O testemunho de um ateu que se converteu através de um sorriso de Bernadete de Soubirous
“Na época em que se realizavam as aparições de Lourdes, conta o Conde de Broussard, eu me encontrava em Cauterets. Nenhuma crença tinha nessas aparições, nem acreditava na existência de Deus. Era um devasso e ateu declarado. Lendo num jornal a notícia de que Bernadete tivera mais uma aparição, em 16 de junho, na qual a Virgem lhe sorria, tomei a resolução de ir a Lourdes para convencer a menina de que era uma embusteira.
Fui à casa dos Soubirous, onde encontrei Bernadete sentada á porta, cerzindo meias. Ela me parecia bastante vulga, mas, nos traços do semblante sofredor, espalhava-se uma grande doçura.
A pedido meu, fez o histórico das aparições, com uma simplicidade e firmeza que me comoviam. – Então, disse-lhe, eu, como é que sorria a bela Senhora? A pastorinha olhou-me espantada e, após uns momentos de silêncio, respondeu: Ah! senhor, só alguém que viesse do Céu poderia imitar aquele sorriso.
– Não me fará o favor de experimentá-lo para mim? Eu sou um incrédulo. Não acredito nas suas visões. Nublou-se o semblante da menina, tomando uma expressão de severidade.
– Então pensa o senhor que sou mentirosa? Senti-me desarmado. Não! Bernadete não poderia ser uma embusteira. E experimentei o desejo de lhe pedir perdão de joelhos.
– Visto que é um pecador, retornou ela, vou imitar para o senhor o sorriso da Santíssima Virgem.
Levantou-se com muita dignidade, juntou as mãos e o seu rosto se iluminou com um sorriso tão angelicamente belo, que não me pude conter. Caí de joelhos, convencido de que estava vendo no semblante da visionária o doce sorriso da própria Virgem.
Desde então, no mais fundo de minha alma, conservo aquele sorriso indefinível do Céu. Muita lágrima já me tem ele enxugado! Perdi a esposa. Perdi as duas filhas, que eram o meu encanto. Sinto, porém, que não estou só no mundo, pois me acompanha sempre o sorriso da Santíssima Virgem que em anima a vida.”
Trecho retirado do livro: O Breviário da Confiança