Não é sem razão que a Igreja é totalmente contra a prática da inseminação artificial; não só por questão moral e teológica, mas também pelas consequências nefastas que temos visto.
“As técnicas que provocam uma dissociação da paternidade… são gravemente desonestas”, porque elas “lesam o direito da criança de nascer de um pai e de uma mãe conhecidos por ele e ligados entre si pelo matrimônio”. (CIC, §2376).
Hoje é grande o número de jovens nos EUA e Europa que não conhecem o seu pai porque foram gerados por um esperma doado anonimamente a uma clinica de fertilização. Esses jovens não conhecem a metade de sua história; e hoje muitos deles estão correndo atrás desta origem. São enormes as consequências psicológicas para esses jovens.
A imprensa tem noticiado continuamente casos escandalosos por causa da fecundação artificial: comercialização do ventre feminino, mãe e irmã ao mesmo tempo, incesto sem contato sexual, rixas entre pessoas interessadas, avós e tias se tornam genitoras respectivamente de seus netos e sobrinhos; há genitores estranhos ou alheios aos seus próprios filhos, crianças órfãs antes mesmo de nascer; diz-se que até mesmo existem filhos de genitores do mesmo sexo…
Essa revolução vai destruindo cada vez mais o conceito de família. E o que será da sociedade sem a família?
O Conselho europeu aprovou em 1995, 32 artigos que visam a resguardar os direitos da vida e do ser humano, acentuando o princípio: “Primeiramente o homem, depois a ciência”.
O jornal O GLOBO de 12/01/03, Caderno da Família, p. 2., publicou uma série de fatos escandalosos da proveta:
1- Embriões órfãos: Uma clínica na Austrália mantém dois embriões congelados de um casal de milionários mortos num acidente de carro em 1983. Ao saber da fortuna em jogo, numerosas mulheres ofereceram-se para gerar os bebês. Mas a justiça da Austrália decidiu manter os embriões congelados. O dinheiro pesa mais do que as crianças.
2- Bebês que ninguém quer: Faltavam apenas três meses para a mãe de aluguel inglesa Helen Beasley ter um casal de gêmeos e ela ainda procurava alguém para adotá-los. Beasley alugou o útero por US$ 20 mil a um casal americano submetido à fertilização “in vitro”. Mas o casal queria apenas um filho e desistiu dos bebês. Ela se negou a fazer aborto porque a gravidez estava adiantada.
[Será que o ventre humano é uma incubadora de aluguel? E as crianças são mercadorias que se pode encomendar, e se devolver se não agradar?]
3- Brigas por embriões: Um casal disputa a guarda de sete embriões na Justiça dos EUA. Submetido à fertilização “in vitro” em 95, o casal, hoje separado, teve implantados quatro dos 11 embriões obtidos. Os dois tiveram um filho e agora o ex-marido quer que os embriões sejam implantados em sua nova mulher.
[Quem é quem? Quem é o pai? Quem é a mãe?]
4- Tia e mãe ao mesmo tempo: A menina Elizabetta nasceu em Roma, em 1995, dois anos depois de sua mãe biológica morrer. A menina foi gerada pela irmã de seu pai biológico, que serviu de mãe de aluguel, recebendo um embrião congelado da cunhada e do irmão. Elizabetta vive com a sua tia, e também mãe.
5- Dois pais e só uma mãe: O casal homossexual inglês Barrie Drewitt e Tony Barlow alugou o útero de uma mulher para receber dois embriões, concebidos com os espermatozoides deles e o óvulos vendidos por uma americana. Os bebês, cada um de um pai, mas com a mesma mãe, nasceram em janeiro.
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6- Mãe virgem: Em 1987, a pastora americana Lesley Northrup foi mãe-virgem. Ela teve um óvulo fertilizado com um espermatozoide de um doador desconhecido. O embrião foi implantado em Northrup, virgem e solteira, sem a necessidade do ato sexual.
7 – Incesto sem sexo: Uma francesa deu à luz a um filho de seu irmão nos EUA. Jeanine Salomone, de 62 anos, pagou quase US$ 100 mil para ter uma menina. O espermatozoide foi doado pelo seu irmão. A clínica confessou que não pediu a certidão de casamento dos dois. Pai e tio ao mesmo tempo.
8 – Gerado com esperma do marido morto: Em 1999, a viúva americana Gaby Vernoff deu à luz nos EUA a um filho gerado a partir de seu óvulo e do espermatozoide congelado de seu marido, morto em 1995. Foi o primeiro caso do tipo no mundo. Foi uma fecundação despersonalizada. Não deve haver a geração de uma criança sem a participação dos pais, e sem o seu ato de amor conjugal, que é “o ato fundante da vida”.
9 – Só serve se for surdo: As americanas Sharon Duchesneau e Candace McCullough usaram a inseminação artificial para ter dois filhos surdos como elas. Para gerar Jehanne, de 5 anos, e Gauvin de 5 meses, o casal lésbico contou com a ajuda de um amigo da família, também surdo, depois que vários bancos de esperma se recusaram a colaborar com seus planos.
10 – Filhos trocados: Um outro caso doloroso aconteceu na Inglaterra – Esta matéria foi publicada no Jornal “Folha de São Paulo”, dia 09/07/2002, com o título: Brancos têm gêmeas negras por erro médico.
“Um casal de brancos que recorrera à inseminação in vitro teve duas gêmeas negras por conta de confusão ocorrida numa clinica estatal britânica, de acordo com reportagem publicada no tabloide “The Sun”. Nos próximos meses esse casal estará no centro de uma batalha judicial para definir quem são os verdadeiros pais dos bebês. A confusão envolve ainda um casal de negros que também tentava ter um filho por meio da fertilização in vitro, segundo o tabloide.
A disputa judicial é uma das mais controversas dos últimos tempos. Segundo especialistas ouvidos pelo diário britânico “The Independente”, a mãe branca que deu à luz as gêmeas deveria ser considerada a verdadeira mãe dos bebês. Contudo, se ficar estabelecido legalmente que o pai biológico das meninas é um homem negro que, ao lado de sua parceira negra, também fazia parte de um programa de fertilização “in vitro”, então o caso será mais difícil de ser resolvido, pois não há precedente legal no Reino Unido para amparar a decisão do juiz”.
Fonte: Pergunte e Responderemos, Nº 490 – Ano 2003 – Pág. 179 e Nº 404 – Ano 1996 – Pág. 45.