Amar é servir! Desinteressadamente. É a primeira lição que Maria nos dá.
Tão logo o Arcanjo Gabriel anunciou a Maria que ela seria a Mãe do Salvador, e Maria vai, apressadamente, diz São Lucas, para fazer uma visita à sua prima Isabel, já idosa, para ajudá-la nos serviços do lar. A Virgem caminha cerca de 200 km, passa pela Samaria e chega a Judeia, vai à cidade de Ain-Karin, no alto das montanhas da Judeia onde morava o sacerdote Zacarias.
Certamente, Maria caminha, por uma semana, meditando o mistério anunciado pelo anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo!”. “Não temas Maria, encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho que colocarás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á filho do Altíssimo e o Senhor Seu Deus lhe dará o trono do seu Pai Davi… e o seu reino não terá fim”. (Lc 1,30ss)
Seu coração humilde transbordava de alegria e júbilo, ainda sem entender tudo. Mas, apesar de tudo o que se passava em sua mente e em seu coração, ela pensa na sua idosa parenta Isabel, que precisa dela. Vai, então, às pressas pelas montanhas da Judeia. Ao chegar à casa de Isabel, a saúda: Shalom! João Batista estremece no seio de Isabel, e esta, cheia do Espírito Santo, diz São Lucas, exclama:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1,40-45).
Isabel é a primeira pessoa, iluminada pelo Espírito Santo, que percebe que está diante da Mãe de Deus humanado. “A Mãe do meu Senhor!”. Ciente desta verdade, diante de Jesus e de João Batista que se encontram ainda nos seios de suas mães, com sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e bondade de Deus, Maria, cheia do Espírito Santo, expressa com o Magnificat, toda a sua alegria e júbilo:
“Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.” (Lc 46-55)
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Vinte séculos de cristianismo repetiram rezando e cantando este hino. Este canto é o suficiente para provar e demonstrar a visita do Anjo e o prodígio operado na Virgem Maria. Se ela não tivesse estado sob a ação do Espírito Santo, jamais aceitaria ser chamada de “bendita entre todas as mulheres”, como lhe disse Isabel. E como se atreveria a dizer que “todas as gerações me chamarão de bem aventurada”. E o mais admirável é que todas as suas palavras se realizaram e todos os séculos passam ante Ela cantando a sua felicidade sem igual, de ser escolhida para ser a Mãe de Deus, por ser a mais humilde de todas as mulheres.
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O Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que, pelo Espírito Santo, percebe os grandes mistérios que se operam nela: a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do Batista, precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe.
Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, servindo-a humildemente. A primeira coisa que faz a Mãe de Deus, é servir! Amar é servir! Desinteressadamente. É a primeira lição que Maria nos dá. Ela não levou em conta ser a Mãe do Salvador; teria o direito de ser servida; mas, ao contrário, vai logo servir. Reinar com Cristo é servir!
São Francisco de Sales, doutor da Igreja, diz: “Na Encarnação Maria se humilha confessando-se a serva do Senhor… Porém, Maria não fica só na humilhação diante de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus ao próximo. Não é possível amar a Deus que não vemos, se não amamos os homens que vemos. Esta parte realiza-se na Visitação.”
Depois dos oito dias para o rito da circuncisão de João Batista e imposição do nome, Maria volta para Nazaré.
A festa da Visitação, de origem franciscana, que os frades menores já a celebravam em 1263, era celebrada a dois de julho, isto é, ao término da visita de Maria.
A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI (1378-1389) para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente no século 14.
O atual calendário litúrgico abandonou a data tradicional de 2 de julho para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem.
Prof. Felipe Aquino