Coordenadora de Pastoral da Igreja defende o aborto

De maneira incompreensível estão surgindo dentro da Igreja vozes que se levantam em defesa do aborto, exatamente no momento em que a Campanha da Fraternidade nos pede  “escolher a vida” e não a morte. Não dá para entender. 

O texto-base da Campanha, cujo lema é “Escolhe, pois, a Vida”,  condena a interrupção provocada da gravidez, mesmo nos casos permitidos pela lei, como no caso de estupro ou má formação genética da criança, pois quem deve ser punido é o estuprador e não o feto inocente. 

O primeiro fato lamentável é que uma entrevista de uma representante do movimento “Católicas pelo Direito de Decidir”, abortista, Dulce Xavier, foi colocado no DVD feito pela Verbo Filmes, dos padres Verbitas, com a logomarca da CNBB, e depois foi retirado por ordem do secretário-geral da CNBB, o sr. bispo D. Lara, após ser alertado por muitos leigos atuantes na Igreja, graças a Deus. Não fosse a ação de muitos leigos, talvez tudo tivesse passado em branco. 

Agora, uma outra noticia muito triste nos dá a conhecer, pelo Jornal “O Estado de São Paulo”, que Bernadete Aparecida Ferreira, coordenadora da “Pastoral da Mulher Marginalizada” (PMM), que trabalha com prostitutas, escreveu e distribuiu um Depoimento em defesa da descriminação do aborto. A PMM está subordinada à “Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz”. 

Bernadete, que trabalha com prostitutas, argumenta que “mulheres que se prostituem de vez em quando precisam fazer aborto, a despeito dos inúmeros métodos contraceptivos que poderiam escolher” e que “a criminalização do aborto não diminui a sua prática”. Ela diz agir como humanista e cristã, em defesa de mulheres que fazem aborto “em situações difíceis e clandestinas”. 

Ora, a sua defesa do aborto é enfática, basta que a prostituta de alguma forma fique grávida. Mas o correto não é oferecer à prostituta o aborto como solução de seu “problema”; o que se deve fazer é lutar para tirar a prostituta da prostituição e devolver-lhe a dignidade da mulher. 

Incompreensivelmente a sra. Bernadete se defende: “A maior motivação para escrever esse documento é o fato de ter convivido com grande quantidade de mulheres que, na prostituição, precisaram fazer aborto, um, dois, três e até mais de 20 abortos cada uma”, diz Bernadete.”        

Esta mentalidade oposta ao Evangelho e a tudo que ensina o Magistério da Igreja, é a velha tentação de “fazer a caridade, mas fora da Verdade” de Cristo e da Igreja. Mas, sem verdade a caridade é falsa, e a salvação é impossível. “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). 

O sr. Bispo D. Pedro Luiz Stringhini, disse que: “É provável que haja mais manifestações desse tipo, de pessoas ligadas a nós, como já ocorreu numa palestra do Núcleo Fé e Cultura, da PUC de São Paulo”. 

Por outro lado, D. Demétrio Valentini, bispo responsável pela PMM, de maneira muito estranha, considerou “proveitosa a reflexão de Bernadete, contanto que a Igreja mantenha a coerência”. “Posições radicais e fechadas em torno de temas como o aborto correm o risco de comprometer a Campanha da Fraternidade, a ser lançada na próxima quarta-feira”. 

D. Demétrio, que é contra o aborto e contra a descriminação, diz que “é válido o depoimento de Bernadete, pois é um grito que vem não do teórico mas de quem conhece e vive com as mulheres marginalizadas”.

Com todo respeito, digo que me é difícil entender essas palavras do sr. Bispo. Confesso que seria melhor uma condenação radical à posição de Bernadete Aparecida, pois a Igreja não tolera o aborto em qualquer caso.

Bernadete diz ainda que: “Nós, na PMM, decidimos lutar por melhores condições de vida para as mulheres em situação de prostituição, contra a exploração sexual de crianças e adolescentes e contra o tráfico de seres humanos”. Mas uma Pastoral da Igreja não pode oferecer o aborto para promover a mulher; e sim oferecer-lhe a graça de Jesus Cristo para que ela deixe o pecado.

Bernadete tenta se justificar, dizendo que para as prostitutas “o sexo significa, na grande maioria das vezes, a possibilidade do pão”. Antes de tomarem a decisão, “muitas lágrimas rolam e se passam muitas noites sem dormir”. Isto pode ser verdade, e acontece muitas vezes para pobres mulheres, mas cabe à Igreja não ser conivente com o seu pecado, ao contrário, retirà-la desta vida que a degrada como pessoa e como filha de Deus.

Em primeiro lugar este triste episódio mostra como estão em péssimas mãos a Coordenação da PMM. Não há como não perguntar: Será que o responsável maior pela “Pastoral da Mulher Marginalizada”, não conhecia as opiniões dessa senhora em relação ao aborto?  Como uma pessoa que defende de público o aborto pode ser nomeada para Coordenadora de uma Pastoral da Igreja? Assim não dá. 

Nós leigos, fiéis à Igreja e ao seu sagrado  Magistério, temos nos desdobrado para combater o aborto; e, no entanto, na Coordenação de uma Pastoral da Igreja, encontramos uma mulher que defende o aborto… Como fica o estímulo do leigo?  

Penso que a autoridade maior responsável pela PMM deve à toda a Igreja no Brasil  uma resposta sobre a indicação e nomeação  dessa senhora para o cargo de Coordenadora.  Parece-nos uma ofensa. 

 (Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080203/not_imp119028,0.php

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br 

   


Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino