Solidão e incerteza, características dos estudantes de hoje

Discussão no Congresso Europeu de Pastoral Universitária

Munique, terça-feira, 1 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – A solidão e a incerteza estão se transformando nos traços característicos dos estudantes de hoje. É o que afirmou Tino Bargel, do Grupo de Pesquisa Universitária da Universidade de Costanza, durante o Congresso Europeu de Pastoral Universitária, encerrado ontem em Munique, na Alemanha. Ele destacou que os estudantes de hoje “sublinham a própria individualidade”: “estão muito ocupados em priorizar a própria carreira”.

Bargel expôs uma série de teses, observando em primeiro lugar que os jovens enfrentam “pressões e preocupações que comprometem sua satisfação e confiança”.

Todos os estudantes, além disso, “acham muito importante que os seus estudos tenham relação com o mercado de trabalho”, mas “este aspecto prático e bem-sucedido dos estudos universitários só faz crescer a insegurança, porque deixa que instâncias externas (principalmente a economia e as associações de classe) estabeleçam os objetivos formativos e as condições de contratação”.

Isto comporta “contínuas tentativas de adaptação aos requisitos profissionais, às custas de reflexão e elaborações, de criatividade e autonomia, de originalidade e inovação”.

Entre os estudantes, diminui também “a disponibilidade para formar uma opinião política”: “eles participam de má vontade em discussões teóricas, aderem a conceitos ou se deixam envolver em propostas alternativas”; “as atitudes são menos contrapostas ou ideológicas, as facções adversárias raramente se confrontam e as visões políticas inimigas já não recebem relevância”.

“Esta moderação, porém, não é tanto uma mostra de tolerância ou de pragmatismo quanto de indiferença, de crítica superficial”, comentou Bargel. “Os estudantes universitários evitam criar vínculos ou assumir posições claras” e “são mais difíceis de organizar ou de envolver em ações comuns”.

O desinteresse acontece também quanto aos ideais e ao compromisso público, embora “aumente a estima pelos pais, irmãos e amigos”, outro “sinal de retirada para a vida privada”.

“Apesar de as desigualdades sociais e as injustiças políticas serem percebidas, os estudantes recorrem ao protesto e à resistência só quando veem que os seus próprios interesses são lesados. Quando muito, participam de ações individuais no campo social”.

Entre os principais valores de atitude, os estudantes incluem “antes de tudo o desejo de conhecer e a curiosidade, seguidos da tolerância e da ausência de preconceitos, o discernimento e a análise crítica”, prosseguiu o especialista, sublinhando que entre os valores fundamentais “são prioritários a amizade e a paz, seguidos da liberdade e da harmonia”.

“A religião, a fé e a redenção são importantes para 17% dos estudantes, 7% dos quais as avaliam como muito importantes”.

É típica também a atitude de “não aceitar modelos predefinidos, alienando-se, mas sim de modelo seletivo e sem assumir vínculos a favor de valores determinados”.

Quanto ao futuro – concluiu – “tem-se medo de fracassar, apesar de um certo otimismo profissional”.

“Por culpa do confuso método de seleção, por exemplo, para ingressar numa pós-graduação ou para encontrar trabalho, muitos estudantes têm a impressão de não poder projetar ou controlar o próprio caminho só graças às próprias decisões. Isso contribui para a solidão, desorientação e isolamento”.


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino