O Papa Bento XVI não realizará sua visita programada para 17 de janeiro à Universidade pública de Roma «La Sapienza», por causa dos protestos de um grupo de professores e estudantes, que, entre outras coisas, ocuparam a Reitoria. O Papa foi convidado pelo Reitor para visitar a universidade. Mas o Santo Padre enviará o discurso que havia preparado.
O professor Renato Guarini, reitor da universidade que tem o maior número de alunos da Europa, esperava o Papa como «mensageiro da paz», como ele disse, para viver «um momento de alta cultura» e de «intercâmbio fecundo de idéias para toda a comunidade universitária». Afinal de contas o Papa sempre foi um grande professor universitário, catedrático reconhecido no mundo todo.
No entanto, um grupo de professores e estudantes “fecharam as portas da Universidade para o Papa”, o que é algo triste e discriminatório.
Será que esses professores e universitários não sabem ou se esqueceram que a Universidade de Roma,
La Sapienza, foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o nome de “Studium Urbis”?
O triste episódio dos estudantes e professores romanos pode ser comparado com as ameaças do «número dois» da rede terrorista Al Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, que recentemente ameaçou o Papa Bento XVI por causa de seu diálogo com os muçulmanos; também por causa da recente e histórica visita ao Papa do rei Abdullah bin Abdul Aziz al Saud, da Arábia Saudita, considerando-a uma ofensa ao Islã e aos muçulmanos.
Neste mesmo nível de discriminação se colocam os professores e estudantes da Universidade “La Sapienza”, tanto assim que estão sendo numerosos os apoios recebidos pelo Papa.
Os universitários italianos lotaram a Cidade do Vaticano na quarta-feira numa manifestação de apoio ao Papa. Quando o Papa entrou no salão da audiência, Paulo VI, eles gritaram “Liberdade!” “Se o papa não vai a La Sapienza, La Sapienza vai ao papa”, dizia um cartaz. Foi o protesto dos estudantes que apóiam o Papa.
Os italianos condenaram os protestos, afirmando que eles remetiam à censura. Políticos e educadores usaram palavras como “vergonha” e “humilhação” para descrever o sentimento nacional em relação à manifestação, diz a fonte Reuters. Na verdade foi um ato de intransigência, falta de preparo para o diálogo, falta de educação e de respeito com o Papa, que além de Chefe da Igreja Católica, é também um Chefe de Estado.
Que universitários são esses que têm medo de um homem de oitenta anos, desarmado, vestido com a túnica branca da paz, e que vem em nome de Deus?
O cardeal Camillo Ruini, vigário de Roma, convidou os moradores da cidade a demonstrar seu apoio ao papa participando da oração de domingo na praça São Pedro. Segundo ele, os “tristes episódios” que obrigaram o pontífice a cancelar o discurso foram “um golpe doloroso para toda a cidade”. Sem dúvida foi uma vergonha para Roma.
O jornal “Corriere della Será” publicou um editorial na primeira página intitulado “Uma derrota para o país”, criticando os protestos, e o “La Repubblica” chamou a manifestação de “doentia”. O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, escreveu ao papa condenando as “demonstrações de intolerância”. O rabino-chefe de Roma condenou a atitude dos professores e alunos; e até o Nobel de Literatura Dario Fo, que costuma criticar a Igreja condenou os protestos contra a ida do Papa à Universidade.
Será que esses professores e estudantes, que não sabem conviver com a liberdade de expressão religiosa, não sabem também que foi a Igreja que fundou as primeiras universidades no mundo: Bolonha, Oxford, Cambrige, Sorbone, Salamanca, Coimbra, La Sapienza, Roma…
Por volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, surgiu pelas mãos da Igreja o ensino superior no mundo, as Universidades; o orgulho da Idade Média cristã, irmãs das belas e majestosas Catedrais. Logo receberam o apoio das autoridades da Igreja e dos Papas. “A Igreja passou a ser a matriz de onde surgiu a Universidade” (Daniel Rops vol. III, pág. 345). Fundando as primeiras universidades, a Igreja Católica lançou a base do grande avanço cultural da Europa.
O documento mais antigo que contém a palavra “Universitas” utilizada para um centro de estudo é uma Carta do Papa Inocêncio III ao “Estúdio Geral de Paris”.
Até 1440 foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Todas fundadas pela Igreja. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). O Papa Clemente V (1305-1314) no Concílio universal de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em breve foi feito também em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.
No entanto, hoje, o Papa é proibido de entrar na Universidade de Roma, que a Igreja fundou! Roma está envergonhada desses maus filhos.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br