A vontade de Deus nas provações da vida

“Assim também aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao Criador fiel, praticando o bem” (1Pd 4,19)

Um dos momentos mais oportunos para fazermos bem a vontade de Deus é quando as provações, as cruzes da vida nos atingem. Se Deus permite que isso aconteça, certamente Ele saberá usá-las para o nosso bem e nos fortalecer para o combate espiritual. Por isso, os apóstolos sempre estimularam os fiéis a enfrentá-las com coragem. São Pedro diz:

“Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária. Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo (…)” (1Pd 4,12).

E ele ensina que a provação nos levará à perfeição:

“O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vós fortificará” (1Pd 5,10).

É importante confiar em Deus na hora do sofrimento e não se deixar perturbar no fogo da provação. Não se exasperar, não perder a paz e a calma, pois é exatamente isto que o tentador deseja. Uma alma agitada fica a seu bel-prazer. Não consegue rezar, fica irritada, mal humorada, triste, indelicada com os outros, e acaba deprimida.

O antídoto contra tudo isso é a humilde aceitação da vontade de Deus no exato momento em que algo desagradável nos ocorre, dando, de imediato, glória a Deus, como São Paulo ensina:

“Em todas as circunstâncias dai graças, pois esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus” (1Ts 5,16). Pois, “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28).

Leia também: Sejamos “Fortes na Tribulação”!

Como devemos invocar a Deus no tempo da tribulação?

Por que o sofrimento nosso tem valor diante de Deus?

A quem deveremos recorrer se a angústia chegar?

10 Frases de Santo Agostinho sobre as provações

Por que existe o sofrimento?

É preciso fazer esse grande e difícil exercício de dar glória a Deus na adversidade. Uma maneira simples é ficar glorificando a Deus, rezando muitas vezes o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo (…)”, até que a alma se acalme e se abandone
aos cuidados de Deus.

Essa atitude muito agrada a Deus, pois é a expressão da fé pura de quem se abandona aos seus cuidados. É como a fé de Maria e de Abraão que “esperaram contra toda a esperança” (Hb 11,17-19) e assim, agradaram a Deus sobremaneira.

Há ocasiões na vida que parece impossível uma solução para o problema; é exatamente nesta hora, quando tudo
falha, que Deus age quando temos fé.

Um dia eu viajava para os Estados Unidos. Devia chegar em Nova York e tomar outro avião para Boston, onde iria pregar dois retiros. Quando cheguei a Nova York enfrentei uma fila de imigração enorme, e percebi que não daria tempo de mudar de aeroporto para pegar o voo para Boston, onde alguém já me esperava. Fiquei ansioso.

Comecei a rezar no meio da angústia. Invoquei a Deus, a intercessão dos santos, da virgem Maria sem cessar. Quando, depois de duas horas na fila de imigração, achando que já não daria mais tempo, a fila começou a andar rápido e fomos atendidos. Após o atendimento no balcão, pegamos rapidamente nossas malas e tomamos um táxi. O outro aeroporto – La Guardia – era longe e o trânsito pesado, fui pedindo a Deus que seus anjos abrissem o caminho para nós; chegamos a tempo no guichê da companhia para fazer o “check-in” (embarque). Mas eis que não era aquele terminal de embarque; tivemos então de pegar um ônibus para o novo terminal; parecia impossível pegar o voo para Boston. Com muito custo chegamos ao novo guichê, que estava vazio, fizemos o “check-in” de imediato, uma graça, e fomos às pressas para o embarque. Quando lá chegamos os passageiros estavam embarcando e com eles pudemos partir. Eu tinha certeza de que não daria tempo, mas a graça de Deus tudo providenciou. Quando tudo falha Deus age quando temos fé.

Jó agradou muito a Deus porque no meio de todas as provações, tendo perdido todos os seus bens e todos os seus filhos, ainda assim soube dizer com fé:

“Nu sai do ventre da minha mãe, nu voltarei. O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1,21).

Afirmam os santos que vale mais um “bendito seja Deus!” pronunciado com o coração, no meio do fogo da provação, do que mil atos de ação de graças quando tudo vai bem.

Assista também: Paciência nas provações – Tiago 1,2-12

O Jardineiro divino da nossa alma sabe os métodos que deve empregar para limpar cada alma. Não se assuste com as podas que o divino Jardineiro fizer no jardim de tua alma. Santa Teresa diz que ouviu Jesus dizer-lhe:

“Fica sabendo que as pessoas mais queridas de meu Pai são as que são mais afligidas com os maiores sofrimentos”.

E por isso afirmava que não trocaria os seus sofrimentos por todos os tesouros do mundo. Tinha a certeza de que
Deus a santificava pelas provações. A santa chegou a dizer que “quando alguém faz algum bem a Deus, o Senhor lhe paga com alguma cruz”.

Para nós essas palavras parecem um absurdo, mas não para os santos, que conheceram todo o poder salvífico e
santificador do sofrimento. São Paulo disse que:

“As nossas tribulações de momento são leves e nos preparam um peso de glória eterna” (2Cor 4,17). Aprendamos com eles. Lutemos pela santidade!

Retirado do livro: “Como Fazer a Vontade de Deus?”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino