Em 1544, com quase 30 anos, Filipe teve uma experiência extraordinária na vigília de Pentecostes. Um verdadeiro “batismo no Espírito Santo”!
A Igreja atravessava as perturbações religiosas do século XVI, sobretudo as consequências do protestantismo e da má vida de muitos do clero. Preparavam-se em Trento as seções do grande Concílio e o mundo cristão vivia uma encruzilhada histórica complicada. Nesta situação, Filipe rezava com ardor nas úmidas e escuras galerias das catacumbas de São Sebastião, onde gostava de rezar uma prece que se confundia com o clamor dos mártires que ali morreram: “Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e renovareis a face da Terra”. Enquanto rezava nas catacumbas, onde muitos mártires foram sepultados, ele recebeu uma grande efusão do Espírito Santo.
Naquele lugar, do sangue glorioso dos primeiros mártires, ele se sentia queimar de amor a Deus, e meditava o maravilhoso prodígio de Pentecostes, quando os Apóstolos, trancados no Cenáculo, foram repletos do Espírito Santo, descido neles em forma de línguas de fogo.
De repente, o seu coração foi invadido de uma grande alegria, e uma luz misteriosa o iluminou. Viu entrar dentro de sua boca uma bola de fogo, a qual fazia arder o seu coração e aumentá-lo consideravelmente de tamanho.
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De fato, quando morreu, uma autópsia de seu corpo revelou que o seu músculo cardíaco era maior do que o comum, tendo chegado a deslocar duas costelas para acomodar-se. Num instante, viu-se tomado de excepcional amor e entusiasmo pelas coisas divinas, bem como de uma capacidade incomum de comunicá-los.
Assim, esse jovem começou essa santa renovação social transformando a Itália com sublime humildade e paciência, o que sua Congregação deu continuidade gloriosamente.
O Divino Espírito Santo tinha descido ao coração de Filipe, dilatando-o milagrosamente, de tal modo que foi repetida, neste jovem de 30 anos, a mesma cena dos Apóstolos no Cenáculo!
As duas costelas que recobriam o coração ficaram, por toda a vida, arqueadas para fora e atrás do coração.
Conservam-se ainda hoje, como eloquentes testemunhas do Pentecostes de São Filipe, suas duas costelas arqueadas: uma no Oratório de Roma e a outra em Nápoles.
O Espírito Santo o tinha feito Dele. Desde esse Pentecostes, Filipe experimentou uma contínua palpitação do coração e um estremecimento, sempre que se ocupava das coisas espirituais.
Na oração, experimentava grandes emoções e alegrias espirituais, que chegava ao ponto de quase morrer. E Deus, atendendo à oração de Filipe, amenizava o fogo do seu coração. Quase no fim de sua vida, Filipe dizia que havia tido mais devoção na juventude do que na velhice, pois o Senhor Jesus amenizou, de uma vez, o seu ardor divino.
Retirado do livro: “São Filipe Néri – O Apóstolo de Roma -“. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.