A vocação do povo santo é ser testemunha do seu Deus, que É e quer a Verdade!
Há muitas explicações para o 1º de abril ter se transformado no “dia da mentira”, ou dia dos tolos, ou dia dos bobos. Uns dizem que a brincadeira surgiu na França, desde o século XVI, em 1564, depois da adoção do calendário gregoriano, que mudava a data do início do ano de 1 de abril.
Nos EUA e Inglaterra o dia da mentira é chamado de “April Fools’ Day”, “Dia dos Tolos (de abril)”. Que coisa mais sem graça para ser comemorado! No Brasil, segundo a Wikipédia, o primeiro de abril começou em Minas Gerais, onde circulou “A Mentira”, um jornal fraco, lançado em 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte.
Seja qualquer que for a causa dessa excêntrica comemoração, não tem o menor sentido. Muitas brincadeiras sem graça alguma às vezes assustam as pessoas, fazendo até mal à saúde para alguns.
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O perigo da caridade sem a verdade
Para os cristãos, sobretudo, não tem o menor sentido um “dia da mentira”, podemos sim comemorar “O dia da Verdade”, especialmente nesses tempos em que ouvimos tantas mentiras para enganar o povo. Afinal de contas, a mentira, é um dos piores pecados que existe. O oitavo Mandamento (não levantar falso testemunho) proíbe falsear a verdade nas relações com os outros, isto é, mentir. A vocação do povo santo é ser testemunha do seu Deus, que é e quer a Verdade. “Eu Sou o caminho, a Verdade e a vida” (Jo 14,6). Ele deixou claro que “a verdade nos libertará” (Jo 8,32).
O mundo está dividido entre os que seguem a Verdade do Espírito Santo, que Jesus chamou de “Espírito da Verdade” (Jo 14,15.25; 16,13), e os que seguem a mentira do demônio, que Jesus chamou de “pai da mentira”: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas eu, porque vos digo a verdade, não me credes” (Jo 8,44-45).
Uma vez que Deus é “verdade” (Rm 3,4), os membros de seu Povo são chamados a viver na verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifestou plenamente. “Cheio de graça e verdade, Ele é a “luz do mundo” (Jo 8,12), é a Verdade. “Para que aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”. O discípulo de Jesus “permanece em sua palavra” para conhecer “a verdade que liberta” (Jo 8,32) e santifica. Seguir a Jesus é viver do “Espírito da verdade” que o Pai envia em seu nome e conduz “à verdade plena” (Jo 16,13). Jesus ensina a seus discípulos o amor incondicional da verdade: “Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não”, o que passa disso vem do maligno” (Mt 5,37). Diante de Pilatos, Cristo proclama que “veio ao mundo para dar testemunho da verdade”.
O homem busca naturalmente a verdade. A ciência é a busca da verdade em todos os campos do saber. A verdade gera bons frutos, remédios, tecnologia, etc. A mentira destrói. A verdade ou a veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, sem duplicidade, simulação ou hipocrisia. Os homens não podem viver bem juntos se não tiverem confiança recíproca, quer dizer, se não manifestarem a verdade uns aos outros.
Os discípulos de Cristo “revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” (Ef 4,24). “Livres da mentira” (Ef 4,25), devem “rejeitar toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia, de inveja e maledicência” (1 Pd 2,1).
Por tudo isso, rejeitemos, incontinenti, esse famigerado “dia da mentira”, que na verdade é dia de muitos santos, e mais um dia do Ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Prof. Felipe Aquino