O Papa Bento XVI recebeu integrantes da Cúria Romana para desejar votos de Feliz Natal e fazer uma espécie de balanço das atividades do pontificado ao longo do ano.
O Pontífice recordou diversos momentos de 2010, enfatizando a beatificação do Cardeal John Newman e refazendo o percurso da conversão do Cardeal inglês. Ele destacou que o homem é capaz de reconhecer a verdade.
“A força motora que levava ao caminho da conversão era, em Newman, a consciência. Mas o que se entende com isso? No pensamento moderno, a palavra ‘consciência’ significa que, em matéria de moral e de religião, a dimensão subjetiva, o indivíduo, constitui a última instância de decisão. O mundo foi dividido nos âmbitos do objetivo e do subjetivo. […] A concepção que Newman tem da consciência é diametralmente oposta. Para ele, ‘consciência’ significa a capacidade de verdade do homem: a capacidade de reconhecer exatamente nos âmbitos decisivos da sua existência– religião e moral – uma verdade, a verdade”, disse.
O encontro aconteceu na Sala Régia do Palácio Apostólico Vaticano, na manhã desta segunda-feira, 20.
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.: Discurso do Papa à Cúria Romana para apresentar votos de bom Natal
O Papa lembrou que diversas das invocações repetidas ao longo do Advento foram formuladas durante o período da queda do Império Romano. Nesse mesmo período, as abordagens morais e as leis que garantiam a convivência pacífica entre os homens até então também entraram em declínio e nenhuma força parecia ser capaz de parar esse processo.
“Também hoje temos muitos motivos para associar-nos a essa oração de Advento da Igreja. O mundo, com todas as suas novas esperanças e possibilidades, está, ao mesmo tempo, angustiado pela impressão de que o consenso moral se está dissolvendo, um consenso sem o qual as estruturas jurídicas e políticas não funcionam; por consequência, as forças mobilizadas para a defesa de tais estruturas parecem estar destinadas ao fracasso”, afirmou.
Logo depois, o Santo Padre fez mênção ao episódio do Evangelho em que Jesus dorme na barca dos discípulos, que se desesperam com a possibilidade de afundar. “Quando a sua poderosa palavra havia aplacado a tempestade, Ele repreendeu os discípulos por sua pouca fé (cf. Mt 8,26 e par.). Queria dizer: em vós mesmos a fé dormiu. A mesma coisa deseja dizer também a nós. Também em nós, frequentemente, a fé dorme. Rezemos a Ele, portanto, para que nos desperte de uma a fé que se tornou cansada e para que retornemos à fé com o poder de mover montanhas – isto é, de dar a ordem correta às coisas do mundo”, pediu.