O Dia do Presbítero (Padre)

04 de agosto Dia do Padre

A Igreja celebra hoje (04 de agosto) o dia São João Maria Vianney, proclamado “Patrono dos párocos”,  em 1929 pelo Papa Pio XI, o mesmo que o canonizou em 1925. Ele era conhecido como o “cura D’Ars”, um povoado francês, ao norte de Lião onde exerceu o seu ministério sacerdotal, João Maria Vianney (1786-1859) é um daqueles homens aos quais se aplicam as palavras de São Paulo: “Deus escolheu os mais insignificantes para confundir os grandes.” Era um camponês rude, nascido em Dardilly, tinha passado pela tempestade da Revolução Francesa. Teve de se esconder por um certo tempo, por haver desertado do exército de Napoleão em marcha para a Espanha sem entender a gravidade de seu comportamento; ele não conseguia acertar o passo com o seu batalhão.

No seminário teve muitas dificuldades para aprender o latim, a filosofia e a teologia; os seus professores, desanimados, deixaram até de interrogá-lo. É uma lástima, disse um deles ao Vigário geral, porque é um modelo de piedade. “Um modelo de piedade? – exclamou este. – Então eu o promovo e a graça de Deus fará o resto.” Em 1815 foi ordenado, mas sem a autorização para confessar, pois o julgavam incapaz de guiar as consciências. Quem poderia imaginar que João Vianney se tornaria um dos mais famosos confessores que a história da Igreja conhece?

Conta-se que ao negar ordená-lo sacerdote, por achá-lo “burrinho”, ele teria dito ao bispo: Sr. Bispo, se Sansão com só uma queixada de burro destruiu o exército dos filisteus, imagine o que o Sr. não poderá fazer com este burrinho inteiro!…” E o Bispo o ordenou, mas tomou o cuidado de mandar-lhe para uma das menores aldeias da França, onde há mais de 25 anos não tinha um padre. Passou antes um ano sob a direção do abade Balley, de Ecully, e este percebeu naquele “bobo iluminado” os carismas da santidade. Depois foi para Ars, como vigário capelão. Ars, sobre o planalto de Dombes, tinha apenas duzentos e trinta habitantes, que viviam em casas com tetos de palha. No caminho para Ars disse a um menino: “mostre-me o caminho para Ars, e depois eu te mostrarei o caminho do Céu”. Chegando ali, as poucas mulheres que encontrou na igreja local lhe disseram: “Padre, aqui a fé acabou, ninguém sabe rezar”. Então ele percebeu porque Deus o enviou para lá. Acordava-se de madrugada e rezava o Rosário, de joelhos, diante do Santíssimo Sacramento, antes de celebrar a Missa. Logo ele começou a pregar de maneira severa contra os pecados do povo do local.

Dez anos depois, Ars estava completamente transformada. Tavernas desertas e a igreja povoada. Era severo mas ao mesmo tempo havia nele muita bondade e generosidade. Possuía somente a desbotada batina que tinha no corpo. E era capaz de dar seus  sapatos e meias na estrada se encontrasse um pobre infeliz, com quem trocava até as calças se as do mendigo estivessem piores que as suas. Depois de um tempo, sua fama de santidade e seus carismas foram longe. Até cardeais de Paris iam a Ars se aconselhar com o santo Cura. Morreu aos setenta e três anos, a 4 de agosto de 1859. Este é o grande Modelo, Patrono e intercessor que a Igreja deu para os párocos, para mostrar-lhes aquilo que um dia disse o Papa João Paulo II: “a santidade é a força mais poderosa para levar os homens a Jesus Cristo”. Foi exatamente o que o santo Cura fez e que deixou de lição mais importante para todos os padres; sem santidade de vida, o trabalho apostólico não anda. Ele não tinha nada, mas era Santo. Hoje o sacerdote pode e deve usar muitos meios que o santo Cura não pode usar: rádio, tv, internet, revistas, microfone, etc.; mas nada disso dará resultado se não houve a santidade por trás de tudo.

O sacerdote é um outro Cristo, “alter Christus”, é seu ministro sagrado entre os homens; São Francisco de Assis achava-se indigno de ser sacerdote e gostaria de beijar o chão onde pisavam os pés de um padre.  Através do Padre Jesus continua a sua missão salvífica na terra arrancando os homens do pecado e da morte eterna pelos sacramentos da Igreja. Cristo caminha com ele e o sustenta a cada momento pela graça do sacramento da Ordem, se ele se mantém fiel a seu Senhor. Alguém escreveu que “no sacerdote que vive em plenitude o seu ministério, Cristo se realiza nele e através de suas mãos ungidas continua amando, perdoando, curando, ensinando e alimentando seu povo com o Pão da Vida. No sacerdote idoso, enfermo, que vive suas limitações humanas, Cristo revive com ele a sua paixão e o caminho do calvário carregando sua cruz, sofrendo e testemunhando que  “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo próximo” (Jo 15,13).

Sendo um “outro Cristo na terra” o sacerdote deve imitar  a Jesus, por isso, inclusive, ele é celibatário, deixa de construir uma família para ser todo de Deus, em tempo integral. Ele não possui uma família própria, mas possuía a grande família que é a Igreja; não tem filhos próprios, mas tem todos os filhos de Deus. Os que não estão dispostos a viver assim, não devem optar pelo sacramento da Ordem, pois falta-lhes a vocação necessária.

São João Bosco, após um retiro espiritual, entendeu que com ele levaria muita gente para o céu ou para o inferno. E isto mudou a sua vida. Assim é com todo sacerdote; ele pode levar muita gente para Deus com seu trabalho, oração, dedicação, sofrimentos… Mas pode também com algum escândalo, injustiça, etc. afastar muita gente da Igreja e de Deus.

Por tudo isso, demos graças a Deus hoje por nossos sacerdotes, milhares que a cada dia carregam a sua cruz com o Cristo pela salvação do mundo. Que nossas orações por eles sejam incessantes e fervorosas; a fim de que Deus nos dê também santos sacerdotes. Sem eles o povo de Deus é um rebanho sem pastor, sujo, assustado, sofrido, bernento, maltratado, abandonado e sujeito aos ataque dos lobos, especialmente aqueles vestidos de cordeiros.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino