Em três pontos, podemos tirar muitas lições deste acontecimento para a nossa vida espiritual…
Terno e deliciado é este mistério da vida da Santíssima Virgem, como sumamente prático pelos grandes ensinamentos que encerra para as nossas almas.
1. Prontidão em seguir a vocação de Deus
Eis um dos mais admiráveis ensinamentos desta passagem da vida da Santíssima Virgem. – Contempla a Virgem Santíssima, criancinha, na idade de três anos, a desprender-se dos braços de seus pais, a subir correndo os degraus do Templo, sem voltar sequer a vista para trás e a oferecer-se ao serviço de Deus no Santuário. – Que cena encantadora! Aos três anos! – aprofunda bem isto… Que pressa tem a SS. Virgem em se consagrar ao Senhor! Por um milagre excepcional, Maria nessa idade, tinha todo o uso da razão, e com essa razão, deliberadamente, dando-se conta do que fazia, aos três anos! Vai ao Templo. – Não tinha perigos em casa, que era mansão dos santos. – Não atende à sua tenra idade em que são ainda tão necessários os cuidados de um pai e sobretudo de uma mãe. – Não pensa na dor que vai causar a seus pais… nem a preocupa o novo gênero de vida que desconhece. – Tudo isso são razões de prudência humana… Ela ouviu a voz de Deus e imediatamente corre a segui-la, quanto antes melhor! – Tudo lhe parece demasiado tarde e por isso, sobe correndo os degraus do santuário. Que lição de fervor nos dá esta menina!
Compara-te com Ela e vê se assim serves tu o Senhor. Que fazes com as inspirações e chamamentos de Deus?… Segues com prontidão esses caminhos amorosos?… Lanças-te assim às cegas, sem pensar em nada, confiadamente, sem preocupar-te com nada… como Maria nos braços do Senhor e deixando a Ele o cuidado de todas as coisas? – Quando chegaremos a este desprendimento de tudo… até de nós mesmos… do nosso modo de ver as coisas… do nosso próprio parecer… para proceder só com Deus quer!…
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21/11 – Apresentação de Nossa Senhora no Templo
2. A consagração de Maria
Penetra no Templo, oferece-se ao Senhor e a ele se consagra para ser toda sua, e para sempre. –Como faria Santíssima Virgem esta consagração e como se agradaria d’Ela o Senhor! – Recorda as vezes que tu também tens dito alguma coisa de semelhante a Deus… Quantas vezes se tens consagrado a Ele!… e também lhe dizes que querias que a tua alma fosse toda sua e para sempre. – Porém, que diferença entre as tuas palavras e as de Maria! – As tuas terão causado ao Senhor mais de uma vez grande pena, ao ver quão mal cumpririas o teu oferecimento. – Ao contrário, que honra para Deus não derivaria deste oferecimento tão perfeito como foi o da Santíssima Virgem – toda e perpétuo!
Considera como encanta a Maria este pensamento: ser de Deus!… Já era desde o primeiro instante da sua conceição… Nunca deixou, nem havia jamais de deixar de o ser… bem o sabia Ela, pois não ignorava a graça que tinha recebido do Senhor… e não obstante, ainda quer, se é possível, ter mais união com Deus…, ser mais de Deus. – Que exemplo para ti! – Tu que tens mais necessidade do que Ela desta união (porque tens mais miséria) quão pouco a estimas! Quão pouco a procuras praticamente! Quão pouco trabalhas por adquiri-la!
Ser de Deus! Seja este o teu único pensamento, o teu único anelo. Pede-lhe hoje, deste modo a Maria.
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3. A vida de fervor
Daqui deduzirás que o Senhor não se contenta com que o sirvas de qualquer modo, senão como a SS. Virgem, com fervor; – ao fervor opõe-se a tibieza, que é o estado em que insensivelmente se cai, quando se não fazem esforços na vida espiritual. -Com fazer as coisas só rotineiramente, sem espírito de abnegação, de vencimento, etc…, do descuido, do tédio passaremos facilmente para a tibieza.– Estás perto deste estado?… Vigias bem o teu procedimento para te encontrares longe dele?
Considera bem o exemplo de Maria. Em tudo parece proceder sob a impressão desse temor. – Como se houvesse para Ela perigo, procede com energia, com decisão, com prontidão, com fervor. – Se Ela pois sem ter nenhum perigo, assim procedeu, qual deve ser o nosso procedimento? – Não é tempo de dormir. – Basta de tantas graças de Deus perdidas como se perdem e inutilizam pela maldita tibieza.
Guerra pois à tibieza, à frouxidão, à rotina para que chegue deveras a tua alma a ser toda de Deus à imitação da tua querida Mãe.
Retirado do livro: “Pontos de Meditação Sobre a Vida e Virtude de Nossa Senhora”. Dr. D. Ildefonso Rodriguez Villar. Livraria Figueirinhas.