Os santos dizem que depois da santa Missa, a melhor prática espiritual é a meditação da Paixão de Cristo. Então, vamos meditar um pouco neste mistério de dor e de salvação. As ações de Cristo são “teândricas”, isto é, humanas, mas também divinas, e o tempo não as destrói; por isso, hoje, podemos contemplar de maneira atualizada a Sua dolorosa Paixão e beber a Redenção na sua fonte. Essa é uma meditação que eu procuro fazer sempre depois que rezo o Terço da Misericórdia, como Jesus pediu.
“Compadeço-me, Senhor Jesus, da agonia mortal que o Senhor no Horto das Oliveiras naquela noite da quinta feira santa. Sua alma “estava triste até a morte”, e o Senhor pediu aos discípulos que velassem com o Senhor, ao menos uma hora, mas eles estavam com sono e dormiram. Mesmo neste momento de angústia mortal o Senhor os educa: “Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é fraca”. Uma lição extraordinária para vencer a tentação e o pecado. Por essa angústia mortal Senhor, socorre-nos em todas as nossas angústias, tristezas, depressões, lutas, tentações e aflições.
Compadeço-me, Senhor, da consolação do vosso Anjo da Guarda neste momento de agonia mortal em que o sangue vasava pelos vasos capilares subcutâneas e jorravam por sua pele misturado com o suor gelado. Que este Sangue bendito Senhor caia sobre os nossos corpos e nossas almas e livre-nos de todo o mal.
Compadeço-me, Senhor da chegada de Judas com os soldados, armados até os dentes, para prender o Cordeiro manso de Deus. Compadeço-me pelo beijo traiçoeiro de Judas. Como doeu no Teu sagrado Coração Jesus! Aquele que o Senhor escolheu, educou, amou… levantou o calcanhar contra Vós, como tinha anunciado o profeta. Por essa traição Senhor, perdoa-nos todas as nossas traições, nossos pecados, infidelidades e ingratidões para com o Senhor.
Compadeço-me, Senhor, da Vossa prisão no Horto, e todos os mal tratos que o Senhor sofreu nas mãos dos soldados ali no Horto, nos caminhos, na casa de Anás, Caifás, Herodes, Pilatos, e na fortaleza Antônia onde os soldados o maltrataram. Por todos esses mal tratos Senhor, perdoai as nossas ofensas, de ontem e de hoje, e concede-nos a graça de Vos amar e servir com amor puro e reta intenção.
Compadeço-me, Senhor, da brutal e sanguinária flagelação na coluna, com chicotes de três cordas, com pedacinhos de ossos nas pontas para rasgar as Vossas carnes, que ficaram expostas. Que dor, Senhor! Rasgaram o Vosso Corpo sagrado de alto a baixo, sem dó nem piedade. Todo o inferno se reuniu ali para destrui-lo. E o Senhor não abriu a boca para reclamar… Oh, Senhor, concede-nos essa força no sofrimento! Ajuda-nos a sofrer com fé e esperança, sabendo que nada se perde de toda dor unida à Sua dor.
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Compadeço-me, Senhor, da sangrenta, dolorosa e humilhante coroação de espinhos. Dezenas de espinhos pontiagudos penetraram em Vossa Cabeça divina, arrancando sangue e dores lancinantes. Um Rei coroado de espinhos. Um Deus massacrado por nossos pecados. Um Deus zombado, cuspido, em cuja cabeça bateram com uma cana fazendo penetrar profundamente dos espinhos. Por essa coroação cruel, Senhor, perdoa os nossos pecados de soberba, inveja, maledicência, arrogância, prepotência, ira, orgulho e vaidade. E cura-nos Senhor de todas as nossas maldades espirituais.
Compadeço-me, Senhor, da condenação a morte por Pilatos, num julgamento covarde e iníquo. Obrigado por ter-lhe deixado claro que Vosso Reino não é deste mundo, mas que o Senhor é Rei de verdade! Por essa injustiça Senhor, concede-nos a graça da verdade, da justiça e da fidelidade a Vós em toda a nossa vida.
Compadeço-me, Senhor, da cruz pesada colocada sobre teus ombros já flagelados, levando-a pelo caminho do Calvário, completamente sem forças. Por esse mistério da iniquidade, Senhor, concede-nos a graça e a bênção de poder renunciar a nós mesmos, tomar a nossa cruz a cada dia e seguir atrás do Senhor (Lc 9,23). Sei que o Senhor transformou o sofrimento em matéria prima de nossa salvação, para lhe dar um sentido. Dá-nos a graça de unir todas as nossas dores às Vossas e assim diviniza-las.
Compadeço-me, Senhor, do encontro doloroso com Nossa Senhora das Dores. De fato, as sete Espadas de dor transpassaram o Seu materno coração. Por essas dores indizíveis, concede-nos a graça de Tê-la ao nosso lado em nossas lutas, aflições e sofrimentos, amparando-nos com sua materna presença e intercessão. Que Ela enxugue nossas lágrimas, segure nossas mãos e nos ajuda a caminhar até o fim. Que Ela nos ajude a como o Senhor, dizer “consumatum est!”. Tudo está consumado Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito.
Compadeço-me Senhor da ajuda de Simão Cireneu, diante de Tua fraqueza absoluta em carregar a cruz até o Calvário. Por esse mistério Senhor, em que até o Senhor quis ser ajudado, nós também sejamos socorridos por um Cireneu quando não pudermos mais seguir com a cruz de cada dia. E que nós também, Senhor, tenhamos a sensibilidade e o amor de sermos Cireneus para nossos irmãos que sofrem a nosso lado.
Compadeço-me, Senhor, das santas mulheres de Jerusalém que te consolaram e que foram consoladas pelo Senhor. Certamente entre elas estavam Maria Sua Mãe, Maria de Cléofas, Maria Madalena, Salomé, e outras. Mesmo esmagado pelas dores, pela flagelação, pela coroa de espinhos, e pelo lenho da cruz nas costas, o Senhor ainda consolava, não aceitava a auto piedade que tanto nos atinge. Oh, Senhor, por esse mistério de amor, concede-nos a graça de consolar os outros que sofrem e que passam em nosso caminho, mesmo que a dor nos esmague.
Compadeço-me, Senhor, do gesto delicado e generoso de Verônica ao enxugar Teu divino rosto humano ensanguentado. Quisestes que a Tua face Sagrada ficasse gravada no seu lenço. Que esta mesma Face Senhor resplandeça sobre nós, ilumine nosso caminho, fortaleça nossos pés em nossa caminhada para Vós. Que Teu Rosto sagrado, Senhor, fique marcado em nossa alma toda vez que socorrermos ao Senhor mesmo que sofre em cada criatura. “Tudo o que fizerdes ao menos desses pequeninos é a Mim que o fazeis”.
Compadeço-me, Senhor, da Tua chegada ao Calvário. Brutalmente os soldados arrancaram suas vestes e o crucificaram: pregaram suas mãos e seus pés, e o levantaram no madeiro, pendurado por três pregos, em agonia asfixiante, por três horas, até a morte. Algo indizível, inenarrável, inefável, sofrimento igual nunca houve na face da terra. É o preço terrível de nossos pecados! Como eles Te massacraram Senhor! Ajuda-nos e a ter aversão a eles, a renunciá-los completamente; lavá-los no Teu Sangue preciosíssimo.
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Compadeço-me, Senhor, das 7 Palavras que o Senhor pronunciou na Cruz, Seu Testamento final. “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Compadeço, Senhor, desse abandono Terrível que experimentou no lugar de todos nós pecadores rompidos com Deus. “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!”. Que misericórdia para com seus algozes! Por esse perdão o Centurião o reconheceu como verdadeiro “Filho de Deus”, na cruz. O perdão amolece o coração do pecador. “Ainda hoje estará comigo no Paraíso!”. Que alegria a do bom ladrão, que soube roubar o céu na hora da dor, e reconhecer a Tua divindade. Que graça é esta Senhor que ele mereceu? Certamente o Seu perdão! “Mulher, eis ai o Teu filho; filho, eis ai a Tua mãe”. Obrigado, Senhor, porque depois de nos ter dado tudo, nos deu o que ainda lhe restava aos pés da Cruz, Vossa Mãe santíssima, para ser minha Mãe. Mãe e guia espiritual para me mostrar o caminho do Céu. Mãe da Igreja! “Tenho sede!” Sei que essa sede é sede de almas, Senhor, pois não quisestes beber aquele vinagre que entorpece. Sei que a maior alegria que podemos te dar é trabalhar para salvar almas, cujo sangue o Senhor derramou com esta finalidade. Sei que o Pai não quer que o Senhor perca nenhum daqueles que Ele te deu. Nem a centésima ovelha pode ser abandonada. Da-nos a graça, Senhor, de na força do Teu Espírito, buscarmos cada ovelha tresmalhada do Teu Rebanho. “Tudo está consumado!” Toda a obra foi cumprida! O cálice foi sorvido até a última gota. A vontade do Pai foi perfeitamente cumprida, Adão foi resgatado e com ele toda a humanidade. Descanse em Paz, Senhor. “Pai, nas Tuas mãos entrego meu espírito!” Pela contemplação de todos esses mistérios, Senhor, possamos também nós, cumprirmos a nossa missão até o fim segundo a Tua santa vontade. Tem misericórdia de nós, Senhor!
Compadeço-me do Teu corpo sagrado descido nos braços de Nossa Senhora das Dores; que sofrimento, que Espada de dor. Mas esta Mulher estava aos pés de Tua cruz, oferecendo-o por nós, “Stabat!” (De pé!), sem desmoronar! Na fé suportou o peso da cruz e a penetração da Espada da Dor. Ela é a grande Mulher, que atravessou do Gênesis ao Apocalipse.
Compadeço, por fim, Senhor, do Teu corpo sagrado, que não pode nem mesmo ser velado por Tua Mãe, colocado no sepulcro novo de José de Arimateia. Descanse em Paz divino Redentor! Desce com Tua alma à mansão dos mortos e vai levar a salvação aos justos que viveram antes de Vós. E Ressuscite triunfante, vencendo a morte, o pecado, o inferno e a dor.
Prof. Felipe Aquino