A grande e honrosa tarefa que Deus reservou para os pais é a de gerar e educar os seus filhos. Digo “seus”, porque, antes dos filhos serem nossos, eles são de Deus (cf. CIC, §2222), já que só Deus pode dar de fato a vida. Nós somos seus cooperadores nesta tarefa sublime, mas sabemos que só Ele pode nos “tirar do nada” e chamar para participar, como disse Paulo VI, do “banquete da vida”.
O Salmista canta com toda inspiração: “Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou; Ele é o nosso Deus, nós somos o povo de que Ele é o pastor, as ovelhas que as suas mãos conduzem.” (Sl 94,6-7). “Sabei que o Senhor é Deus: Ele nos fez e a Ele pertencemos.” (Sl 99,3). “Fostes Vós que plasmastes as entranhas do meu corpo, Vós me tecestes no seio de minha mãe. Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso.” (Sl 138,13s). “Tuas mãos me formaram e me modelaram (…).” (Jó 10,8).
Portanto, os nossos filhos são, antes de tudo, filhos de Deus. Os pais são cooperadores de Deus na maior de todas as missões, gerar os filhos de Deus, à sua imagem e semelhança. Nada pode se igualar à sublimidade desta obra. Se é importante e digno produzir os bens que utilizamos: casas, roupas, móveis, alimentos, etc, quanto mais digno e nobre não é dar a vida a novos seres? Uma só vida humana vale mais do que todo o universo material, pois nada disso tem uma alma imortal, imagem e semelhança do próprio Deus, dotada de inteligência, liberdade, vontade, consciência e capacidade de amar, sonhar, sorrir, chorar, cantar e rezar.
Infelizmente o valor da vida humana parece ter baixado a um nível inimaginável. Mata-se em nossas ruas com a mesma frieza com que se abatem os animais nos matadouros. Mata-se por um punhado de dinheiro, por um relógio, um tênis ou uma bicicleta… Aquele que não conhece o valor da sua vida, também não dá valor à vida dos outros; e a elimina por qualquer ninharia.
Nunca vi alguém matar um animal em nossas ruas; no entanto, temos visto homens matar homens, e muitas vezes sob as câmeras da TV. A que ponto desceu o valor da vida humana!
Por outro lado, vemos hoje, crescer até o incentivo ao suicídio, à eutanásia, e ao aborto. É a “cultura da morte” que tende a substituir a “cultura da vida”, como tantas vezes disse o Papa João Paulo II. Diante desse quadro triste, cresce ainda mais a importância da família e dos pais.
É impressionante notar como Deus exalta a figura dos pais, em face da sua missão importantíssima de gerar e educar os filhos.
O destaque aos pais começa pelo fato de um dos Mandamentos, o quarto, ser dedicado a eles: “Honrar pai e mãe”. São Paulo nota que “este é o primeiro mandamento que vem acompanhado de uma promessa: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a terra” (Dt 5,16; Ef 6,2).
É significativo notar que este é o primeiro mandamento que Deus deu a Israel, após os três que se referem ao relacionamentrelacionamento do homem com Deus: “Shemà, Izrael (…)”, “Escuta, ó Israel! (…)”. “Honra teu pai e tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor, teu Deus, te dará.” (Ex 20,12).
Fazendo eco a essas palavras o Papa João Paulo II, diz na Carta às Famílias: “Honra o teu pai e a tua mãe”, porque eles são para ti, em determinado sentido, os representantes do Senhor, aqueles que te deram a vida, que te introduziram na existência: numa estirpe, numa nação, numa cultura. Depois de Deus são eles os teus primeiros benfeitores. Se Deus só é bom, antes, é o próprio Bem, os pais participam de modo singular desta bondade suprema. E por isso: honra os teus pais! Há aqui uma certa analogia com o culto devido a Deus.” (CF,15).
Honrar quer dizer reconhecer a dignidade do pai e da mãe, e desinteressadamente amá-los.
Prof. Felipe Aquino