“Pelo que resolvi vir à presença de vossas Majestades e de tudo assombrar-me… e lhes falei dos povos que tinha visto, em que ou de que modo se poderiam salvar muitas almas…” (p. 134)
“Parti em nome da Santíssima Trindade, na quarta-feira, 30 de maio… . “E quis Nosso Senhor que ao cabo desses oito dias, me concedesse bons ventos. Levante, segui, então poente…” (p. 136)
“Dissemos a Salve Rainha e outras orações e rendemos todos muitas graças ao Nosso Senhor, depois abandonei a rota do Setentrião… depois de ter chamado a ilha de Trindade” (p. 137).
“A Sagrada Escritura atesta que Nosso Senhor criou o Paraíso terrestre nele colocando a árvore da vida, e de onde brota uma fonte de que resultam os quatro maiores rios do mundo: Ganges, Tigre, Eufrates e Nilo.” (p. 145)
“Santo Isidro, Beda, Strabo, o mestre da história eclesiástica, Santo Ambrósio, Scoto e todos os teólogos concordam que o Paraíso terrestre se encontra no Oriente, etc.” (p. 145).
“… basta citar Esdras em seu terceiro livro, onde declara que das sete partes do mundo, seis são descobertas, e as sétima está imersa em água, citação aprovada por santos, que também citam o terceiro e quarto livro de Esdras, assim como Santo Agostinho e Santo Ambrósio, em seu “Exameron”, onde acrescenta: ali virá meu filho Jesus e morrerá meu filho Cristo, e dizem que Esdras foi profeta, da mesma forma que Zacarias, pai de São João…” (p. 147).
“Enquanto isso, enviarei a Vossas Majestades esse relatório e o desenho da terra, para decidirem sobre o que deve fazer e me enviarem as ordens, que se cumprirão com a ajuda da Santíssima Trindade com o máximo empenho… Deo Gratias.” (p. 147/ 3ª viagem)
“E volto aos navios, que a tempestade me arrebatou, e me deixou sozinho. Nosso Senhor os coloca `a minha frente quando lhe imploro.” (p. 152).
“Cheguei ao cabo de “Graças a Deus” e ali Nosso Senhor me concedeu vento e corrente propícios. Isso foi a 12 de setembro. Fazia 88 dias que essa espantosa tempestade não me dava trégua, a ponto de não ver o sol nem as estrelas pelo mar; os navios já estavam com rombos, as velas rasgadas, as âncoras, enxárcias, cabos, tudo perdido, junto com os barcos e muitas provisões, e a tripulação toda doente e contrita, vários com promessas religiosas e não poucos com outros votos e romarias, até terminar o mau tempo” (p. 152).
“Quando aprouve a Nosso Senhor, voltei a Porto Gordo, onde me refiz da melhor maneira que pude” (p. 153).
“Ali Nosso Senhor colocou diante de mim um rio com porto seguro… Nosso Senhor como sempre nos socorreu” (p. 154).
“Levantei-me como pude, e ao fim de nove dias fez calmaria. Parti em nome da Santíssima Trindade na noite de Páscoa…” (p. 155).
“Tudo isso é garantido dos cristãos e certeza de domínio, com grande esperançada honra e engrandecimento de nossa religião” (p. 156)
“Josefo, em sua crônica das “Antiguidades Judaicas”, descreve tudo isso. No Paralipômenos e no Livro dos Reis há também referências. Josefo pretende que esse ouro tenha sido extraído na Áurea”…
“O imperador de Catai há tempos pediu aos sábios que lhe ensinem a fé em Cristo. Quem se prontificará a fazer isso? Se Nosso Senhor me reconduzir à Espanha, eu me comprometo a levá-lo, com o nome de Deus sempre em segurança” (p. 157).
“Bom é dar a Deus o que é seu e aceitar o que nos pertence… Depois que eu, por vontade divina, as coloquei sob o seu real e augusto poder …”(p. 158).
“Isolando nesta provação, doente, esperando a morte dia a dia, rodeado por um bando de inimigos selvagens e cheios de crueldade, e tão afastado dos Santos Sacramentos da Santa Igreja que esta alma será esquecida se separar do corpo. Que chore por mim quem ama a caridade, a verdade e a justiça. Não fiz essa viagem para obter honrarias e riquezas porque a minha esperança já estava completamente morta… Suplico-vos humildemente que, se a Deus aprouver tirar-me daqui, que haja por bem abençoar a minha ida a Roma e a outras romarias. Cuja vida e augusto estado guarde e engrandeça a Santíssima Trindade. Escrito nas Índias, na ilha de Jamaica, a 7 de julho de 1503.” (p. 159/fim da 4ª viagem).
Por tudo isso se vê o quanto Colombo era católico e fervoroso.
Fonte: Diários da Descoberta da América, L &PM Editores, Porto Alegre, 1986, 3ª edição.