“Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo… Brilhe a vossa luz diante dos homens para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5, 13-16)
A Igreja nos revela com clareza o sentido profundo da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, algo que era previsto para todo primogênito do sexo masculino. O menino era consagrado a Deus, mas para leva-lo de volta para casa os pais deviam deixar como que um “resgate”, um boi, uma ovelha ou um casal de pombos para os pobres. Os pais de Jesus pagaram também esse resgate, mas sabiam que era só por um pouco de tempo, pois esse Menino seria o Messias de Deus, o enviado para salvar a humanidade. Ele só voltaria ao mundo para salvar o mundo.
A apresentação de Jesus no Templo mostra-o como o Primogênito pertencente ao Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a espera de Israel que vem ao encontro de seu Salvador. Jesus é reconhecido como o Messias tão esperado, “Luz das nações” e “Glória de Israel”, mas também “sinal de contradição”. A espada de dor predita a Maria anuncia esta outra oblação, perfeita e única, da Cruz, que dará a salvação que Deus “preparou diante de todos os povos”. (§ 529)
Vemos ai o destino messiânico de Jesus. “Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na lei de Deus: Todo o primogênito varão será consagrado ao Senhor e para oferecerem em sacrifício, como se diz na lei do Senhor, um par de rolas ou duas pombinhas” (Lc. 2, 22-24).
Maria e José obedecem a vontade de Deus, de maneira simples e oculta. Na Casa do Senhor, o Filho de Deus humanado é consagrado a Seu Pai. Ele é o verdadeiro Cordeiro, que vai “tirar o pecado do mundo” (Jo 1,29).
Neste dia fazia-se também a “purificação” da mãe, após o parto, prescrita pela lei. Não se tratava de purificar a consciência de Nossa Senhora, Virgem Imaculada, de alguma mancha de pecado, mas somente de readquirir a pureza ritual. Segundo as ideias do tempo, a mulher era atingida pelo simples fato do parto, sem que houvesse alguma culpa.
No Templo José e Maria encontram-se com Simeão, “homem justo piedoso, que esperava a consolação de Israel” (Lc. 2, 25). “O Espírito Santo estava nele” e “tinha-lhe revelado que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor” (2, 26). Simeão, “impelido pelo Espírito” (Lc. 2, 27), tomando o Menino nos braços, bendiz a Deus: “Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra” (Lc. 2, 29).
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A apresentação de Jesus no Templo
Neste momento da Apresentação do Senhor, temos o encontro da “esperança de Israel com o Messias esperado” há tanto tempo e anunciado pelos profetas. A entrega do Menino por Maria a Simeão, simboliza a entrega do Filho de Deus aos homens pela Mãe. De Eva veio o pecado, de Maria, da Mãe a salvação.
E Simeão faz referência à profecia do “Servo de Javé”. A Ele o Senhor diz: “Formei-Te e designei-Te como aliança do povo e luz das nações” (Is. 42, 6). E ainda: “Vou fazer de ti luz das nações, a fim de que a Minha salvação chegue até aos confins da terra” (Is. 49, 6). “Os meus olhos viram a Salvação, que preparaste em favor de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória de Israel, Teu povo” (Lc. 2, 30-32).
José e Maria estavam admirados “com o que se dizia d’Ele” (Lc. 2, 23), e compreendem a importância do seu gesto de oferta: no Templo de Jerusalém apresentam Aquele que, sendo a glória do Seu povo, é também a salvação da humanidade inteira.
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De modo especial hoje é dia dos Consagrados a Deus, todos aqueles que de uma forma ou de outra colocaram Deus como o centro da vida, deixaram as coisas do mundo e suas consolações, para servir ao Senhor, sem olhar para trás, como disse Jesus: “Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.” (Lc 9, 62). É o dia de renovar esse voto tão difícil e suplicar a graça de Deus.
Não só os sacerdotes e religiosos, consagrados oficialmente pela Igreja, devem fazer hoje a sua consagração, mas todos os cristãos, pois, pelo Batismo, somos todos “consagrados” ao Senhor. Somos todos ovelhas do seu rebanho, “discípulos e missionários”. Os casados se consagram na “igreja doméstica”, na fidelidade ao cônjuge, no esmero da educação dos filhos e no serviço do Reino de Deus. São sacerdotes do lar, de onde nascem e se formam os filhos de Deus para um dia habitarem o céu.
Hoje é dia de acolher o Menino em nossos braços como Simeão, e mais ainda em nossos corações, para que ai Ele viva e nos forme em nós a Sua bela imagem.
Não podemos esquecer que Simeão disse que Aquele Menino era colocado no mundo como “Sinal de contradição”; por isso foi eliminado pelos homens. O Papa Bento XVI disse que hoje devemos estar preparados para enfrentar um novo tipo de martírio: o “martírio da ridicularização”. “Ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11). Esta realidade continua ainda hoje, e perdurará até Jesus voltar. A Sua Luz brilha nas trevas, mas as trevas a rejeitam. Ser consagrado ao Senhor é ser luz para o mundo, como a Lua que reflete a luz do Sol sobre a terra.
Ser consagrado é ser todo de Deus, viver para Deus, mesmo no mundo, deixar-se guiar por Deus a cada momento, ter o coração em Deus. Como disse São Paulo: “Tudo o que fizerdes, fazei de bom coração, não para os homens, mas para o Senhor”. (Col 3,23)
Prof. Felipe Aquino