Uma pesquisa realizada pelo “Project for The Study of the 21st Century”, instituição que reúne especialistas de diferentes áreas de atuação dedicados ao estudo de temas de relevância global, incluindo conflitos internacionais, constatou que o número de mortos em decorrência de guerras aumentou 28% em 2014 na relação com 2013.
A pesquisa procurou levantar a quantidade de fatalidades ocorridas em 2014 em todos os grandes conflitos em andamento no planeta. A partir destes números, tais conflitos foram então classificados de acordo com a sua mortalidade.
Peter Apps, um dos diretores da entidade, disse: “vemos um aumento nestes números. E isto é muito preocupante”, constatou. Para ele, na maioria dos casos, a “matança” está ligada a extremistas como o Estado Islâmico (EI), no Oriente Médio, e o Boko Haram, na Nigéria. Os conflitos mais mortais (Conflito árabe-israelense, EI, Estado Islâmico, EIIL, Guerras, Violência política, Boko Haram) acontecem nesses países: Afeganistão, Ásia, Argélia, África, Palestina, Cisjordânia, Índia, Filipinas, Iraque, Israel, Iêmen, Líbia, Mali, Nigéria, Paquistão, Somália, Sudão, Sudão do Sul, Síria, Tailândia, Ucrânia.
É muito importante notar que nesta longa lista não aparece nenhum país do Ocidente. Nenhum país da Europa, América do Norte, Central e Latina. Fica então uma pergunta: Por que será que isso acontece?
A resposta me parece clara. O Ocidente foi moldado em sua cultura pela Igreja Católica, com base no Sermão da Montanha, onde Jesus enfatizou o perdão, até ao inimigo. Com base nisso a Igreja moldou a Civilização Ocidental buscando a paz, a concórdia entre os povos, o diálogo entre as nações. Todo fanatismo religioso e toda intolerância religiosa foi abolida. No Ocidente todas as religiões podem conviver livremente; há respeito pela liberdade religiosa. No conturbado século X, onde as guerras eram inúmeras por conta do feudalismo e das incursões bárbaras dos normandos e magiares, a Igreja pregava a “Paz de Deus” e a “Trégua de Deus”, buscando a paz.
Foi a Igreja que moldou a Civilização Ocidental da qual nos orgulhamos, onde se preza a liberdade, os direitos humanos, o respeito pela mulher e por cada pessoa. Sem o trabalho lento e paciente da Igreja, durante seis longos séculos para vencer a barbárie, o Ocidente não seria o mesmo.
Foi esta Civilização moderna, gerada no bojo do Cristianismo que nos deu o milagre das ciências modernas, a saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a caridade como uma virtude, o esplendor da Arte e da Música, uma filosofia assentada na razão, a agricultura, e muitos outros dons que nos fazem reconhecer em nossa civilização a mais bela e poderosa civilização da História. A responsável por tudo isto é a Igreja Católica, diz o historiador americano Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard nos EUA. No seu livro “Como a Igreja construiu a Civilização Ocidental, ele afirma que:
“Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”.
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Igreja Católica, mãe das Universidades
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A Igreja fundou as primeiras Universidades do mundo, como a de Paris (Sorbonne), Oxford, Bolonha, etc., e foi ela que humanizou o Ocidente insistindo na sociabilidade de cada pessoa humana. Nenhuma outra Instituição contribuiu tanto para moldar a nossa civilização ocidental. Muitos não sabem disso; por isso, é essencial mostrar essa verdade e as suas consequências hoje. Na verdade a Igreja soube aproveitar o que há de bom na civilização greco-romana, pré-cristã, não os desprezou, e soube com os valores cristãos moldar a nossa Civilização.
A Civilização Ocidental tem uma enorme dívida com a Igreja pelo sistema universitário, pelo trabalho de caridade realizado pela Igreja, pelo advento da lei internacional, as ciências, as artes, a música e muito mais.
Reginald Grégoire afirma que os monges deram “a toda a Europa… uma rede de fábricas, centros de criação de gado, centros de educação, fervor espiritual, … uma avançada civilização emergiu da onda caótica dos bárbaros. Sem dúvida alguma S. Bento (o mais importante arquiteto do monaquismo ocidental) foi o Pai da Europa. Os Beneditinos e seus filhos, foram os Pais da civilização Europeia”.
O desenvolvimento do conceito de “lei internacional”, surgiu no séc. XVI nas universidades espanholas; foi Francisco de Vitória, um padre e professor que ganhou o título de “pai da lei internacional”. Analisando os maus tratos dos nativos do América recém descoberta, o padre Vitória e outros filósofos católicos e teólogos começaram a discutir os direitos humanos e as relações que deveria haver entre as nações.
A lei ocidental é uma dádiva da Igreja; a lei canônica foi o primeiro sistema legal na Europa, o que deu início ao primeiro corpo coerente de leis. Segundo Harold Berman “foi a Igreja que primeiro ensinou o homem ocidental um sistema moderno de lei. A Igreja primeiro ensinou que conflitos, estatutos, casos, e doutrina podem ser reconciliadas por análises e sínteses”. A formulação dos direitos, que surgiu da civilização ocidental, não veio de John Looke e Thomas Jefferson, mas muito antes, das leis canônicas da Igreja Católica.
Even Lecky, um historiador do séc. XIX, crítico contra a Igreja, admitiu que, tanto no campo espiritual como no compromisso da Igreja com os pobres, foi feito algo novo no mundo ocidental e que representou um grande crescimento em relação à Antiguidade. (Essas referências estão em meu livro “Uma história que não é contada”).
A Igreja católica, sem dúvida, é a Instituição que mais caridade fez e faz; 25% de todas as entidades que tratam de aidéticos no mundo, são da Igreja. Foi a Igreja quem fundou as “Santas Casas de Misericórdia”, e tantas outras instituições de caridade. Os nossos papas têm sido no mundo todo os “mensageiros da paz”.
Mas algo muito preocupante acontece hoje no Ocidente; uma cultura sem Deus, laicista, embalada pelo ateísmo e materialismo, começa a destruir tudo isso que a Igreja construiu com muita luta, sangue e trabalho. Muitas universidades fundadas pela Igreja, se voltam hoje contra ela.
O Papa Bento XVI assim definiu a situação do mundo Ocidental hoje: “[…] no mundo ocidental de hoje vivemos uma nova onda de iluminismo drástico, ou laicismo, como se queira chamá-lo. Tornou-se mais difícil ter fé, pois o mundo no qual estamos é completamente feito por nós mesmos, e nele Deus, por assim dizer, já não comparece diretamente. Não se bebe mais diretamente da fonte, mas sim do recipiente em que a água nos é oferecida. Os homens reconstruíram o mundo por si mesmos, e tornou-se mais difícil encontrar Deus neste mundo” (Entrevista em Castel Gandolfo, 5 de agosto de 2006 ).
Se esta onda vencer, se os cristãos não se mobilizarem contra ela, poderemos perder a Paz e tudo mais que a Igreja construiu em nosso chão, a custa de muitos mártires.
Prof. Felipe Aquino