Bispos da Espanha condenam obra do teólogo José María Vigil

A Conferência Episcopal Espanhola (CEE) publicou uma nota em que adverte a “gravidade dos enganos” contidos no livro “Teologia do pluralismo religioso. Curso sistemático de Teologia Popular” do teólogo claretiano Pe. José María Vigil que a tornam “um instrumento especialmente daninho para a fé dos mais simples”.(acidigital.com – 04 jan 2008)

Trata-se de mais uma obra baseada na teologia da libertação (TL) de cunho marxista,  e que não se coaduna com a fé da Igreja Católica; e que por isso é condenada pelos bispos da Espanha, antes mesmo da Santa Sé. Sem dúvida o Vaticano deverá se pronunciar da mesma forma no sentido de proteger o Rebanho de Cristo contra os insistentes erros dos teólogos ligados à TL.

É lamentável que esses teólogos, recalcitrantes em seus erros, continuem insistindo numa linha teológica condenada pelo Vaticano e pela maioria dos Bispos. Há poucos meses a Santa Sé condenou uma obra similar do padre Jon Sobrino, também espanhol.

A gravidade dos erros da chamada “teologia popular” é que ela inverte a ordem de valores que fundamentam e sustentam a Igreja: coloca o poder sagrado nas mãos do povo e não da hierarquia, do Papa e dos bispos como Cristo instituiu. Com base nisso, esta teologia desviada da verdade evangélica, revira a fé católica no avesso;  pretende que o povo possa assumir o poder na Igreja, inclusive o de indicar sacerdotes e bispos, independente da Hierarquia. Cria um novo cristianismo que já não é o de Jesus Cristo. É por isso que a  “Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé” da “Conferência Episcopal da Espanha” diz na nota sobre a obra condenada do padre José Vigil, que ao recorrer ao que seu autor denomina “metodologia latino-americana”, cai em “incorretos presupostos metodológicos” que “levam a afirmações incompatíveis com a fé da Igreja Católica” que têm como fundo “a negação da verdade sobre Cristo, o Filho de Deus encarnado, e da originalidade do cristianismo”.         Diz ainda a nota dos Bispos que a “gravidade destes enganos”, além das “valorações históricas injustificadas e marcadas por uma ideologia dialética” que oferece o sacerdote no livro de caráter divulgativo –está concebido “para ser utilizado como manual de estudo em grupos de formação cristã”– , “fazem desta obra um instrumento especialmente daninho para a fé dos mais simples“,  que com o comunicado procura “fortalecer a vida dos fiéis na confissão jubilosa e humilde de Jesus Cristo, e rechaçar o que a danifica“.  A Igreja não é uma democracia comum e nunca será; isto é, o seu poder não vem do povo, mas de Deus, do alto, não de baixo, de Cristo que instituiu a Sua Igreja (Mt 16, 18) e lhe deu regras claras de funcionamento até que ele volte na Parusia. O nosso Catecismo diz:

§816 – “A única Igreja de Cristo,… é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la… Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste (“subsistit in”) na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele” (LG 8).

§874 – “O próprio Cristo é a fonte do ministério na Igreja. Instituiu-a, deu-lhe autoridade e missão, orientação e finalidade: Para apascentar e aumentar sempre o Povo de Deus, Cristo Senhor instituiu em sua Igreja uma variedade de ministérios que tendem ao bem de todo Corpo. Pois os ministros que são revestidos do sagrado poder servem a seus irmãos para que todos os que formam o Povo de Deus… cheguem à salvação (LG 18)”.

§875 – “Ninguém, nenhum indivíduo, nenhuma comunidade pode anunciar a si mesmo o Evangelho. “A fé vem da pregação” (Rm. 10,17). Ninguém pode dar a si mesmo o mandato e a missão de anunciar o Evangelho. O enviado do Senhor fala e age não por autoridade própria, mas em virtude da autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas falando a ela em nome de Cristo. Ninguém pode conferir a si mesmo a graça; ela precisa ser dada e oferecida. Isto supõe ministros da graça autorizados e habilitados da parte de Cristo. Dele, os bispos e os presbíteros recebem a missão e a faculdade (o “poder sagrado”) de agir “na pessoa de Cristo-Cabeça”, os diáconos, a força de servir o Povo de Deus na “diaconia” da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e seu presbitério. A tradição da Igreja chama de “sacramento” este ministério, pelo qual os enviados de Cristo fazem e dão, por dom de Deus, o que não podem fazer nem dar por si mesmos. O ministério da Igreja é conferido por um sacramento específico”.

Uma igreja dirigida pelo “povo” e não pela Hierarquia querida por Cristo, já não seria mais a Igreja de Cristo; e toda a salvação da humanidade estaria em risco; por isso os bispos da Espanha já deram o alerta. É a missão sagrada deles, como São Paulo lhes disse: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos.” (At 20,28-29)

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino