O debate sobre a teoria da evolução é cada vez mais forte, tanto no âmbito cristão como no estritamente evolucionista, e cientistas, filósofos e teólogos cristãos estão diretamente envolvidos no debate. Mais uma vez uma autoridade da Santa Sé declara que a Igreja aceita a teoria da evolução, desde que guiada por Deus. Desta vez foi o presidente do Conselho Pontifício para a Cultura e também presidente da Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja, arcebispo Gianfranco Ravasi quem se manifestou, no 17 de setembro de 2008 (ZENIT.org).
Dom Ravasi recordou dois pronunciamentos históricos sobre a evolução do Magistério pontifício: a encíclica Humani Generis, de Pio XII, de 12 de agosto de 1950, e a Mensagem de João Paulo II à Plenária da Academia Pontifícia de Ciências, de 22 de outubro de 1996. Entre outras coisas afirmou que “Não existe «a priori» incompatibilidade entre as teses de Charles Darwin e a Bíblia”, ao apresentar um Congresso Internacional que será realizado em Roma de 3 a 7 de março, sobre esse assunto: «Evolução biológica: fatos e teorias. Uma avaliação crítica 150 anos depois de ‘A origem das espécies’», de Charles Darwin, e que reunirá em Roma filósofos, teólogos e cientistas de renome internacional. O Congresso busca criar um diálogo entre filosofia, teologia e ciência.D. Gianfrando disse que Darwin «nunca foi condenado, ‘A origem das espécies’ não está no Índice (de livros proibidos), mas sobretudo há pronunciamentos muito significativos com relação à evolução por parte do próprio Magistério eclesial». O Congresso foi organizado conjuntamente pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma) e pela Universidade de Notre-Dame (Indiana, EUA), sob o patrocínio do Conselho Pontifício para a Cultura, no âmbito do projeto STOQ (Science, Theology and the Ontological Quest – Ciência, Teologia e Pesquisa Ontológica). Este projeto busca criar uma ponte filosófica entre ciência e teologia através de programas de estudo, cursos universitários, ciclos de conferências, publicações científicas, etc. Fazem parte do mesmo universidades pontifícias de Roma e alguns dos maiores cientistas do mundo. D. Gianfranco Ravasi disse que “é necessário um ato de humildade também por parte do teólogo, que deve escutar e aprender; por outro lado, é necessário superar a arrogância de alguns cientistas que esbofeteiam quem tem fé e que consideram a fé e a teologia como uma herança de um paleolítico intelectual.»A Igreja aceita a teoria de evolução se esta for de fato comprovada cientificamente, apenas não abre mão de duas premissas: 1 – se houve a evolução, como tudo indica, esta foi querida e guiada por Deus até o surgimento do ser humano na terra; 2 – este recebeu de Deus a alma imortal; esta não foi fruto da evolução.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br