Conheça um relato de São Justino, escrito no primeiro século, sobre como eram celebradas as primeiras Missas.
Antes de ler o relato da Santa Missa, é interessante saber um pouco da vida de quem o escreveu:
Quem foi São Justino?
Justino nasceu na Palestina, na cidade de Siquém, em uma família que não conheceu Jesus. Ele buscou com empenho, em toda sua vida, alcançar a verdade. Ele tinha essa sede e, providencialmente, pôs em sua vida um ancião que se aproximou dele para falar sobre a filosofia. E ele apresentou o ‘algo mais’ que faltava a Justino. Falou dos profetas, da fé, da verdade, do mistério de Deus e lhe apresentou Jesus Cristo.
Justino se tornou um grande filósofo cristão, sacerdote, um homem que buscou corresponder, diariamente, à sua fé. Depois dos padres apostólicos, ele foi intitulado como o primeiro padre santo. A Sagrada Tradição foi muito testemunhada nos escritos deste santo.
Por inveja e por não aceitar a verdade, um filósofo denunciou São Justino, que foi julgado injustamente, flagelado e, por não renunciar a Jesus Cristo, foi decapitado.
Leia também:
A Missa na História do Mundo
Onde eram celebradas as missas nos primeiros séculos?
Como era a Eucaristia no começo da Igreja?
A Missa: parte por parte
A Missa na Bíblia
A celebração da Eucaristia
A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser aquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou.
Não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso Salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de graças, com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.
Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, transmitiram-nos a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: “Fazei isto em memória de mim. Isto é o meu corpo” (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: “Este é o meu sangue” (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar essas coisas entre nós. Como que possuímos, socorremos a todos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.
No chamado dia do sol, reúnem-se, em um mesmo lugar, todos os que moram nas cidades ou nos campos. Leem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite.
Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.
Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água. Então, o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos.
Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.
Reunimo-nos todos no dia do sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque, neste mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do sol, aparecendo aos Seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.
Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir (Séc.I)
(Cap.66-67: PG 6,427-431)