“Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes” (Tg 1,17)
Para fazer a vontade de Deus é preciso ser humilde, “pobre de espírito” (anawin) como pediu Jesus.
A Igreja, sempre iluminada e assistida pelo Espírito Santo, em sua experiência bimilenar, nos ensina que os piores pecados são aqueles que ela chama de “capitais”. Capital vem do latim “caput”, que quer dizer cabeça. São pecados “cabeças”, isto é, que geram muitos outros.
Assim como, por exemplo, a capital de um estado ou de um país, é de onde procedem as ordens, decisões e comandos, assim também, desses pecados “cabeças”, nascem muitos outros.
Por isso eles sempre mereceram, por parte da Igreja, uma atenção especial. São sete: soberba, ganância, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça. Houve um santo que disse que, se a cada ano vencêssemos um desses sete pecados, ao fim de sete anos, seríamos santos. Portanto, vale a pena refletir sobre eles, a fim de rejeitá-los, com o auxílio da graça de Deus e de nossa vontade.
O primeiro, e sem dúvida o pior de todos, é a soberba. É o pior porque foi exatamente o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus, e levou Adão e Eva à desobediência mortal.
A soberba consiste na pessoa sentir-se como se fosse a geradora dos seus próprios bens materiais e dons racionais e espirituais.
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Oração da humildade, de Santa Teresinha do Menino Jesus
12 Pensamentos de Santo Agostinho sobre a humildade
Qual é o pior dos 7 pecados capitais?
Acha-se cheia de si mesma, pensa, melancolicamente, que é a própria autora daquilo que tem ou que faz de bom, e se esquece de que tudo vem de Deus e é dom do alto, como disse São Tiago.
O soberbo esquece que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, Dele depende em tudo. Como disse Santa Catarina de Sena, ele “rouba a glória de Deus”, pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem só a Deus, já que Ele é o autor de toda graça.
A soberba é o oposto da humildade. Esta palavra vem de “humus”, daquilo que se acha na terra, pó. O humilde é aquele que reconhece o seu “nada”, a sua contingência, embora seja a mais bela obra de Deus sobre a terra, a sua glória, como dizia Santo Irineu.
Foi a soberba que perdeu a humanidade, foi a humildade que a salvou. São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, garante que: “Toda a vitória do Salvador dominando o demônio e o mundo foi iniciada na humildade e consumada na humildade!”
Adão e Eva sendo criaturas quiseram “ser como deuses” (Gn 3,5). Jesus, sendo Deus, fez-se como a criatura. Da manjedoura à cruz do Calvário, toda a vida de Jesus foi vivida na humildade e na humilhação.
Pela humildade e pela humilhação Jesus se tornou o “novo Adão” que salvou o mundo (Rm 5,12). Maria, a mãe do Senhor, tornou-se a “nova Eva”, ensina a Igreja, porque na sua humildade destruiu os laços da soberba da primeira virgem. Ela disse:
“Ele olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).
Muitos cristãos são cheios de boas virtudes, mas infelizmente tornam-se “inchados”, pensando infantilmente que essas boas virtudes são méritos próprios e não graças de Deus, para serviço dos outros. Deus disse a Santa Catarina que: “O pecador, qual ladrão, rouba-me a honra, para atribuí-la a si mesmo”.
São Paulo pergunta aos coríntios:
“O que há de superior em ti? Que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias, como se o não tivesses recebido?” (1Cor 4,7).
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Como ninguém, o apóstolo sentia em si as misérias humanas, convivendo com as riquezas da graça de Deus. Ele disse aos coríntios:
“Temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós” (2Cor 4,7).
Ser humilde é ser santo, é viver o oposto de tudo isso: é saber descer do pedestal, é não se autoadorar, é preferir fazer a vontade dos outros do que a própria, é ser silencioso, discreto, escondido, é fugir das pompas e dos aplausos.
São João Batista foi modelo dessa humildade e nos ensinou a sua essência. Ao falar de Jesus, ele disse: “Importa que Ele cresça e que eu diminua!” (Jo 3,30).
Os santos foram exaltados, levados aos altares, porque se humilharam. Jesus sentou-se à direita do Pai, como homem, não apenas como Deus, porque humilhou-se como ninguém na terra.
“Por isso, Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes” (Fl 2,9).
Retirado do livro: “Como Fazer a Vontade de Deus?”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.