Deus é Eterno, não teve princípio e não terá fim
O Catecismo da Igreja diz (§ 96), que “O que Cristo confiou aos Apóstolos, estes o transmitiram por sua pregação e por escrito, sob a inspiração do Espírito Santo, a todas as gerações, até a volta gloriosa de Cristo”. Esse é o ensinamento que está no Credo. Ele começa com Deus Pai, criador de tudo que existe fora do nada: seres materiais e espirituais (anjos e alma humana). Deus é um Ser espiritual (não tem corpo e nem sexo).
Deus é Perfeitíssimo, isto é, incapaz de fazer o mal, de desejar o mal, de se enganar ou de enganar alguém.
Deus é Eterno, não teve princípio e não terá fim. É Incriado, quer dizer, não foi criado, sempre existiu; é incontingente. Criou o mundo belo e ordenado, regido por leis que o mantém. O mundo foi criado para “manifestar a glória de Deus”, não para aumentá-la. Criou o homem e a mulher para participar de sua vida bem-aventurada (felicidade). Deus cuida do mundo com a sua Providência divina. “Olhai as aves dos céus…” (Mt 6,26).
Deus é Onipotente; pode tudo, nada lhe é impossível; é Onisciente; sabe tudo, nada lhe é oculto ou desconhecido; é Onipresente, está presente em todo lugar, ninguém e nada se esconde Dele.
A Igreja nos garante que pelo uso da razão e da inteligência, o homem pode conhecer a Deus, a partir da criação, e de si mesma; isto é, a pessoa humana, pode saber que Ele é a origem e fim do universo; sumo bem, verdade e beleza infinita: “Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu eterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência por suas obras; de modo que não se podem escusar”. (cf. Rom 1, 20).
Além disso, Deus nos ilumina com a sua Revelação (Sagrada Escritura e Sagrada Tradição) para podermos conhecer melhor as verdades que ultrapassam o nosso entendimento, e também as verdades religiosas e morais, que não conseguiríamos conhecer só pela inteligência.
Deus é único; uma só substância (ou essência, natureza). “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o Único Senhor…”. (Dt 6,4; Mc 12,29). O Ser Supremo é único, isto é, sem igual… Se Deus não for único não é Deus. Não pode haver dois deuses, porque Deus é Absoluto. Deus é um Mistério inefável: “Se o compreendesses, ele não seria Deus”, disse Santo Agostinho. Não devemos nos angustiar por não poder compreender Deus; isso é prova de que cremos em Deus verdadeiro.
Deus se revelou-se como “Aquele que É”; isto é, o criador de todo ser que existe; e deu-se a conhecer como “cheio de amor e fidelidade” (Ex 34,6). Jesus revela que também Ele é Deus, portador do nome divino: “Eu Sou” (Jo 8, 28), e morreu porque sustentou até o fim a sua divindade diante dos chefes religiosos judeus e de Pilatos.
Deus é Santo por excelência, e “rico de misericórdia” (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar quem se arrepende e quer mudar de vida. Deus é verdade e amor. “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16); se dá completa e gratuitamente, “tanto amou o mundo que lhe deu o seu próprio Filho unigênito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio” (Jo 3,16-17). Não há prova de amor maior que esta.
Deus é a Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele “é luz e n’Ele não há trevas” (1 Jo 1,5).
Deus é uma Trindade Santa; Pai, Filho e Espírito Santo; este é o mistério central e mais importante da fé e da vida cristã. São Três Pessoas divinas, de igual poder e majestade, mas uma só Natureza. Quem acredita num deus irreal, vive uma fé também irreal.
O Mistério da Santíssima Trindade não foi inventado pela Igreja, foi revelado por Jesus e é a fonte de todos os outros mistérios. Jesus Cristo revela-nos que Deus é “Pai’, não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, “resplendor da sua glória, e imagem da sua substância” (Heb1, 3). Ele falou do Espírito Santo e o enviou a Igreja (cf. Jo 14, 15.25; 16,12-13).
No “Credo do Povo de Deus”, Paulo VI afirma:
“Cremos, portanto, em Deus Pai que desde toda a eternidade gera o Filho; cremos no Filho, Verbo de Deus que é eternamente gerado; cremos no Espírito Santo, Pessoa incriada, que procede do Pai e do Filho como Amor sempiterno de ambos” (n.10).
Deus criou todas as coisas “a partir do nada”; para isso é preciso um poder Infinito. Pela Divina Providência Ele conduz com sabedoria e amor todas as criaturas até seu fim último. Os anjos são criaturas espirituais que glorificam a Deus sem cessar e servem a seus desígnios salvíficos em relação às demais criaturas. Deus criou todas as criaturas animais, vegetais e minerais para o gênero humano. O homem, e por meio dele a criação inteira, destina-se à glória de Deus. “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou” (Gn 1,27). O homem é chamado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), a fim de que Cristo seja o primogênito de uma multidão de irmãos e de irmãs.
O homem é formado de corpo e alma. A alma é espiritual e imortal e é criada diretamente por Deus no momento da concepção; não é gerada pelos pais. Deus criou o homem e a mulher com a mesma dignidade, em comunhão de pessoas.
O homem e a mulher foram criados em “estado de santidade” e de “justiça originais”, isto é, na amizade com Deus e harmonia perfeita em seu ser. “Deus não fez a morte… Foi pela inveja do Diabo que a morte entrou no mundo” (Sb 1,13, 2,24). Satanás ou o Diabo, bem como os demais demônios, são anjos decaídos por terem se recusado livremente a servir a Deus a seu desígnio. Sua opção contra Deus é definitiva. Eles tentam levar o homem a se revoltar contra Deus, pelo pecado.
Tentado pelo demônio o homem, desde o início da humanidade, abusou da própria liberdade. Levantou-se contra Deus, desejando ser feliz sem Ele. É o “pecado original”; Adão, na qualidade de primeiro homem, perdeu a santidade e a justiça originais que havia recebido de Deus não somente para si, mas para todos os seres humanos. Por isso, Adão e Eva transmitiram a natureza humana ferida pelo pecado original. Esta é a causa da natureza humana estar enfraquecida, submetida à ignorância, sofrimento e à dominação da morte, e inclinada ao pecado (“concupiscência”). O pecado original é transmitido com a natureza humana, ‘não por imitação, mas por propagação’, e é próprio de cada um.
Mas a vitória sobre o pecado, conseguida por Cristo, deu-nos bens melhores do que aqueles que o pecado nos havia tirado: “Onde abundou o pecado, a graça superabundou” (Rm 5,20). Cristo crucificado e ressuscitado quebrou o poder do Maligno e libertou o mundo.
Prof. Felipe Aquino
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