No Jubileu do ano 2000 o Papa João Paulo II pediu à Igreja uma “Nova Evangelização”, com “novos métodos, novo ardor e nova expressão”, afim de reavivar a fé do povo católico e também para trazer de voltar para a Igreja aquelas ovelhas desgarradas que as seitas levaram embora.
Muitos filhos da Igreja foram levados porque não conheciam a doutrina católica nem mesmo na sua fundamentação básica; por isso foram enganados pelos “falsos pastores” que Jesus avisou que viriam como cordeiros, mas que eram lobos ferozes. (cf. Mt 7,15). E isto acontece porque esse bom povo católico não foi evangelizado, especialmente não foi catequizado nem pelos pais e nem pela Igreja.
Nos últimos decênios a catequese diminuiu muito; em primeiro lugar por causa da crise da família provocada pelo divórcio, pela falta de formação dos pais, e tantos outros fatores. A catequese das crianças sempre começou no colo dos pais, mais isso diminuiu muito, e, por outro lado, muitos segmentos da Igreja desviaram a catequese quase exclusivamente para o campo social, deixando as crianças e os jovens à mingua de uma catequese completa sobre os Sacramentos, o Credo, os Moral católica e a vida de piedade e oração. O povo, então, foi buscar a fé nas outras comunidades.
Portanto, urge que se estabeleça uma “nova catequese” para as crianças e jovens de modo especial. S. Paulo, S. Pedro e S. João nos mostram o cuidado dos Apóstolos em preservar a “sã doutrina” (1 Tm 1,10). Paulo fala do perigo das “doutrinas estranhas” (1 Tm 1,3); dos “falsos doutores” (1 Tm 4, 1-2); e recomenda a S. Timóteo: “guarda o depósito” (1 Tm 6,20).
O Concílio Vaticano II convocou de modo especial os leigos para essa urgente retomada na catequese: “Grassando em nossa época gravíssimos erros que ameaçam inverter profundamente a religião, este Concílio exorta de coração todos os leigos que assumam mais conscientemente suas responsabilidades na defesa dos princípios cristãos”. (Concílio Vaticano II – Apostolicam Actuositatem, 6)
E o Documento de Santo Domingo, do IV CELAM, insistiu no mesmo ponto: “Instruir o povo amplamente, com serenidade e objetividade, sobre as características e diferenças das diversas seitas e sobre as respostas às injustas acusações contra a Igreja”. (Doc. Santo Domingo, n.141)
Para sentirmos a gravidade das seitas hoje, basta dizer que o Parlamento Europeu declarou, em 1998, que nos últimos anos nasceram 20.000 (vinte mil) seitas em todo o mundo (12.000 no ocidente e 8.000 na África), um fenômeno que envolve cerca de 500 a 600 milhões de pessoas. (cf. L´Osservatore Romano, n. 35; 29/08/1998 – 12 (476)).
Como enfrentar essa situação? Somente com uma boa catequese desde a infância. O Catecismo da Igreja lembra que: “Os períodos de renovação da Igreja são também tempos fortes da catequese. Eis por que, na grande época dos Padres da Igreja, vemos Santos Bispos dedicarem uma parte importante de seu ministério à catequese”. (§8).
Em 1979 o Papa João Paulo II preocupado com a catequese escreveu a “Catechesi tradendae” e chamou a Igreja a assumi-la; e aprovou em 1992 o novo Catecismo da Igreja, a pedidos dos bispos que participaram da Sínodo dos Bispos de 1985. O Santo Padre endossou o pedido dos Bispos, reconhecendo que “este desejo responde plenamente a uma verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares”. (cf. §10).
Pediu o Papa “aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo… e o usem assiduamente ao cumprir sua missão de anunciar a fé e convocar para a vida evangélica”. Insistiu o Papa que ele é “uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição Apostólica e pelo Magistério da Igreja… uma norma segura para o ensino da fé” (cf. Fidei Depositum). Resta-nos agora empunhar o Catecismo e formar as crianças principalmente. O futuro da Igreja passa por elas.
Prof. Felipe Aquino