O que é um Sacerdote?

Fala o secretário da Congregação para o Clero

“Roma, segunda-feira, 31 de março de 2008 (ZENIT.org) – O sacerdote «não é um empregado é um consagrado, um “Cristo” de Deus», celibatário, que se nutre da Eucaristia, distante das modas deste mundo e ao serviço das pessoas, disse em uma entrevista a L’Osservatore Romano (20-21 de março de 2008) o arcebispo Mauro Piacenza, secretário da Congregação para o Clero, ao sublinhar os traços sobressalentes do sacerdote e seu papel na missão da Igreja no mundo.

“O sacerdote não pode realizar-se plenamente se a Eucaristia não for realmente o centro e a raiz de sua vida, se sua fadiga cotidiana não é irradiação da celebração eucarística”, declara o prelado. Como recorda o relato evangélico sobre o lava-pés dos apóstolos por parte de Jesus, acrescentou Dom Piacenza, a tarefa do sacerdote está na entrega incondicional:

“O sacerdote não se pertence! Está ao serviço do povo de Deus, sem limites de horário e de calendário”.  “As pessoas não são para o sacerdote, mas o sacerdote para as pessoas, em sua globalidade, sem restringir nunca seu próprio serviço a um pequeno grupo”, disse.

“O sacerdote não pode escolher o lugar de que gosta, os métodos de trabalho que considera mais fáceis, as pessoas consideradas mais simpáticas, os horários mais cômodos, as distrações – ainda que legítimas – quando subtraem tempo e energias à própria e específica missão pastoral.” “Também, ainda atuando no mundo, o sacerdote não está, contudo, assimilando o mundo, mimetizando-se nele, deixando de ser fermento transformador.”

«Frente a um mundo anêmico de oração e de adoração, de verdade e de justiça – acrescentou –, o sacerdote é sobretudo o homem da oração, da adoração, do culto, da celebração dos santos mistérios diante dos homens, em nome de Cristo.” “Seu compromisso é o testemunho entendido etimologicamente como martírio na consciência renovada de que Cristo, ordinariamente, vem a nós só na Igreja e da Igreja, que prolonga sua presença no tempo”.

“Porque a Igreja é transcendente e mistério e só se não renunciar à própria identidade sobrenatural poderá autenticamente evangelizar as realidades naturais.”

“Com efeito, explica, a Igreja tem a tarefa negativa de libertar o mundo do ateísmo, e a positiva de satisfazer a necessidade que o homem, consciente ou inconscientemente, tem de realizar-se, ou seja, da santidade.”

“Por isso, o sacerdote deve responder à sede abrasadora de uma humanidade sempre em busca e semear essa inquietude que é o santo temor de Deus.”

“Neste sentido, a totalidade da oblação a Deus é a única medida da dignidade de um sacerdote e a garantia da totalidade do serviço aos irmãos.”

“Ao mesmo tempo, acrescenta o arcebispo Piacenza, a abertura aos jovens dos vastos horizontes da integridade do surgimento de Cristo pode contribuir para enfrentar a crise das vocações na sociedade atual.”

“Pelo contrário, observou, onde se efetuam tentativas reducionistas da identidade e do ministério pastoral, tudo se dissolve no caminho da progressiva desertificação.”

“Mas à luz da configuração do sacerdote com Jesus Cristo se compreendem melhor também as promessas de obediência, de castidade vivida no celibato, no compromisso de um caminho no desprendimento das coisas, das situações, de si mesmos.”

“Por isso, o arcebispo sublinhou que a caridade garante a dimensão esponsal e a grande paternidade e recordou que em tudo isso não há nãos, mas um grande sim libertador, um amor maior que se expressa na lógica alegre da entrega.”

“O sacerdote não entrará nunca em crise, nem de identidade, nem de solidão, nem de frustração cultural se, resistindo à tentação de perder-se na multidão anônima, não descer nunca – quanto à intenção, retidão moral e estilo – do altar do sacrifício do Corpo e do Sangue de Cristo.”

“Contudo, admitiu, frente a uma desagregação cada vez mais acentuada dos vínculos entre as pessoas, em cada âmbito social não podemos pensar que a figura do sacerdote celibatário não sofra o contragolpe destas inumeráveis solidões.”

“Por isso, concluiu, há necessidade de sacerdotes que saibam mostrar a fecundidade de sua solidão virginal para a comunhão, para a comunidade.”


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino