação.

Todo bispo ao ser assim ordenado presta um juramento de obediência ao Papa; e esta obediência foi quebrada, o que sem dúvida é algo grave. O Vaticano anunciou após a eleição do bispo, que avaliará e aprofundará com calma, do ponto de vista canônico, qual pode ser a melhor solução para definir a sua situação na Igreja como bispo católico suspenso “a divinis”. Isto foi informado pelo porta-voz do Vaticano, o padre jesuíta Federico Lombardi, que afirmou que, “em um clima tranqüilo e sereno e sem pressa, as autoridades competentes definirão melhor o status” de D. Lugo.

O porta-voz do Vaticano afirmou que D. Lugo já não exercia o Ministério episcopal há muito tempo por causa da suspensão “a divinis” e que o fato de ter vencido as eleições não representa que tenha que adotar de forma “urgente” novas medidas sobre seu status em relação à Igreja. “Caso tenham que adotar novas medidas nesta nova etapa, as autoridades competentes – a Congregação para os Bispos – farão uma reflexão tranqüila. O fato do bispo já não exercer o Ministério episcopal permite que agora com calma se avalie melhor a sua situação, declarou o padre Lombardi. Ele disse ainda que é “é necessário se aprofundar do ponto de vista canônico para ver qual pode ser a melhor solução”. E deixou claro que o Vaticano não questiona sua escolha como Presidente do Paraguai e muito menos que a Igreja vá fazer a ele uma “espécie de oposição particular”.

Esta questão é apenas uma questão jurídica canônica sobre sua função, seu status na Igreja, e não uma questão de relações diplomáticas, explicou o padre Lombardi. Ele disse que é  prematuro falar do que fará a Igreja e disse que agora o Papa, a Congregação para os Bispos e a Conferência Episcopal do Paraguai discutirão com calma e serenidade para buscar a melhor solução do ponto de vista canônico.

É lamentável esta desobediência do bispo, ligado à “teologia da libertação”. Aqui não se discute se será um bom ou não presidente da República do Paraguai, mas apenas a questão de sua não submissão ao Papa e à Igreja. É uma atitude inédita na Igreja, de grandes repercussões, grave, e que caracteriza um mau exemplo. Se o Papa Bento XVI não autorizou o bispo a ser candidato é certamente porque havia inconvenientes e impedimentos canônicos sérios; por isso o bispo não deveria se colocar acima da autoridade da Igreja.  É grave desobedecer ao Papa. A ele o Senhor disse “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu…” (Mt 16, 17s)

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino