Ele disse a seu povo no deserto: “Não te prostrarás diante desses deuses nem lhes prestarás culto, pois Eu Sou o Senhor teu Deus, um Deus ciumento” (Ex 20,25).
O que Deus quer é o nosso coração, nada mais. Ele não quer nos dividir com ninguém e com nenhuma coisa. Ele nos dá tudo: a vida, a saúde, o alimento, os bens, esposa, filhos, casa, carro… mas quer que só nos apeguemos a Ele; porque Ele nos fez para Ele, por amor, para ser feliz Nele, pois só Ele pode satisfazer os anseios infinitos de nosso coração inquieto.
“Não é Ele o teu Pai que te gerou, o Criador que te formou e te sustenta?” (Dt 32,6).
Santo Agostinho entendeu isso melhor do que ninguém, depois de procurar a felicidade em muitas coisas vazias:
“Tu nós criastes para Ti, e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti” (Confissões, 1,1).
É por isso que Deus vai tirando aos poucos, às vezes delicadamente, e às vezes com mão pesada, o que ocupa o espaço em nosso coração que é Dele. Isso pode doer em nós, mas Deus o faz por amor, como um pai que às vezes tem de levar seu filhinho para tomar uma injeção doida, para não morrer de pneumonia.
Imagine um vaso que você queira encher de água totalmente. Mas se ele estiver com pedras e outras coisas dentro, ele não poderá ser totalmente cheio de água.
Deus tira de nós, com a sua graça, aquilo que nós mesmos não temos força ou coragem para tirar de nossa alma, e que não são Dele; é o que a teologia chama de “ascese passiva”, Ele age por nós. Por isso, precisamos pedir: “Ensinai-nos, Senhor, a receber com um coração agradecido os bens que vós nos dais, e a aceitar com paciência os sofrimentos que pesam sobre nós”.
Da mesma forma é o nosso coração como um vaso a ser preenchido; se ele estiver com entulhos, coisas que não são de Deus, ainda que sejam boas, Deus não poderá encher plenamente a nossa alma. Santo Agostinho disse que “a intensidade da santidade de uma pessoa depende de quanto ela permite que Deus ocupe seu coração”.
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“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de todo o teu entendimento e com todas as forças da alma. É este o maior mandamento” (Mt 22,37-38).
“O que o Senhor teu Deus te pede? Apenas que o temas e andes em seus caminhos; que ames e guardes os mandamentos do Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, para que sejas feliz (Dt 10,12-13).
Deus tem o direito de exigir que o amemos acima de tudo e de todos, porque Ele nos ama acima de tudo e de todos. Cristo deu a Sua vida por nós:
“Vivo agora esta vida na fé no Filho de Deus, Jesus Cristo, que me amou e, por mim, se entregou” (Gal 2,20).
“Carregou sobre si nossas culpas em seu corpo, no lenho da cruz, para que, mortos aos nossos pecados, na justiça de Deus nós vivamos. Por suas chagas nós fomos curados.” (1 Pe 2,24).
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“Amor só se paga com amor” (São João da Cruz). E o amor a Deus deve ser absoluto. Deus não nos ama parcialmente.
Isto nos leva a desejar Deus com sede e fome: “Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus!” (Sl 41,2).
São Paulo explicou bem como deve ser a nossa retribuição ao amor de Deus por nós:
“Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” (Cor 10,31).
“Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Col 3,17).
Jesus viveu para fazer o que Deus queria Dele: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 4,34).
Mas é preciso dizer que, embora Deus seja ciumento, Ele não nos agride e não nos obriga a amá-Lo. Ele nos acompanha, sonda-nos, chama-nos sem cessar, e espera que abramos o coração a Ele. Jesus disse que está à porta e bate; quem abrir ceiará com Ele. Tem ceia melhor?
Prof. Felipe Aquino