Deus é o criador de tudo, nada existe sem que tenha sido criado por Ele; toda a natureza é obra do seu amor, sabedoria e bondade.
São Tomás de Aquino dizia que: “Aberta a mão pela chave do amor, as criaturas surgiram”. Por isso, a Liturgia reza na Missa: “os Céus e a Terra proclamam a Vossa Glória”; e mais: “Tudo o que criastes proclama o Vosso louvor”; por isso é “nosso dever e salvação dar-Vos graça em todo tempo e lugar Pai Santo…”
A Sagrada Escritura diz que: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). “Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram formados por uma palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas” (Hb 11,3). “No princípio era o Verbo… e o Verbo era Deus… Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito” (Jo 1,1-3).
Como toda a natureza (mineral, vegetal, animal, humana) é obra de Deus, então, ela traz em si sinais da perfeição de Deus. O nosso Catecismo diz no § 293: “Eis uma verdade fundamental que a Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e de celebrar: “O mundo foi criado para a glória de Deus”; não para aumentá-la, mas para manifestá-la. O salmista canta: “Quão numerosas são as tuas obras, Senhor, e todas fizeste com sabedoria!” (Sl 104,24).
Os Apóstolos São Pedro e São Paulo compararam o Reino de Deus a uma lavoura, por isso passei a observá-las. Na minha casa eu tenho uma pequena horta onde cultivo couves, alfaces e espinafres. Nos intervalos do trabalho vou ali e descanso cuidando das plantas, e aprendo com a natureza.
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Como devemos lidar com a Criação?
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A natureza também revela Deus?
Sem molhar bastante o canteiro não consigo retirar as ervas daninhas com a raiz; e se não for assim, a erva logo renasce. Então aprendi que também para retirar as ervas daninhas das almas, os pecados, com a Confissão, é preciso molhar bastante o terreno da alma com orações e meditações, senão a erva daninha não sai com a raiz. Não podemos fazer uma conversão apressada, na base da emotividade, às pressas, sem “molhar profundamente a alma” com a água da graça de Deus, senão a erva do pecado volta a crescer e mata a boa planta.
Aprendi também que é preciso estar atento porque a cada dia nascem novas ervas más e é preciso arrancá-las na raiz. Um provérbio chinês diz que não é a erva daninha que mata a planta, mas a preguiça do lavrador.
Aprendi também que a boa plantinha nasce muito pequena e frágil e que é preciso cuidá-la com muito carinho, não deixando de regá-la todos os dias. Assim também é na evangelização; se as almas abertas a Deus não forem “regadas” diariamente pela oração, vida sacramental, meditação da Palavra de Deus, etc., a plantinha da fé não sobrevive. Não adiante molhar muito planta apenas uma vez por semana; é preciso regá-las todos os dias. Mozart disse que quando ele ficava um dia sem tocar seu piano, no dia seguinte ele notava que estava pior; quando ficava dois dias sem tocar, os mais íntimos notavam; quando ficava três dias sem tocar, toda a plateia notava.
Aprendi também que se o canteiro não for bem preparado, a terra bem afofada, as pedras retiradas, o adubo colocado, a planta não cresce. Fiquei pensando na evangelização: se não houver uma terra bem preparada a semente não brota; e se brota, não cresce; e se cresce, não dá fruto; e se dá fruto, é minguado. É por isso que Jesus caminhou três anos com os Apóstolos, molhando a terra de suas almas, afofando o chão duro dos seus corações, adubando com as orações, pregações, milagres, paciência, amor, etc.
Este é um pequeno exemplo de que podemos aprender muito com a natureza, porque ela é divina, como disse um grande cientista: a criação é uma obra de arte que Deus escreveu na linguagem matemática. Observe o seu silêncio, a sua perfeição, a sua beleza… e você verá que “tudo o que criastes proclama o Vosso louvor”.
Prof. Felipe Aquino