Nos meus 64 anos de vida nunca vi uma seca, uma estiagem, tão longa e dura como esta que estamos vivendo. O governo de São Paulo e de outros estados estão fazendo uma ginástica enorme para que as cidades não fiquem sem água. Os rios estão minguando e os reservatórios também. No entanto, ainda não vi uma notícia sequer sobre alguma celebração de Missa para pedir chuva a Deus. Já está na hora de implorar ao céu, como se fazia antigamente, com muita frequência.
Lembro-me que quando era criança, meu pai tinha um sítio, que hoje é a “Casa de Betânia”, do querido falecido Padre Léo, em Lorena/SP. Em frente ao sítio, no arraial, minha avó Ana construiu uma pequena igreja em honra a Santa Lucrécia, e trouxeram uma bela imagem dela da Europa. Está lá até hoje.
Pois bem, naquela época, quando havia uma grande estiagem, e os pastos secavam deixando o gado passando fome, o povo todo do bairro, com as famílias dos fazendeiros, traziam a imagem de Santa Lucrécia em procissão, por 10 km, até a Catedral de Lorena, onde o pároco celebrava uma Santa Missa pedindo chuva a Deus.
Meu pai contava que várias vezes ele presenciou que tão logo a Missa terminava começava a chover. Será que ainda acreditamos nisso?
Ora, o Missal Romano (Ed. Paulus, 6ª edição) traz o rito de várias Missas “em diversas circunstâncias da vida pública”: pode-se rezar a Missa pedindo para evitar guerra e calamidades, pela santificação do trabalho, para a sementeira, após a colheita, em tempo de fome, pelos refugiados e exilados, pelos prisioneiros, pelos doentes, agonizantes, em tempo de terremoto, para pedir bom tempo, para repelir as tempestades, para pedir chuva, em ação de graças e por qualquer necessidade” (p. 914 -929).
Inclusive, o Missal traz a oração do dia da Missa para pedir chuva:
“Ó Deus, em quem vivemos, nos movemos e somos, concedei-nos as chuvas necessárias , para que, auxiliados quanto aos bens da terra, desejemos com mais confiança os do céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo , vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
As Antífonas rezam:
“Coroais o ano todo com vossas bênçãos e a terra se enche de frutos” (Sl 64,12)
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo, diz o Senhor” (Mt 28,20).
Além de todo o esforço gigantesco que os governantes estão fazendo para minimizar a seca, é preciso rezar. Não é à toa que a Igreja recomenda a Santa Missa por todas as necessidades humanas. É hora de olhar para o céu; a terra é boa, mas a chuva vem do céu.
Que tal retomarmos essas Missas e procissões?