Bons carrascos são os indivíduos que, embora bons, virtuosos, de boas intenções, mas levados, talvez, pela intriga, por uma excitação nervosa, por excesso de mal entendido e amargo zelo, maltratam-nos, perseguem-nos e nos fazem sofrer. E não é raro isto, São Pedro de Alcântara, cheio de compaixão para com Santa Teresa, disse-lhe que uma das maiores penas deste exílio era a que ela havia sofrido, isto é, a contradição das pessoas de bem.
Vede quantos exemplos desse martírio tão cruel para um coração sensível: São João da Cruz foi lançado numa prisão pelos Padres da Observância, privado da Santa Missa, em rigorosa abstinência, disciplina e insultos; Leão IX esteve prevenido contra São Pedro Damião, por causa das más línguas; Santo Afonso teve como um dos seus grandes perseguidores o Pe. Francisco de Paula, um homem de Deus, virtuosíssimo, de uma vida exemplar.
Disse o Pe. Luiz de La Puente, na “Vida do Padre Baltazar Alvares”: – “…Os mais santos, enfim, podem-se fazer sofrer mutuamente, ou porque se enganem, ou porque não compreendam as coisas do mesmo modo. Haverá sempre entre os homens diversidade de vida e de humores. Tenhamos paciência com os bons carrascos. Neste mundo não somos todos da mesma forma. Há tanta variedade de gênio, educação, temperamento e caráter! Os bons carrascos são inevitáveis!
Trecho retirado do Livro: O Breviário da Confiança – Mons. Ascânio Brandão