São Paulo nos ensina sobre os frutos do Espírito Santo e os frutos da carne, na carta aos Gálatas:
“Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne, pois são contrários uns aos outros… Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gal 5,17-21).
Frutos do Espírito Santo
Em seguida, São Paulo fala dos frutos doces do Espírito: “Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e temperança. Contra essas coisas não há lei, pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito” (Gal 5,22-25).
O Catecismo da Igreja diz que esses “frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da glória eterna” (n. 1832). Santo Agostinho explica que São Paulo não tinha o intuito de dar o número exato desses dons, mas apenas mostrar o “gênero de coisas” em que devemos buscá-los. São Tomás de Aquino diz que todos os atos dos dons e das virtudes podem ser reduzidos a esses frutos.
A Caridade, segundo São Tomás, é o fruto mais importante. Pela caridade o Espírito Santo nos faz semelhantes a Deus, que é amor. Ele é o Amor do Pai para com o Filho, e do Filho para com Pai. Quando uma alma é cheia do fruto divino da Caridade, o amor a transforma por completo. Assim acontece com os santos. A caridade nos leva a amar o bem e detestar o mal. “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39). Para Santo Agostinho, “o amor ao próximo é como o princípio do amor a Deus”. E “não há degrau mais seguro para subir ao amor de Deus que a caridade do homem para com seus semelhantes”.
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Consolação
A Alegria é estar sempre junto de Deus, que vence toda tristeza. A alegria é um fruto do amor, pois quem ama se alegra por estar unido ao amado. Por isso, pôde São Paulo dizer: “Estou cheio de consolação, transbordo de gozo em todas as nossas tribulações” (II Cor 7, 4). “Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos” (Fil 4,4).
A Paz é o fruto de quem vive abandonado e obediente a Deus. São Tomás diz que “a perfeição da alegria é a paz”. Mesmo nas tribulações, o cristão tem paz. Jesus é o Príncipe da Paz e nos deixou a sua Paz. “Dou-vos a minha Paz…”
A Paciência nos leva ao céu, pois vence as tribulações, as dificuldades, as tentações e tudo que nos afasta de Deus. É virtude dos fortes, dos santos. Segundo Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, a paciência é a “rainha posta na torre da fortaleza, que vence sempre e nunca é vencida”.
Jó venceu pela paciência; tendo perdido as riquezas, os filhos e a saúde, continuava glorificando a Deus: “O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1,21). Não se trata de uma espera passiva, mas de uma coragem que torna forte a alma. É como Santa Mônica, que rezou, sem desanimar, por 20 anos, até ver a conversão do seu Agostinho.
A Bondade é a virtude que nos faz agir bem com todos, sem inveja nem discriminação. Ela nos leva a fazer o bem a todos. “Fazer o bem sem olhar a quem”. E, como fazer o bem, faz bem, ela nos faz feliz. A bondade nos leva a vencer também a preguiça, pois desperta em nós a compaixão pelos que precisam de nós. A bondade nos faz querer o bem, a benignidade nos leva a realizá-la.
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A Mansidão nos leva a dominar a raiva, a ira e o mal desejo de vingança, a suportar com serenidade os males recebidos dos outros sempre com o desejo de perdoar como Jesus mandou. Não é fácil perdoar. É preciso a ação do Espírito Santo em nós. Nunca pagar o mal com o mal, mas com o bem. Amar os inimigos e abençoar os que nos amaldiçoam.
O fruto da fidelidade nos ajuda a manter a palavra dada, cumprir as obrigações assumidas, os contratos assinados, os votos feitos etc.
A Temperança ou modéstia é o fruto que nos leva a ser moderados e prudentes em tudo o que dizemos e fazemos. Faz-nos vigiar os nossos olhos, boca, risos, movimentos, roupa, tudo!, e vencer as paixões desordenadas.
Santo Agostinho recomenda particular cuidado com a modéstia exterior, que tanto pode edificar quanto escandalizar os outros. A castidade nos refreia em relação ao que é ilícito, e a continência ao que é lícito. A alma que produz o fruto da castidade torna-se angélica, dizem os santos. O casto já antegoza o Céu na terra. A continência fortalece a vontade para resistir às concupiscências desordenadas. “Os que fazem tudo que é permitido acabarão por fazer o que não é permitido”.
Enfim, assim como o ferro no fogo, aos poucos, brilha como a chama, também a alma repleta do Espírito Santo se torna semelhante a Ele.
Prof. Felipe Aquino