Neste dia dos namorados, gostaríamos de compartilhar com você uma história de amor muito especial: o namoro do Prof. Felipe e Maria Zila
Casamento é o namoro que deu certo!
Quando parti para a Academia, em 1968 com dezoito anos, que conheci a Maria Zila, em Lorena; ela também tinha dezoito anos. Na verdade, eu comecei um namorico, que não foi para frente, com uma amiga dela. Não me queria. Mas a amiga Maria Zila me queria. Começamos a conversar durante as férias que passei em Lorena. Ficamos amigos, mas logo eu fui percebendo que ela gostava de mim e eu dela. Nos encontrávamos à noite na praça principal da cidade, pois lá era o lugar dos namorados.
Era o mês de dezembro, dia 21, e houve um baile bonito, de formatura do curso ginasial da irmã dela, Maria Inês; fomos ao baile. Tocava um belo conjunto musical, o “La Fayete”, que eu gostava muito. Então, a Maria Zila estava lá, muito bonita, um vestido branco lindo, o cabelo negro bem penteado; e sorria com uma beleza ímpar, que me dominou. Foi como disse o profeta Jeremias: “Tu me seduziste, e eu me deixei seduzir” (Jer 20,8). Eu entendia muito pouco de mulheres; ela me fascinou.
Eu a tirei para dançar; ela dançava bem, as músicas eram românticas e lentas como naqueles tempos, hoje não existe mais isso. Era tudo o que faltava para começar o namoro. Quando a música parou, eu continuei segurando na mão dela, e não soltei, até nos sentarmos. Ela me perguntou: “O que é isso?”. Eu respondi: “Quero te namorar, você aceita?”. Ela apenas balançou a cabeça aprovando. Dançamos a noite inteira. Foi o baile mais lindo que já fui; depois houve muitos outros onde então eu só dançava com ela. É por isso que eu sempre digo aos jovens que “o casamento é um namoro que deu certo”. É aí que tudo começa; se começar mal, o alicerce da família fica comprometido e a casa pode ruir mais tarde.
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Na noite do dia seguinte fui a casa dela para conversar; saímos juntos para a Praça; e ela contou-me que chegou do baile na noite anterior, trocou de roupa e foi ajudar o pai, que tinha um açougue. Passou a noite toda com os irmãos preparando carnes para a venda do Natal. Achei aquilo um tanto estranho, mas ao mesmo tempo fiquei admirado dela ter me contado com tanta naturalidade, algo para mim inusitado… uma jovem num açougue! Era uma família de seis filhos, o pai doente lutava com muita dificuldade. Mas logo pude ver que era uma família honrada. A mãe, D. Nedy, uma mulher muito religiosa, e o pai não viveu muito, faleceu cedo, aos 57 anos com uma bronquite muito forte. Estávamos noivos quando ele morreu.
Logo no começo do namoro ela me contava coisas impressionantes. Dizia-me que seu pai criava alguns porcos para o açougue, num sitio perto da casa deles; e contava-me que diariamente ela ia lá tratar dos porcos, levando a lavagem na bicicleta, sendo ainda pequena. Fazia isso para ajudar o pai doente. Eu ficava assustado com aquelas histórias que ela narrava-me, e me perguntava se era mesmo com ela que eu devia namorar. Mas, por outro lado, aquilo despertava em mim uma certa admiração que me atraia mais para ela. Era espontânea, corajosa, não tinha vergonha de sua realidade pobre; chocava-me e me atraia. Eu sentia o seu valor.
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O tempo de nosso namoro e noivado foi de quatro anos. Foi durante o tempo que eu estava na Academia Militar. Mas como agora eu estava em Resende, mais perto de Lorena, eu podia vir para casa todo final de semana e isso foi muito bom para o nosso relacionamento. O final de semana parece que voava; eu ficava com ela quase o tempo todo. Quando se ama de verdade uma pessoa, e se está apaixonado por ela, nada mais interessa, a não ser ela. O amor exige a comunhão. É o coração, que tem razões que a própria razão desconhece. A Zila me conquistou, seu jeito sempre alegre, espontâneo, resolvida, lúcida, religiosa, preenchia algo que faltava dentro de mim.
Mas tinha uma coisa nela que me preocupava, não gostava de estudar, e eu gostava demais. Ela já tinha sido reprovada dois anos seguidos na sétima série, e estava naquele dezembro com três “exames de segunda época” (recuperação em matemática, português e história). Embora eu estivesse caído por ela, a fiz entender com jeito, que se ela não estudasse o nosso relacionamento poderia ficar prejudicado. Ofereci-me para dar aulas particulares a ela, em português e matemática, pois estava de férias, e ela estudaria história sozinha nos livros. Aceitou de imediato. As aulas eram um misto de namoro e de aula, mas ela aprendia. Resumindo: passou nas três disciplinas e foi para a oitava série. E nesta série não brincou mais, foi aprovada no final do ano e recebeu o diploma do curso ginasial. Houve outro baile bonito como aquele do início do namoro. Tenho uma foto desse baile.
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Com isso nós já tínhamos um ano de namoro, e eu continuava na Academia, agora indo para o segundo ano. Ela, para ajudar nas despesas da família começou a trabalhar como secretária no Colégio São Joaquim. Aquilo que duas pessoas que se amam mais querem é estar juntas o tempo todo. A separação é um sofrimento. Quando eu não podia vir para Lorena nos finais de semana, por algum motivo, ela ia me visitar na Academia. Ali, nos finais de semana passavam bons filmes no cinema da AMAN para quem não viajava. Lembro-me que num desses finais de semana assistimos um filme que a Zila gostou demais: “Ao mestre com carinho”, com Sidney Poitier. Realmente um grande filme sobre um grande professor, que sabia conquistar seus alunos. O filme mexeu comigo. Sinto que não foi à toa; nada acontece na vida da gente sem que Deus saiba. É pelos acontecimentos que Ele nos guia. Temos de ficar muito atentos a isso todo o tempo. Não podemos perder os sinais de Deus para nós no dia a dia.
Gostou dessa história? Quer saber ainda mais?
Você pode encontrá-la no livro: Foram 40 anos
Prof. Felipe Aquino